Hoje, caminhando pelos corredores da Feicoop – Feira Internacional do Cooperativismo e Economia Solidária – eu via Irmã Lourdes Dill em todos os cantos. A mandaram embora, mas esqueceram que ela continuaria ali, presente em cada pessoa. Em cada projeto. Em cada grupo. Em cada ação. Em cada pequeno gesto que faz resistir a utopia da solidariedade e o sonho de um outro mundo possível e necessário.
Cada olho que brilhava, esperançoso e corajoso era você, Irmã Lourdes. Entre os pequenos, de mãos dadas, fazendo ficar escondidos os gigantes covardes, era você ali, sendo profeta e fazendo profeta os pequeninos.
Tu sempre será gigante Irmã Lurdes. Teu profetismo seguirá ofuscando os desejos espúrios dos poderosos. Sim, é bem verdade, sempre existirão medíocres submissos aos poderes, sempre existirão vaidosos em roupas finas invejando a verdade dos sorrisos puros dos miseráveis.
Sempre existirão aqueles que para aproximar-se do seu deus (assim mesmo, com “d” minúsculo) vão subir os degraus dos altares, sem compreender que Deus (esse outro, agora com “D” maiúsculo) caminha vivo entre os pequenos e humildes.
Mas para desespero deles, sim, também sempre vai haver você Irmã Lurdes. E haverá nosso saudoso Dom Ivo. E haverá Francisco. E haverá minha Mãe Dulce. E haverá Frei Wilson. E haverá monja Cohen. E haverá pastora Romi. E haverá Marcos, Marias, Josés, Inácios, Manuelas, Fernandos... Haverá nós, resistindo, peleando, sempre com um sorriso no rosto e um sonho no peito.
Nossa utopia não tem preço nem tem medo. Não perde o rebolado, não dobra o joelho, nem pisa em falso. E tenho dito!
* Jornalista
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko