O que é fazer política? Fizemos esta pergunta para gaúchos e gaúchas do campo e da cidade que fazem da política o seu cotidiano. Não é política partidária, embora também essa seja digna. Fazem política na associação, no movimento, no sindicato, no grupo, na cozinha solidária, no coletivo enfim.
O objetivo de todos? As respostas são diversas. “Dar sentido à própria existência”, “Não estar alheio ao coletivo”, “Dar o pão para os filhos”, “Sairmos desse caos”, “Combater o racismo e o machismo”, “Decidir sobre o orçamento público”, “Contribuir para a democracia” são algumas delas. Talvez todos os propósitos possam ser sintetizados em uma frase: Buscar uma vida e uma sociedade melhor.
Nossa vida é feita de ações políticas que se dão no dia a dia, mas para além disto, se engajar em causas sociais, coletivas é ser protagonista de um projeto de vida. Para mim, fazer política é dar sentido a própria existência.
Célio Golin, grupo Nuances
O conceito de política está deturpado por conta de atos individuais. A participação não deveria passar somente pelo dever de votar. Exercer a cidadania é engajar-se nas pequenas práticas diárias. Ocupar os espaços coletivos, os fóruns de discussão ou participar da associação do bairro.”
Melissa Bargmann, coordenadora da Ação da Cidadania/RS
A importância da comunidade e do povo estarem envolvidos nesses atos sociais é de conhecer os nossos direitos. Como o direito à moradia, ao trabalho e salário digno, transporte público de qualidade, acesso à saúde. E sabendo que, ao acordar, teremos o pão para os nossos filhos.
Denise Cunha, cozinha comunitária da Lomba do Pinheiro
Buscar esta construção é exercer o seu direito em um Estado Democrático de Direito que precisa promover igualdade de oportunidades para todes. E na defesa de direitos básicos como saúde, educação e outros. Nosso papel é contribuir para que a participação política seja comum a todes e que os resultados sejam coletivos.
Eduardo Tamborero, grupo de rap Preconceito Zero
Me jogo todos os dias nas lutas sociais organizando jovens e mulheres para lutarem por uma sociedade melhor. Vendo a fome de perto, os desempregados, não consigo me calar. Procuro chamar a atenção da sociedade para sairmos desse caos.
Karina Rodrigues, Movimento Nacional de Luta pela Moradia/RS
Política é decisão sobre questões da tua vida. Por exemplo, se o governo vai investir em armas ou livros, em bancos ou em saúde e educação. O voto é importante, mas também que você participe das decisões sobre o que fazer com o dinheiro dos impostos. O mecanismo pra isso é a participação popular. Para isso precisamos estar organizados, daí a importância dos movimentos populares, associações e coletivos.
Guilherme Gonzaga, professor da Unipampa, campus Dom Pedrito
Os sindicatos são instrumentos fundamentais na luta pela democracia e defesa dos direitos dos trabalhadores. É muito importante participar politicamente da vida do país a partir dessas entidades. Assim se amplia a luta, a consciência de classe e consequentemente, a qualidade de vida das pessoas.
Enio Santos, Federação dos Metalúrgicos/RS
O MAB nos traz uma clareza sobre o quanto somos lesados com relação ao preço alto da energia, dos combustíveis... Nos dá ferramentas para argumentar e buscar justiça. Estou no movimento porque ele me representa e me faz entender qual o meu papel na sociedade.”
Isabel Klein, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Participar da vida política é decidir o futuro. E não falo só do voto na eleição. Debater um projeto de sociedade e os problemas do bairro com vizinhos e amigos. Saber lidar com as diferenças, refletir, investigar e dialogar. Não deixar para outros as decisões e ações que estão ao nosso alcance.
Diego Gonçalves, assistente social e militante
Política vai além do voto consciente. É consciência de classe. É necessário o entendimento sobre a desigualdade. Mas também dar continuidade à luta iniciada por nossa ancestralidade por políticas públicas eficazes. Para ocuparmos espaços de poder, onde possamos construir uma real democracia, sem desigualdade étnico-racial, de gênero e social. A política é construída diariamente. Por uma democracia sem racismo e machismo!
Letícia Nascimento, coordenadora do coletivo Mães da Periferia
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Edição: Ayrton Centeno