Seis candidatos ao Senado participaram na manhã desta quarta-feira (28) de um debate promovido pelos jornais, rádios e mídias sociais do Grupo Sinos, em Novo Hamburgo. Participaram Ana Amélia Lemos (PSD), Comandante Nádia (PP), Hamilton Mourão (Republicanos), Olívio Dutra (PT), professor Nado (Avante/PDT) e Sanny Figueiredo (PSB). A candidata Maristela Zanotto (PSC) abriu mão de participar, alegando ter outros compromissos pré-agendados em outra região do estado.
O mediador do encontro foi o jornalista Cláudio Brito e a coordenação de João Carlos Ávila. O encontro teve a duração de duas horas e foi dividido em quatro blocos. O primeiro foi a partir da mesma pergunta feita para todos os candidatos.
“A eleição está acirrada, por que o senhor ou a senhora candidatou-se e se considera candidato ideal para representar o Rio Grande do Sul no Senado Federal?"
A primeira a responder por sorteio foi a candidata Comandante Nádia que apresentou seu currículo: “Tenho 54 anos, sou casada, mãe de três meninos. Fui a primeira mulher a assumir o comando de um batalhão aqui no estado, sou tenente-coronel da Brigada Militar. Fui criadora da Patrulha Maria da Penha. Venho das ruas, sei os seus problemas e como solucioná-los”.
Pela ordem do sorteio falou o professor Nado: “Considero que sou o candidato ideal porque tenho um currículo acadêmico bastante qualificado. Trabalhei no Ministério da Educação e no Ministério da Justiça.
Em seguida falou Sanny Figueiredo: “Sou candidata porque nós podemos, somos do povo e nunca tivemos cargo público, viemos de seis irmãs moradoras da vila, podemos estar concorrendo a uma cadeira no Senado e fazer um debate qualificado. Uma de nossas pautas além da rediscussão da dívida do estado é a não reeleição do mandato de senador".
O candidato do Republicanos, Hamilton Mourão, lembrou de nomes gaúchos de relevo no Senado e suas vozes: Pinheiro Machado, Paulo Brossard e Pedro Simon. “Sou um homem sem vícios e sem comprometimento no passado. Sou um gaúcho que monto a cavalo”.
Ana Amélia Lemos lembrou sua trajetória como jornalista, senadora e secretária de estado: “Sempre trabalhando a favor dos gaúchos. Estou pronta para julgar tanto uma presidente da República como ministros do Supremo”.
O ex-governador Olívio Dutra afirmou “imagino um país onde possamos conversar de política. Defendo o Estado de Direito Democrático, republicano que não é propriedade de governante nem de seus financiadores de campanha. Vou trabalhar por um Rio Grande plural e que tem uma cultura diversificada”.
A direita dividida
No segundo bloco houve pergunta entre os candidatos em ordem previamente sorteada. Comandante Nádia questionou a posição de Ana Amélia a ligando à esquerda por ter dado apoio a Manuela D’Ávila na disputa da prefeitura da Capital. Ana Amélia respondeu dizendo que a Comandante Nádia fazia um jogo sujo combinado com Hamilton Mourão para desqualificá-la. Em seguida ela perguntou ao professor Nado sobre seus projetos para o Vale dos Sinos.
Professor Nado, por sua vez, perguntou a Olívio Dutra, os dois falaram sobre o orçamento secreto e a falta de recursos desviados da saúde e da educação pelo atual governo.
Sanny Figueiredo questionou o general Mourão sobre a questão do armamento e o aumento da violência, citou ainda um atentado em uma escola na Bahia ainda nesta semana. Mourão respondeu defendendo a posse de armas pela população.
Em seguida Mourão questionou Sanny Figueiredo sobre suas propostas para a saúde e a educação. Ela respondeu anunciando investimento nos servidores públicos e questionou a lei do teto de gastos, além de prometer contingenciar o orçamento secreto. Os dois defenderam o turno integral nas escolas.
O bloco se encerrou com a Comandante Nádia falando na proteção às mulheres, porém foi questionada por Olívio Dutra sobre sua afirmação de que teria criado as patrulhas Maria da Penha.
Insinuações contra o STF
O terceiro bloco começou com Mourão perguntando a Ana Amélia sobre o STF e trouxe à tona a questão do ministro Alexandre de Moraes. Ana Amélia, respondeu se dizendo favorável a escolha técnica dos ministros do Supremo.
Na sequência Olívio Dutra abordou o tema da cultura e criticou o corte realizado pelo governo federal às leis de apoio ao setor durante a pandemia. Mourão respondeu alegando que o orçamento é limitado e criticou as administrações petistas, defendendo o governo de Jair Bolsonaro, do qual é vice-presidente.
Em seguida, Comandante Nádia perguntou a Olívio Dutra sobre a proposta de desmilitarização das polícias. Olívio defendeu a manutenção da Brigada Militar, porém admitiu que esta era uma das propostas de seus aliados e criticou a ampliação do armamento nas mãos da população civil.
O professor Nado questionou Nádia sobre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e criticou a adesão do estado ao programa. Nádia também criticou o governo do estado por ter aderido ao RRF pouco antes da eleição. Na réplica, Nado lembrou que o PP, partido de Nádia, havia aprovado a adesão.
Ana Amélia perguntou a Sanny Figueiredo sobre suas propostas para a saúde. Sanny respondeu falando da necessidade de investimentos na saúde da população negra e defendeu um SUS mais humanizado. Já Ana Amélia defendeu somente o reajuste das tabelas do SUS.
O bloco foi encerrado com Sanny perguntando ao professor Nado sobre as infraestruturas das escolas. Ele respondeu defendendo as escolas de turno integral.
Olívio pede votos para Lula e Edgar
No quarto bloco os candidatos tiveram dois minutos para as considerações finais. Olívio Dutra destacou o papel do Senado na articulação dos entes federativos e da necessidade da construção de um novo pacto. Falou sobre seus suplentes lembrando que seu mandato é coletivo e participativo e pediu votos aos candidatos petistas à Presidência da República, Lula, e ao governo do Estado, Edgar Pretto. “Eu sou candidato por um conjunto de partidos, da Frente Brasil da Esperança e temos um projeto que queremos discutir com a comunidade e em uma síntese possamos recuperar o Brasil”.
Ana Amélia aproveitou para lembrar do seu mandato como senadora, reclamar os ataques recebidos e fazer uma menção ao voto útil para o Senado.
Mourão encerrou dizendo-se candidato do presidente Bolsonaro e que ele e a comandante Nádia eram os únicos candidatos da direita nessa disputa. Criticou Olívio Dutra pelo mandato coletivo e Ana Amélia por ficar em clima do muro, não se assumindo nem como esquerda, nem como direita.
Sanny Figueiredo se despediu destacando o fato de ser a primeira candidata negra ao Senado e à necessidade de participação de pessoas da comunidade neste tipo de debate.
O professor Nado encerrou falando sobre educação e cobrou a integração dos senadores com os governos estaduais e municipais. Ainda defendeu a saída do Regime de Recuperação Fiscal e cobrou a criação de um fundo para a segurança pública cujos recursos viriam com a extinção do orçamento secreto.
A última a falar foi a comandante Nádia que aproveitou para criticar o mandato coletivo proposto pelo PT e a militância do partido e também sobre pautas de cunho moral como aborto e drogas.
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Edição: Katia Marko