Rio Grande do Sul

Censo 2022

IBGE realiza Dia de Mobilização do Censo Quilombola nesta quarta-feira (17)

Ação será feita em oito territórios quilombolas do país; em Porto Alegre, acontecerá no Quilombo dos Alpes

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em 150 anos de história do Censo, é a primeira vez que são aplicadas perguntas especificas sobre quilombolas - IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza, nesta quarta-feira (17), o Dia de Mobilização do Censo Quilombola. Serão realizadas atividades em oito territórios quilombolas do país, incluindo o Quilombo dos Alpes, em Porto Alegre, onde a presidente da Associação Quilombo dos Alpes, Rosângela da Silva Ellias, vai receber o IBGE para marcar simbolicamente o início da coleta no território.

A divulgação tem como objetivo sensibilizar a população quilombola para responder ao Censo. Também visa mostrar para a sociedade em geral que, pela primeira vez na história dos recenseamentos gerais do Brasil, a população residente em áreas quilombolas terá a possibilidade de se declarar através da pergunta "você se considera quilombola?".

O coordenador técnico do Censo no RS, Cláudio Sant'Anna, explica que é a primeira vez que o Censo do IBGE fará pergunta especifica sobre comunidade quilombola. “Para conscientizar e divulgar o fato nós vamos fazer no país todo, em cinco estados diferentes, um em cada região do país. É uma divulgação de que estamos iniciando os trabalhos nas comunidades quilombolas”, expõe. 

Conforme descreve Carlos, no censo demográfico tem dois povos de comunidades tradicionais que tem perguntas diferenciadas e especificas, que são os indígenas e quilombolas. A primeira vez que a instituição abordou os povos tradicionais foi no Censo de 2010, com a comunidade indígena. No atual Censo, será a primeira vez com a comunidade quilombola, e mantida a dos indígenas. 

“São duas perguntas: Se considera quilombola, sim ou não. Respondendo sim abre para a segunda pergunta, a qual comunidade pertence. É um questionário normal do Censo, e dentro dos territórios quilombolas vão aparecer essas duas perguntas”, detalha. 

O coordenador explica que ele será aplicado nos territórios pré-mapeados pelo IBGE em conjunto com a coordenação nacional dos quilombolas. “Nós já sabemos onde tem os territórios quilombolas, onde existe os agrupamentos quilombolas e nestes locais que a pergunta vai abrir.”

Conforme pontua Carlos, a escolha pelo Alpes foi uma questão operacional. “Em 2019, quando estávamos preparando o Censo Demográfico que deveria acontecer em 2020, aqui no Quilombo dos Alpes nós fizemos um teste experimental especifico dos quilombolas. É um local em que já fizemos o teste, as pessoas foram super receptivas e achamos por bem fazer essa divulgação também lá porque nos facilita. Além de ser em Porto Alegre, já é um território quilombola que nós temos contato com a liderança”.  

Visibilidade estatística

De acordo com ele, a motivação veio de uma demanda da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). “Eles querem visibilidade estatística. E assim como nos quilombolas foram introduzidas essas duas perguntas, em futuros censos outras comunidades tradicionais também podem vir a ter esse tipo de visibilidade estatística. Hoje em dia o que consta no Censo é em relação aos indígenas e para os quilombolas”, conclui. 

O Brasil tem 26 comunidades tradicionais reconhecidas oficialmente. Além dos povos indígenas e quilombolas, há no país comunidades tradicionais de matriz africana ou de terreiro, extrativistas, ribeirinhos, caboclos, pescadores artesanais, pomeranos, entre outros. De acordo com o Decreto Federal nº. 6.040 de 7 de fevereiro de 2000, Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. 

Conforme o Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul, o estado possui 146 comunidades quilombolas. Na capital gaúcha há 11 urbanos.

Além da liderança do território quilombola e do coordenador técnico do Censo no RS, estarão presentes o coordenador executivo da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), José Alex Borges, e a presidente da Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do RS (FACQ/RS), Teresinha Aparecida Lopes Paim. 

O primeiro censo no Brasil foi realizado em 1872. Até então os dados sobre a população brasileira eram obtidos de forma indireta, isto é, não eram feitos levantamentos com o objetivo estrito de contar o número de habitantes.


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Edição: Marcelo Ferreira