Rio Grande do Sul

Doação de Órgãos

Projeto Cultura Doadora celebra 10 anos com programação gratuita na Fundação Ecarta

Projeto consagra o Dia Nacional da Doação, comemorado em 27 de setembro, para homenagear as famílias doadoras

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Nesta década de atividade do Cultura Doadora foram realizadas cerca de 500 ações - Foto: Igor Sperotto

A comemoração dos 10 anos do Cultura Doadora terá uma programação gratuita durante esta semana. O projeto instituído pela Fundação Ecarta visa sensibilizar sobre a doação de órgãos e contribuir para a maior eficiência no sistema público de transplantes.

Nesta terça-feira (27), às 19h, terá o painel "Sim, salva vidas: famílias doadoras", com relatos de famílias que passaram por processo generoso, que salva vidas.

Na quarta-feira (28), às 19h, show com a banda "Los 3 Plantados".

Já na quinta-feira (29), às 19h, será realizado o painel "Morte, religião e doação de órgãos".

A programação é gratuita e acontece na Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943, em Porto Alegre). Haverá transmissão das atividades pelo canal do Youtube da Fundação.

A atividade acontece na semana em que se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos, em 27 de setembro.

Painel "Sim, salva vidas: famílias doadoras"

O projeto Cultura Doadora homenageia as famílias doadoras que realizam esse gesto generoso que salva vidas.

Participam deste diálogo cinco mulheres de famílias doadoras. Alessandra Moraes (Limeira/SP), Carolina Camilo (Londrina/PR), Caroline Verlindo, Elcinara Keiber e Rejane Schwan. O painel será apresentado pela coordenadora do projeto, Glaci Salusse Borges.

“Conversar sobre a doação em vida facilita muito a decisão quando perdemos um familiar”, atesta Koka Keiber, que conhecia a vontade da filha Martina, falecida em 2021.


Os músicos transplantados Bebeto Alves, Kin Jim e Jimi Joe se apresentam com entrada franca / Foto: Fernanda Chemale

Show com a banda "Los 3 Plantados"

Os músicos transplantados Bebeto Alves, Kin Jim e Jimi Joe se apresentam com entrada franca. O grupo volta a se apresentar onde estreou em 2014.

O trio se tornou ativista da causa e, através dos shows, tem levado a pauta para o mundo da música em muitas apresentações nestes 8 anos de estrada. Nesta quarta, o trio ganha o reforço dos músicos Felipe Rota e Julio Cascaes.

Painel "Morte, religião e doação de órgãos" 

O painel vai debater como as religiões tratam o tema da doação e transplante de órgãos e tecidos. Seis representantes de diferentes credos e filosofias abordam o tema no painel que reúne teólogos e representantes católicos, evangélicos, budistas, espíritas e de cultos de matriz africana.

Participam do diálogo o doutor em teologia e vice-presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) pastor Mauro Batista de Souza; mestre e doutorando em Teologia, padre Talis Pagot; a vice-presidente doutrinária da Federação Espírita do RS, doutora em Educação, Cleusa Schuch; Pastor Guilherme, Comunidade Cristã Brasa Church; pesquisador da cultura e religião de matriz africana, integrante do Conselho Nacional Afro Brasileiro, Pingo Borel; monge noviço Sotô Zen Seikaku, presidente do Instituto Zen Maitreya – Zen do Diamante.

10 anos de Cultura Doadora

Nesta década de atividade foram realizadas cerca de 500 ações, entre palestras, caminhadas, reuniões, campanhas, mobilizações, projetos, exposições, shows, workshops e divulgações diversas para tratar dos aspectos que envolvem a doação e o transplante de órgãos.

O projeto constituiu uma grande rede de parceiros especializados na área em todo o país, assim como famílias doadoras, transplantados que disponibilizam seu conhecimento para informar sobre este processo que depende da mobilização da sociedade para acontecer.

O Cultura Doadora foi idealizado pelo presidente da Fundação Ecarta, professor Marcos Fuhr, e é coordenado pela jornalista Glaci Salusse Borges. “A formação de uma cultura para a doação de órgãos é uma tarefa da família, da escola e de toda a sociedade. Oferecemos nossa contribuição de forma gratuita para escolas, universidades, empresas e diferentes instituições”, informa Glaci Borges.     

Mudando histórias

O município de Montenegro é um exemplo de como a sensibilização para o tema transforma a realidade. O município do Vale do Caí não tinha nenhum doador, mesmo com um hospital 100% SUS.

Após um movimento articulado no município a partir de 2018, com gestores, empresas, sociedade e a mídia local, o volume de doadores chegou a 62% em menos de dois anos. Inspirado neste resultado positivo, Campo Bom também deu início a uma campanha similar com grande empenho da gestão municipal.

Formação para salvar vidas

Nestes 10 anos de atividades, o projeto identificou a insuficiente presença do tema dos transplantes nos currículos dos cursos nas áreas da saúde. Buscando inserir esta temática na formação, o Cultura Doadora realiza uma ação articulada com as universidades e faculdades por meio da campanha "+ Doação e Transplante nos Currículos da Saúde".

O diálogo junto às coordenações dos cursos de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Serviço Social, entre outros amplia a abordagem dessa temática. Um dos exemplos ocorreu em agosto na Feevale, em Novo Hamburgo, com a realização da aula magna de abertura do semestre sobre o assunto para todos os nove cursos da saúde.

Nova vida depende de um gesto generoso

A lista de espera por um órgão é superior a 52 mil pessoas, sendo 2500 no Rio Grande do Sul. O estado já foi o primeiro em volume de doações entre os estados brasileiros e atualmente ocupa a oitava posição no ranking.

Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos, representando menos de 2% do total de óbitos. Essa circunstância ocorre dentro de ambiente hospitalar, como UTIs ou emergências, e segue protocolos médicos complexos e acompanhados pelos familiares.

Mesmo assim, cerca de 50% das famílias negam a doação. A possibilidade de uma pessoa ser doadora é de 10%, enquanto a probabilidade de precisar de um órgão é 40%. O Brasil é o país com o maior sistema público de transplantes e o segundo que mais transplanta, atrás apenas dos EUA.

Houve expressiva redução de transplantes na pandemia, resultando no falecimento de muitos pacientes que aguardavam o procedimento. O esforço nacional é para retomar o patamar alcançado antes da crise sanitária.


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Edição: Katia Marko