A cidade de São Leopoldo está entre as dez cidades gaúchas com melhor número de sustentabilidade da limpeza pública e é a cidade número um da região Metropolitana da Grande Porto Alegre. O diagnóstico faz parte da pesquisa do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), em parceria com a PwC Brasil, divulgada em julho deste ano.
O resultado leva em conta o índice de Sustentabilidade da Limpeza Pública (ISLU 2021), baseado na gestão dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, sob a óptica do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
O prefeito Ary Vanazzi comemorou o resultado. “Essa é mais uma comprovação de que o nosso trabalho vem cuidando bem da cidade, cuidando das pessoas e avançando cada vez mais, sabemos que ainda existem muitas demandas e o cuidado com a cidade e a sua limpeza é um compromisso coletivo, do governo, mas da sociedade de maneira geral, avaliou.
Com uma população estimada em 240.378 pessoas, a cidade leopoldense tem dez cooperativas em operação, sendo cinco delas dirigidas por mulheres e quatro totalmente formadas por mulheres. Essas cooperativas, como aponta o secretário de Mobilidade e Serviços Urbanos (Semurb), Sandro Lima, sempre tiveram um papel fundamental para alcançar o resultado. A cidade conta com coleta seletiva desde 2005, quando São Leopoldo foi sede do Encontro Latino-americano de Catadores e Catadoras.
A cidade ainda conta com três ecopontos, para as pessoas poderem descartar seus resíduos. Eles estão localizados no bairro Scharlau, Feitoria e Duque de Caxias, para a comunidade realizar o descarte adequado de até 1 m³/dia de resíduos como pneus, móveis, restos de podas e entulhos da construção civil. Em 2021, estes espaços receberam mais de 45 mil m³ de resíduos. De acordo com o planejamento da Semurb, a previsão é chegar em 2024 com dez ecopontos à disposição da população. Hoje por dia mais de 300 pessoas acessam os três ecopontos para descartar seus resíduos.
Da crise do lixo ao modelo sustentável
No Rio Grande do Sul, de acordo com o SNIS (Sistema Nacional de Informações de Saneamento) a cobertura de coleta em relação à população urbana no ano de 2020 foi de 99,5%. Dos 497 municípios gaúchos, 226 (50,2%) tem coleta seletiva. Em São Leopoldo, a coleta seletiva e domiciliar de porta em porta alcança 99,6% da população.
De acordo com o secretário, quando a atual administração assumiu o Executivo da cidade, em 2017, o município ainda vivia os reflexos da grande crise do lixo que sofreu em 2015, com interrupção dos serviços, falta de pagamento das empresas terceirizadas, dívidas com fornecedores e a população totalmente desassistida na coleta básica do lixo.
“A partir de 2017, reorganizamos o serviço e estabelecemos um planejamento para ao longo de 2017 e 2018 resolver os problemas que herdamos. Pagar as dívidas com as empresas que realizavam o serviço de coleta, dívidas dos contratos com as Cooperativas de Catadores que realizavam a Coleta Seletiva, dívidas com o aterro sanitário que recebia nossos resíduos e reorganizar os serviços para que atendesse toda a cidade”, expõe.
Conforme aponta a Semurb, há cinco anos havia na cidade 135 pontos de foco de descarte de lixo irregular em São Leopoldo, em 2021, 62. Atualmente há 35, principalmente nas regiões onde não há ecopontos.
“Nosso objetivo é cuidar coletivamente do ambiente que vivemos que é a cidade, com geração de emprego e renda para mais de 300 famílias que hoje dependem de todos os serviços da limpeza pública. Destas, 120 famílias estão diretamente vinculadas às dez cooperativas de catadores que operam a coleta seletiva na cidade, nos ecopontos e na coleta do óleo de cozinha. Os demais empregos estão vinculados às empresas terceirizadas que fazem os demais serviços de coleta, capina, varrição e limpeza”, descreve.
Em São Leopoldo, a reciclagem de resíduo subiu de 7% para quase 9%. “Isto representa na contagem dos gases de efeito estufa, a captura de mais de 2 milhões de kg de CO2 no ano de 2021. Isto representa o trabalho de 14 mil árvores ou o equivalente no tocante a captura de CO2. E representou um investimento de mais R$ 2,4 milhões no programa, recurso investido nas cooperativas e que retornou em forma de serviços e cuidados com o meio ambiente e a cidade.
Papel das cooperativas
Entre as dez cooperativas que atuam na cidade, está a Cooperativa de Trabalho Mundo Mais Limpo, que faz a coleta do óleo de cozinha. Conforme detalha a coordenadora da cooperativa, Carolina Alejandra Molina Reyes, ela surgiu em 2007 de outro projeto das Missionárias de Cristo Ressuscitado. “Um grupo de mulheres que realizavam almoços para crianças em situação de vulnerabilidade, onde partilhavam a necessidade de renda e a dificuldade de se inserir no mercado formal de trabalho, consequência também da própria vulnerabilidade social. Atualmente a cooperativa aumentou seu trabalho, além de reciclagem faz a coleta de óleo no município.”
Segundo destaca Carolina, o viés da sustentação com a reciclagem de óleo veio em resposta à sensibilidade para a contaminação do rio dos Sinos, assim como à inovação de uma atividade que não tinha precedentes no município.
Após a coleta é realizado o processo de filtragem e a preparação para logo ser utilizado como matéria prima para a fabricação de sabão em barra, multiuso e velas artesanais. Para ela, o trabalho desenvolvido pela cooperativa traz impacto ambiental (limpeza das águas, do solo, do ar e consequentemente tudo o que isso afeta diretamente no tratamento das águas e das redes de esgoto). Assim como impacto na geração de renda. “Contribuindo com a diminuição na brecha de oportunidade de trabalho e salarial entre mulheres/homens e como consequência o empoderamento feminino também. Isso traz impacto na diminuição, por exemplo, da violência e discriminação de gênero”, destaca Carolina.
A cooperativa tem atualmente nove mulheres atuando.
Situação dos resíduos no estado
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) informam que, desde 2015, não há registros de lixões no Rio Grande do Sul. Atualmente existem 26 aterros sanitários no estado licenciados pela Fepam, com metodologias de controle de impacto ambiental.
Já as estações de transbordo são licenciadas pelos municípios, conforme Resolução Consema 372/2018. Com relação à geração de energia a partir de aterro sanitário, o estado conta com seis empreendimentos licenciados, sendo que dois estão em operação e os demais em fase de implantação.
O ISLU (Índice de Sustentabilidade da Limpeza Pública) é baseado nas ações que os municípios realizam de acordo com as diretrizes do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, ou seja, o quanto os municípios estão trabalhando e investindo para atingir as metas definidas nos planos de ações para todas as cidades do Brasil. A Prefeitura de São Leopoldo, por meio da Semurb, vem atuando com suas equipes diariamente na limpeza das ruas, garantindo uma colocação de destaque na área de sustentabilidade da limpeza pública.
Confira o estudo completo.
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Edição: Katia Marko