Rio Grande do Sul

Violência Política

Professora da UFPel denuncia recebimento de bilhete ameaçador em sua casa

Aviãozinho de papel com xingamentos desconexos foi jogado no pátio da professora, que registrou B.O na Polícia Civil

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Professora da UFPel recebeu bilhete em sua casa, com xingamentos para a esquerda - Reprodução

Rejane Jardim, professora do Departamento de História de Universidade Federal de Pelotas (UFPel), denuncia que recebeu na sua casa um bilhete com xingamentos políticos, na tarde de sábado (17). Ela relata que o bilhete foi dobrado no formato de um aviãozinho de papel e foi jogado no seu quintal, sem que ela pudesse ver o responsável.

O conteúdo do bilhete contém frases desconexas e mal escritas, porém, com ofensas relacionadas à opção política da professora. Sentindo-se ameaçada, Rejane decidiu registrar Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.

A professora explica que, na frente de sua casa, ostenta uma faixa com dizeres contrários ao atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Ela acredita que isso possa ser a fonte dos xingamentos.

No bilhete, é possível ler frases como "gente podre que nen vc tem e que votar e no lula", "é triste esse egoismo que vocês da esquerda tem. tomara seus filhos não tenhao essa demencia que você tem. acorda". Também chamam a professora de "verme" e "parasita".


Bilhete com xingamentos à esquerda foi jogado no quintal da professora Rejane Jardim, em Pelotas / Reprodução

Ao registrar o B.O, a professora relata que o bilhete afetou sua sensação de segurança, pois vive com seu filho e mãe idosa.

"Em minha casa tem uma faixa, bem pública, na qual se lê: 'Fora Bolsonaro. Pare de nos matar'. Acredito que esse bilhete se refere à minha liberdade de expressão política, afinal, ainda vivemos numa democracia", descreve a professora no B.O que a reportagem do Brasil de Fato RS teve acesso.

Violência política tende a mirar mais as mulheres

A violência política é uma estratégia comum para inviabilizar adversários, principalmente mulheres. Um estudo da organização Terra de Direitos, realizado entre 2016 e 2020, registrou 327 casos de violência política, em sua maioria assassinatos e atentados. Os estados com maior recorrência são RJ, MG, CE, MA e PA.

A pesquisa aponta que esses casos estão concentrados no interior do país. Isso porque nessas localidades se estabelecem relações de cumplicidade entre a violência, o controle das instituições políticas locais e a mídia, numa complexa rede organizada para assegurar os interesses das elites locais, como destaca o Guia Violência Política elaborado pelo Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos.

Nesse sentido, episódios de disseminação de desinformação, violência e intimidação tendem a ser repetitivos neste período eleitoral. Cenário que tende a afetar sobretudo as mulheres, devido a diversos fatores, entre eles, o fato delas serem a maior parte do eleitorado e também o maior setor que rejeita as políticas do atual presidente.


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Edição: Marcelo Ferreira