Rio Grande do Sul

Memória

Protesto e ação defendem suspensão da demolição da antiga casa de Caio Fernando Abreu

Mobilização tentar reverter demolição, mas processo avançou nesta segunda-feira (18) com a retirada do telhado

Sul 21 |
Na rua Doutor Oscar Bittencour nº 12, no bairro Menino Deus, casa que foi do escritor Caio Fernando Abreu está em processo de demolição - Foto: Luiza Castro/Sul21

Um ato contra a demolição da casa em que viveu o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu está sendo convocado para as 12h desta terça-feira (19). Intitulado ato “pela preservação da casa de Caio Fernando Abreu, não à demolição”, o evento ocorrerá em frente ao imóvel, localizado na Rua Doutor Oscar Bittencourt nº 12, no bairro Menino Deus.

O ato está sendo convocado pelo “Movimento em defesa da cultura e do patrimônio histórico” após publicação de reportagem pelo Sul21 no último sábado revelando que a Prefeitura de Porto Alegre expediu a licença para demolição total do imóvel em abril deste ano. Até então, apenas as janelas da casa haviam sido removidas. No entanto, nesta segunda, a demolição avançou com a retirada do telhado.

Em carta aberta à comunidade divulgada nesta segunda-feira (18), a Associação de Amigos do Caio Fernando Abreu (AACF) também defende a suspensão imediata da demolição para que o imóvel possa “permanecer na memória da cidade”.


Na tarde desta segunda, foi protocolada uma ação popular que pede que a Justiça suspenda a demolição do imóvel. / Foto: Divulgação

“Nós da AACF, com o apoio da família Abreu, reiteramos nosso pedido para que a memória de Caio Fernando Abreu não seja menosprezada. A cultura é viva, e se não preservarmos o que temos de concreto hoje, amanhã serão apenas fragmentos desbotados de um tempo que não volta mais”, diz a carta aberta. “Acreditamos que é de interesse público, não apenas nosso, enquanto Associação, mas também de uma legião de admiradores, leitores, pesquisadores, família e amigos do Caio F, que a autorização para demolição seja suspensa, e que seja iniciado um processo de tombamento deste lugar que é um patrimônio cultural, e assim deve ser preservado”.

Também na tarde desta segunda, foi protocolada uma ação popular que pede que a Justiça suspenda a demolição do imóvel. A ação foi protocolada pelos advogados Jacqueline Custódio, José Renato de Oliveira Barcelos e Marcelo Sgarbossa, ex-vereador da Capital.

A ação defende que a Constituição Federal garante o direito à memória e a preservação dos direitos culturais. Os advogados pedem que seja iniciado o processo de tombamento do imóvel.

“O prédio em análise é um simpático sobrado, em estilo espanhol, que não chega a ser uma referência em termos arquitetônicos, mas que, sem dúvida, é representativa de um período da história do bairro e, por decorrência, da própria cidade. Apesar disso, não está arrolado na lista dos imóveis inventariados do Menino Deus, mas poderia estar”, diz o texto da ação.

Segundo os autores, a lei do Inventário de Porto Alegre define critérios para a preservação de imóveis no qual a antiga casa do escritor se encaixaria, como o fato de estar ligado “à herança de um passado do qual a obra constitui testemunho material ou à transmissão de valores simbólicos no âmbito do imaginário social”.

Edição: Sul 21