Rio Grande do Sul

PAPO DE SÁBADO

“As estátuas e nomes de avenidas ficaram com os heróis brancos”, destaca Carla Menegat 

Na semana do 20 de setembro no Rio Grande do Sul, a professora pontua que há duas “revoluções” Farroupilhas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"O surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho nos anos 1930 contribuiria ainda mais para o embranquecimento dos líderes da revolta" - Foto: Arquivo Pessoal

Na próxima semana comemora-se no Rio Grande do Sul a Semana Farroupilha, com destaque para o dia 20 de setembro, data que recorda o início a Revolução Farroupilha, ou como contemporiza, a professora Carla Menegat, revolta Farroupilha. Ainda no mês de agosto foi montado no parque Harmonia, e, Porto Alegre, o tradicional Acampamento Farroupilha, que celebra o folclore do estado, após dois anos ausência por conta da pandemia.

Às vésperas da comemoração, o Brasil de Fato conversou com a doutora em História Carla Menegat sobre o significado desta data. Conforme destaca a historiadora, existem duas Revoluções Farroupilha. A primeira, o evento histórico ocorrido entre 1835 e 1845,  uma revolta de elite, que pretendia negociar com o Império do Brasil melhores condições para a elite regional.

A outra, a que é comemorada em setembro no Rio Grande do Sul, que significa a reprodução de um ideal de um estado bélico, machista, elitista e arcaico. “Onde o rural é idealizado e não corresponde nem com o passado e nem com o presente, que finge uma democracia racial que nunca existiu e, com isso, permite a reprodução do racismo e o apagamento da presença de indígenas na nossa sociedade”, afirma. 

Conforme pontua Carla, as tensões em torno de qual memória se quer preservar estão mais do que nunca presentes na sociedade. Ela ressalta que, ao contrário de um discurso único sobre os farrapos, o que se vê é cada lado construindo sua versão. “Em ano em que a eleição ao Planalto é o principal foco, impregnando todos os demais processos, o peso do regionalismo não é pequeno, sendo que mais da metade dos candidatos ao Piratini usam algum identificador regional em suas bios de redes sociais”, contextualiza.

Carla Menegat possui graduação, bacharelado e licenciatura em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestrado e doutorado também em História pela mesma instituição. Atualmente é docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense. Seus estudos e pesquisas versam, especialmente, pela História da Bacia do Rio da Prata, com ênfase na História do Rio Grande do Sul, caudilhismo, Revolução Farroupilha, estratégias e fronteiras. Entre as suas publicações destaca-se o livro Fronteiras e Territorialidades: Miradas Sul-Americanas da Amazônia à Patagônia (São Paulo: Intermeios, 2019), em que é uma das organizadoras.


"O embranquecimento do episódio se dá ainda no momento do desfecho da revolta" / Foto: Divulgação/Piquete Lanceiros Negros Contemporâneos

Abaixo a entrevista completa 

Brasil de Fato RS - Você já disse que a Revolução Farroupilha sofreu um "embranquecimento". Como se deu, na história, este processo? 

Carla Menegat - O embranquecimento do episódio se dá ainda no momento do desfecho da revolta. O acordo que leva ao fim da sedição incluiu a chamada surpresa de Porongos ou traição de Porongos. É importante dizer que esses nomes aparecem ainda nos anos seguintes ao fim do conflito para se referir ao episódio em que o Corpo de Lanceiros Negros, composto por libertos e escravizados fugitivos de propriedade de legalistas, foi atacado enquanto estava acampado e desarmado, ou seja, de surpresa. 

Esse ataque foi combinado entre os comandantes Farroupilhas que estavam a frente das negociações de paz, General David Canabarro e Antônio Vicente da Fontoura, e o então Barão de Caxias, líder das tropas do Império, com a intenção de diminuir o número de negros libertos treinados na guerra de campo aberto. Estes ex-escravizados poderiam representar um perigo aos senhores de escravos. 

Já nos anos que se seguiram, nos momentos em que esse episódio foi levantado, como por exemplo em 1859-1860, quando o antigo Ministro da Fazenda da República Rio-grandense Domingos José de Almeida pensou em fazer uma memória do conflito, ou quando algum desafeto usava o evento para acusar Canabarro como traidor, sempre se buscava “enterrar” o episódio. 

Ainda, ao longo do século XIX, farrapos importantes que eram negros, geralmente descritos como “mulatos”, passaram a ser menos mencionados, como o Ministro da Guerra Mariano de Mattos. No século XX, quando os folcloristas e historiadores do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul estabeleceram um panteão, ou seja, o grupo das lideranças farroupilhas a serem comemoradas, esses nomes ficaram em segundo plano e não chegaram à memória popular. 

As estátuas e nomes de avenidas ficaram com os heróis brancos, com destaque inclusive para os europeus como Garibaldi, esse aliás não só não era uma liderança do movimento, como abandonou o conflito quando percebeu que a República tinha pouca chance de sobreviver e talvez pagar por seus serviços. 

O surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho nos anos 1930 contribuiria ainda mais para o embranquecimento dos líderes da revolta, construindo uma cultura em que negros e indígenas são colocados em espaços subalternos, de peões, e num espectro mais geral da cultura, destacariam apenas narrativas de sofrimento protagonizadas pela população negra, como a lenda do Negrinho do Pastoreio.


"Algumas são rebeliões escravas, sendo a mais emblemática a Revolta dos Malês, pela sua semelhança com o fantasma da Revolução do Haiti" / Crédito: Causa Operária

BdF RS - Outra particularidade é que os comandantes da RF, todos brancos, não sofreram repressão violenta dos vencedores comandados pelo Duque de Caixas, enquanto outras revoltas no Norte e Nordeste, também no século 19, foram violentamente reprimidas e massacradas. Gostaria que comentasse este ponto.

Carla - Acho importante dizer que apenas a Farroupilha foi uma revolta que teve seu fim negociado com ampla concessão de anistia aos líderes, todas as demais sofreram algum tipo de repressão, mas existem níveis nessa repressão. 

No Norte e no Nordeste do Brasil nós temos muitos contextos, a maioria deles com algum nível de participação popular e escrava. Algumas são rebeliões escravas, sendo a mais emblemática a Revolta dos Malês, pela sua semelhança com o fantasma da Revolução do Haiti. Os malês eram africanos islâmicos que pretendiam libertar os seus, primeiramente com o auxílio de outros libertos e escravizados de diferentes origens, matando senhores brancos e após isso constituir um estado segundo a lei islâmica na cidade de Salvador. 

Foram delatados e em três dias, contando com uma batalha campal, prisão e execução, a revolta estava desbaratada. Na mesma Salvador, dois anos depois aconteceu a Sabinada, uma revolta liberal que durou poucos meses, não teve apoio popular e que tinha componentes separatistas. 

Hoje, os estudos mostram que essa revolta teve uma repressão forte, mas os líderes, que eram da elite, acabaram tendo suas penas de prisão perpétua amenizadas depois. Alguns fogem e se juntam aos farrapos, mas não existem execuções. 

Em revoltas como a Cabanagem e a Balaiada, que contavam líderes populares e tropas formadas por pardos, indígenas e negros, a maioria dos participantes são dizimados ainda no campo de batalha e os sobreviventes condenados à morte. Contudo, os membros da elite branca do Pará, que no início apoiaram a Cabanagem, acabam conseguindo acordos para retornarem ao seio da política imperial. Inclusive, foi na pesada repressão da Balaiada que o então coronel Luís Alves de Lima e Silva conquistou seu título de Barão de Caxias, em memória da retomada da Vila de mesmo nome, onde se concentrava o núcleo forte dos revoltosos. 

A Balaiada foi uma revolta considerada extremamente perigosa pela elite local e pelo governo central por contar com três mil escravizados fugitivos em suas fileiras. E a resolução esmagadora de Lima e Silva foi considerada exemplar. 

BdF RS - Os gaúchos fazem algo curioso na sua história: comemoraram uma revolução que perderam e esquecem a que venceram, a de 1930, comandada por Getúlio Vargas. Como interpreta este contrassenso?

Carla - Acho que existem dois pontos a pensar sobre a Revolução de 1930 e seu protagonista. O primeiro é que Vargas foi uma figura que superou o espaço do regional e que pretendeu construir politicamente um Estado que fosse centralizado e nacional. 

Sobrou pouco espaço para o regionalismo ali, tanto que ele se levanta como uma força que vem contra o Estado Novo, que procurou acabar com as identidades de cada estado brasileiro. Muito embora essa proibição de símbolos estaduais tenha sido colocada em lei com o Estado Novo, o movimento é anterior. Vem justamente da necessidade de acabar com a forma como a política era feita na Primeira República, com partidos regionais e forças localizadas. 

O outro ponto é pensar que nos primeiros meses e mesmo anos que se seguiram, muitas figuras da política gaúcha desembarcaram do governo Vargas. A frente ampla que apoiou a Revolução de 1930 não se sustenta frente ao protelamento em chamar uma constituinte de um lado e, do outro, forças autoritárias que querem modernizar o Brasil de cima para baixo acreditavam que Vargas não usava o poder que a revolução tinha lhe dado para avançar em reformas sociais e econômicas. 

Enfim, rapidamente Vargas não representava mais os interesses regionais, fossem eles democráticos ou autoritários. E nesse sentido, é importante entender que toda a tradição e discurso construídos em torno dos Farrapos é um discurso de barganha com o centro do país, um discurso que ameaça quebrar o pacto que mantêm o Rio Grande do Sul na nação, o que é muito útil para representar os interesses das elites regionais frente a outras elites. 

Acredito que a questão se encontra em Vargas se tornar gaúcho novamente apenas quando o ciclo da Revolução de 1930 termina e ele volta para São Borja. Revoluções derrotadas também costumam relembrar o limite da ruptura, que deve ser aquele que não implode o sistema das elites. 

Mas eu acho importante dizer que nem todo o regionalismo é conservador, que no Rio Grande do Sul ele tende a ter essa predominância. Contudo, no Nordeste a gente vai ver expressões mais progressistas, como por exemplo no Movimento Armorial pernambucano.  

Anita foi muito mal falada e tendia a ser esquecida, assim como se apaga a existência de tantas mulheres para substituir por essa figura que nunca existiu, a prenda


"O processo de virtualização de Anita é bem recente e tem em sua conta o fato dela ter se tornado uma heroína da unificação italiana" / Foto: Domínio Público

BdF RS - Quando se fala em Revolução Farroupilha vem sempre a mente o papel e a figura do homem, pouco se fala da participação feminina (com exceção de Anita). Neste contexto a mulher é sempre definida como prenda. Pelo teu estudo qual é o real papel da mulher durante este período? Ao que se deve este apagamento? E quem eram as mulheres durante a Revolução Farroupilha?

Carla - As mulheres do período da Farroupilha eram muitas, desde a mulher do trabalhador branco livre que sofria de alcoolismo e foge com um estrangeiro que invade sua cidade, que é o caso de Ana Maria de Jesus Ribeiro, até a escravizada da qual não sabemos o nome, apenas que era a “aia” e que preparou uma camisa nova para o marido de sua senhora, passando pela esposa do boticário que atendia os soldados farrapos e sobre quem corriam boatos de ser amante de um dos mais importante generais da República. 

E claro, há a mulher que eu estudei, a que é senhora da mencionada aia e que troca correspondências com seu marido cuidando dos negócios de gado, da educação das crianças, das relações da família e do dinheiro e títulos que atravessam outros dois países do Rio da Prata, e pelo menos quatro estados litorâneos brasileiros. 

Não me atreverei a falar das mulheres entre os legalistas, mas acredito que a vida não fosse muito diferente. A tradição gauchesca construiu a figura ficcional da prenda, para a qual até existe concurso. As moças são avaliadas em artes como costura, declamação, culinária e tradição gauchesca, o que na prática hoje as trata como pessoas que seriam incapazes de viver na nossa sociedade de forma autônoma. O que me parece, em tudo, o oposto das mulheres do período farroupilha, que seguiram a vida para que inclusive fosse possível que seus homens voltassem a normalidade após a pacificação. 

À prenda também é negada à sexualidade, a mesma que a única mulher reconhecida como farroupilha teve, afinal, Anita foi retratada como alguém que usufruía dela em sua época, mesmo que isso fosse um valor negativo. 

Aliás, o processo de virtualização de Anita é bem recente e tem em sua conta o fato dela ter se tornado uma heroína da unificação italiana e ter surgido uma necessidade de construir um discurso que integrasse os descendentes de imigrantes daquele país no discurso regional do Rio Grande do Sul. Antes disso, Anita foi muito mal falada e tendia a ser esquecida, assim como se apaga a existência de tantas mulheres para substituir por essa figura que nunca existiu, a prenda.


"Um reflexo do crescimento de posturas conservadoras na sociedade brasileira em geral está presente em episódios como a reprodução de uma senzala por um piquete no Acampamento Farroupilha em 2017" / Foto: Arquivo Pessoal

BdF RS - Como a senhora descreveria a Revolução Farroupilha, o seu real significado?

Carla - Existem duas Revoluções Farroupilha. A primeira, o evento histórico ocorrido entre 1835 e 1845 foi uma revolta de elite, que pretendia negociar com o Império do Brasil melhores condições para a elite regional dentro do concerto da nação brasileira e que usou o discurso separatista, sabendo de sua vantagem com o conhecimento da forma de fazer guerra numa geografia muito particular, assim como do desejo de liberdade dos escravizados para engrossar suas tropas, e também aproveitou muito bem um contexto regional da Bacia do Rio da Prata, com aliados locais e potenciais inimigos da nação. 

A outra Revolução Farroupilha é essa que é comemorada em setembro no Rio Grande do Sul, que significa a reprodução de um ideal de um estado bélico, machista, elitista e arcaico, onde o rural é idealizado e não corresponde nem com o passado e nem com o presente. Que finge uma democracia racial que nunca existiu e com isso permite a reprodução do racismo e o apagamento da presença de indígenas na nossa sociedade. 

Em algum momento existiu um contraponto forte com o movimento nativista, que buscava manter hábitos e costumes regionais e comemorar o pertencimento sem necessariamente reivindicar o caráter conflituoso, e que trazia o passado como reflexão e não como repetição. Infelizmente, esse movimento passou a ter muito menos expressão nas últimas duas décadas.

BdFRS - No ano passado, Liliana Cardoso tornou-se a primeira negra patrona da Semana Farroupilha. Na ocasião ela afirmou: “Como mulher negra, eu trago a representatividade dos Lanceiros Negros, que foram linha de frente na Revolução e das mulheres negras, que ficaram no campo gerando renda”. Gostaria que comentasse a importância desse resgate, tanto da questão dos lanceiros quanto das mulheres.

Carla - Eu vejo como um esforço de parte dos integrantes do movimento em se renovar, num cenário em que o discurso das minorias sociais está cada dia mais presente na nossa sociedade. Sempre existiram pessoas negras que levaram a bandeira do nativismo, mas o processo constante de invisibilização os apagava da memória. Mulheres não podiam constar nos quadros dirigentes realmente importantes. Acho que, inclusive, Liliana Cardoso usou esse espaço muito bem ao reivindicar que ele não fosse apenas um ornamento, mas uma caixa de ressonância para toda a sua trajetória de mulher negra no movimento. Contudo, o próprio fato de ser a primeira negra das cinco mulheres que receberam essa honraria desde 2005 é um indício de quão discriminatório é o ambiente do tradicionalismo.

O fato de não conseguirmos nomear um grande nome negro histórico que seja representativo nesse contexto também fala muito.

BdF RS - A aproximação com os países hermanos (como o Uruguai) traz a figura do gaúcho. Como essa aproximação forjou a figura que conhecemos?

Carla - Essa é uma questão complexa. O gaúcho era até o início do século XX o homem sem laços, aquele que não tinha família, que se deslocava trabalhando quando precisava e não trabalhando se não julgasse necessário. Esse sujeito circulava nesse mundo fronteiriço, entre Brasil, Uruguai e Argentina conforme suas necessidades e com isso, costumes, expressões culturais e vidas são compartilhadas nesse espaço.

Com o surgimento do folclorismo, o gaúcho que era sinônimo de “hombre suelto”, peão de jornada e até de vadio foi se “domesticando”, tanto no Brasil quanto nos países vizinhos e deixando de ser uma ofensa, para se tornar o título do homem típico do campo. 

No Rio Grande do Sul isso vai ganhar mais uma camada com o tradicionalismo, que vai dar uma família para o gaúcho, inclusive criando a prenda do nada. E foi nesse processo também que foram se forjando as diferenças entre o gaucho do Uruguai ou da Argentina e o gaúcho rio-grandense. 

Veja bem, não creio que houvesse diferença considerável de vestimenta, que o mate fosse distinto, que as músicas e as danças tivessem uma imensa variação. Mas desde o início o Movimento Tradicionalista Gaúcho se preocupa em classificar o que pode e o que não pode ser considerado de verdade parte do gauchismo e, nesse sentido, eu vejo mais separação de nossos hermanos que proximidade. 

Contudo, para aqueles que vivem nesse espaço atualmente, o uso tranquilo de uma ou outra língua, a intimidade com os costumes, a continuidade da paisagem, a presença de hábitos como o churrasco, o mate, o doce de leite, tudo isso acaba por contribuir para que de fato seja tranquilo o trânsito e mesmo a identificação com nossos vizinhos, mesmo em paixões bem recentes, como o futebol, há um senso de proximidade.

BdF RS - O que esse passado nos diz do atual cenário político do RS?

Carla - Acho que o uso desse passado é o que podemos medir para o atual cenário político do RS e mesmo do Brasil. Acredito que um reflexo do crescimento de posturas conservadoras na sociedade brasileira em geral está presente em episódios como a reprodução de uma senzala por um piquete no Acampamento Farroupilha em 2017. 

O texto da cantora tradicionalista Shana Muller falando sobre o machismo dentro do tradicionalismo no blog do mais famoso programa de TV nesse nicho, o Galpão Crioulo, no mesmo ano de 2017, mostra que os questionamentos não vem apenas de fora. 

Outro episódio emblemático dessa disputa por memória foi o protesto da bancada negra da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, manifestação habitual do movimento negro do estado, durante a execução do Hino Rio-grandense na primeira sessão da legislatura em 2021. 

Como em tantas ocasiões os cinco vereadores recém empossados não se colocaram em pé para cantar o hino que tem versos racistas, e em resposta, uma outra vereadora, branca e ligada à forças de segurança, protocolou projeto que obriga todos os vereadores a se manterem de pé durante a execução do hino. O projeto foi aprovado e os vereadores da bancada negra seguem sentados. 

As tensões em torno de qual memória queremos preservar estão mais do que nunca presentes na sociedade e, ao contrário de um discurso único sobre os farrapos, o que vemos é cada lado construindo sua versão. De toda forma, num ano em que a eleição ao Planalto é o principal foco, impregnando todos os demais processos, o peso do regionalismo não é pequeno, sendo que mais da metade dos candidatos ao Piratini usam algum identificador regional em suas bios de redes sociais.


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Edição: Marcelo Ferreira