Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2022

O “governador que renunciou” vira o alvo preferencial na disputa pelo governo gaúcho

Eduardo Leite sofre críticas por acordo da dívida com a União e falhas na saúde e na educação

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Debate na manhã desta terça-feira (16) reuniu oito dos 11 candidatos ao governo do Rio Grande do Sul - Reprodução GZH

Tratado todo o tempo como “o governador que renunciou”, Eduardo Leite (PSDB) foi o maior alvo no debate dos candidatos ao governo gaúcho hoje (16) na rádio Gaúcha. Foi assim que o nomearam tanto Edegar Pretto (PT) quanto Ônix Lorenzoni (PL), sinalizando que as idas e vindas do tucano na hora de decidir seu destino político, ora tentando ser candidato à presidência, ora ameaçando trocar de partido e, por fim, retornando à disputa regional, serão um flanco a ser explorado pelos seus contendores.

Sofreu ainda uma bateria de críticas sobre a queda do PIB estadual, as deficiências na saúde, os altos índices de evasão escolar no ensino médio, o baixo nível de aprendizado dos alunos em português e matemática. “Tem um milhão de pessoas passando fome no Rio Grande do Sul”, atacou Vieira da Cunha (PDT). “Existem 200 mil nas filas de espera para atendimento de saúde”, fustigou Luis Carlos Heinze (PP).

“Acordo vassalo com a União”

Contrário à reeleição, o ex-governador sempre afirmou que não concorreria a um segundo mandato. Seu candidato seria seu vice, Ranolfo Vieira Junior, que até deixou seu partido, o PTB, para se filiar ao PSDB. 

Leite se defendeu argumentando que os professores receberam 9% de reajuste de salário e um notebook para preparar as aulas e que seu projeto para um eventual segundo mandato é oferecer duas refeições quentes na rede escolar estadual. Liderando as pesquisas de intenção de voto, o ex-governador teve pouco tempo para contestar os ataques, reiterados a cada pergunta, réplica e tréplica entre os demais participantes.

Ele esteve na mira também pela solução dada à dívida do Rio Grande do Sul junto à União. Vários setores do estado, à esquerda e à direita, condenam a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal defendida por Leite e aprovada por sua base na Assembleia Legislativa. Segundo estudo do núcleo gaúcho da Auditoria Cidadã da Dívida Pública e do Sindicato de Auditores Públicos Externos do Tribunal de Contas do RS (CEAPE-Sindicato), o Rio Grande do Sul tomou RS 9 bilhões emprestados da União em 1998 dos quais já teriam sido pagos mais de R$ 37 bilhões. No entanto, em dezembro de 2021, o estado ainda devia R$ 73 bilhões. E, mesmo assim, Leite optou por não questionar os números, abrir mão da via judicial e assumir o acerto proposto pelo governo federal.

“O governador assinou um acordo vassalo com a União. Vamos contestar esse acordo”, condenou Vieira da Cunha. “Não cabe ao governador de plantão reconhecer a dívida”, reforçou Ônix, para quem Leite cometeu “crime de lesa- pátria”, considerando que “é preciso reabrir a discussão”.

“Bolsonaro cuidou das pessoas”, acha Ônix

Pretto atacou a questão do abandono da rede escolar. “Existem escolas sem banheiro ou com banheiro não funcionando”. No mesmo assunto, apontou que o Rio Grande do Sul passou a ser “o quarto estado com maior evasão no ensino médio”.

Heinze e Ônix lembraram Jair Bolsonaro, a quem apoiam. O primeiro prometeu implantar o segundo porto marítimo do estado em Arroio do Sal, enquanto Ônix disse que o presidente teve “um olhar amoroso para a educação”. Na contramão da percepção dominante, disse mais: “Bolsonaro cuidou as pessoas e recuperou vidas” e ainda “governou com a verdade”. Antes já afirmara que Bolsonaro “ajudou a recuperar o Brasil, enfrentamos a doença e vencemos a covid”.

Leite reclama do bombardeio

Ao final, Leite queixou-se do bombardeio. “Trabalho pela união e não pela divisão como fizeram os candidatos aqui”. Nas despedidas, Pretto lembrou que está com “Lula e Olívio”,  Vieira da Cunha nomeou Ciro “o mais preparado”, enquanto Vicente Bogo (PSB) não citou nenhum presidenciável. Leite não mencionou Simone Tebet, do MDB, com quem seu partido está coligado regional e nacionalmente.

Reunindo oito dos 11 candidatos, o debate destinou pouco tempo para o confronto direto entre os postulantes. Dois blocos foram de perguntas enviadas por ouvintes ou entidades. O encontro também contou com Ricardo Jobim (Novo) e Roberto Argenta (PSC). As regras estabelecidas pela emissora excluíram três partidos de esquerda por não contarem com, pelo menos, cinco representantes no Congresso. Assim, ficaram de fora Carlos Messalla (PCB), Paulo Pedra (PCO) e Rejane de Oliveira (PSTU).

Confira a íntegra do debate:


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Edição: Marcelo Ferreira