Maior Quilombo urbano territorial de Porto Alegre, o Alpes sofreu, neste final de semana, tentativa de invasão. De acordo com a Frente Quilombola RS, que vem acompanhando o caso, homens armados chegaram ao local, na última sexta-feira (26), e seguem rondando o quilombo. A Comunidade fez um boletim de ocorrência e a Brigada Militar vem fazendo visitas para garantir a integridade dos moradores.
Localizado na zona Sul da capital gaúcha, na Estrada dos Alpes, 1300, entre os bairros Cascata, Glória e Teresópolis, o Quilombo Alpes ocupa uma área de 58,28 hectares, onde vivem cerca de 120 famílias autodeclaradas quilombolas, descentes diretas e ligadas à família de Edwirges Francisca da Silva. Demarcada pelo Incra, em 2016, como território Quilombola, a exemplo de muitos quilombos urbanos sofre ameaças e tentativas de invasão ao seu território. A última delas ocorrida neste final de semana.
De acordo com relato de integrantes da Frente Quilombola do RS, a tentativa de invasão começou na sexta-feira (26), quando pessoas desconhecidas foram ao local e demarcaram algumas das 50 casas que integram o projeto habitacional da comunidade. As moradias fazem parte de um projeto da Caixa Econômica Federal destinadas às famílias que vivem no quilombo. Por conta da pandemia e de outros entraves o projeto está parado.
Neste último domingo, por volta das 10 horas da manhã, um carro com quatro homens armados fizeram uma ronda no local, em seguida outros veículos com famílias chegaram com lonas. A Frente então acionou a Brigada Militar, e com a chegada dos policiais foram dispersados. Contudo, permaneceram no local dois carros rondando a comunidade.
“É uma situação grave, de esbulho, que aconteceu neste domingo, com pessoas armadas. Nós já vínhamos alertando, estávamos em contato com as forças de segurança, com o 19º Batalhão da Brigada Militar, sobre essas ameaças que vieram acontecendo ao longo da semana. Invasão às casas que são oriundas de uma política pública da Caixa Econômica Federal. Isso vem causando apreensão na comunidade”, detalha o advogado da Frente Quilombola, Onir Araújo.
A Frente já acionou, além da brigada, que vem mantendo rondas regulares, a Polícia Civil, assim como já notificou a superintendência do Incra, a Caixa Econômica Federal e o Ministério Público Federal para que sejam tomada as devidas providências. “A comunidade está em vigília e contamos com a sensibilidade do poder público para garantir a integridade física das famílias assim como do território.”
Na tarde desta terça-feira a Frente Quilombola se reunirá com o MPF.
Sobre o quilombo
A história do Quilombo com a capital gaúcha começa em 1920, quando Edwirges Francisca da Silva chega a Porto Alegre, vinda de Charqueadas e se estabelece nos Alpes.
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Edição: Katia Marko