Santa Maria se prepara com alegria e júbilo para a 28º Feicoop: Uma experiência aprendente e ensinante, que será realizada de 15 a 17 de julho de 2022, agora presencialmente, pós pandemia da covid-19. A Feicoop iniciou em 1º de julho de 1994, ainda no século passado, na sua primeira edição com a presença de 27 empreendimentos solidários de 13 municípios e um público em torno de quatro mil pessoas.
O último evento de maior articulação foi em 2019, antes da pandemia, com um público recorde de representantes de mil e empreendimentos dos 27 estados brasileiros, três continentes, 563 municípios, representantes de muitas entidades e organizações, culturas e etnias e um público de aproximadamente 305 mil pessoas.
A Feicoop é um projeto que fortalece os movimentos sociais, empreendimentos solidários, cooperativas, associações, juventudes e as mais diversas formas de organizações, no campo e na cidade. A Feicoop, assim como a economia solidária, se fortalece pela mística e espiritualidade pautada no Evangelho, na proposta da autogestão e nos princípios da partilha e solidariedade. Inspira-se, também, nos projetos que o Papa Francisco projetou com os jovens do mundo através da Economia de Francisco e Clara para “Realmar as Economias do mundo”, e com proposta de trabalhar os “três Ts”. “Nenhuma Família sem casa, nenhum camponês sem terra e nenhum trabalhador sem direitos.” É neste contexto que cresce a economia solidária no mundo e as experiências de Santa Maria do Projeto Esperança/Cooesperanca, do Feirão Colonial e da Feicoop têm contribuído significativamente para este fortalecimento.
O professor Paul Singer, de feliz memória, que visitou a Feicoop por 11 vezes e contribuiu muito no Brasil para as políticas públicas de economia solidária, afirmava com convicção que poderíamos divulgar que a Feicoop é o maior evento de economia solidária da América Latina e do mundo, pois ele, que viajava muito, não conhecia experiência similar no planeta. O evento em si, a forma autogestionária de sua organização e o público prioritário que participa agiganta cada vez mais este projeto.
A metodologia da Feicoop está pautada na metodologia autogestionária do Fórum Social Mundial, que iniciou em Porto Alegre há 22 anos, e hoje gira nos países e continentes, afirmando desde o início que “um outro mundo é possível e uma outra economia já acontece”. A Feicoop é muito mais do que se vê e do que se vende, é uma escola processual de autogestão, partilha e solidariedade. E, também, uma forma de organizar e valorizar as diferentes formas do trabalho, no campo e na cidade, fortalecendo a perspectiva do bem viver para todas as pessoas.
A Feicoop tem um grande potencial de futuro e a cidade precisa cada vez mais abraçar, apoiar e contribuir com este projeto que coloca Santa Maria, cada vez mais, no cenário mundial da economia solidária. Em 2024, a Feicoop completará três décadas de história e, com certeza, merecerá uma atenção especial para realizar a quarta edição do Fórum Social de Economia Solidária, que teve sua primeira edição em 2010, após a feira cancelada devido à gripe suína; a segunda edição em 2013 e a terceira edição em 2018, por ocasião da sua edição jubilar de 25 anos.
Um outro importante aspecto é que a Feicoop, nos seus 28 anos de história, está colocada por leis nos calendários municipal, estadual e federal, nos calendários oficiais e turísticos dos três níveis, o que dá ainda visibilidade maior a este importante evento do cooperativismo e da economia solidária.
A Lei Municipal 7595 de 2011, de autoria da ex-vereadora Helen Cabral, a Lei Estadual 171 de 2012, de autoria do deputado estadual Valdeci Oliveira ,e a Lei Federal 10169 de 2018, de autoria do deputado federal Paulo Pimenta, que já foi aprovada pela Comissão e está em tramitação no Senado para sua aprovação final, que,com certeza, será viabilizada em breve.
A Feicoop faz parte do conjunto dos projetos do “legado de uma utopia chamada esperança”, inspirada na Feira da Primavera, com 46 anos de história, e o legado de Dom Ivo Lorscheiter, de saudosa memória, e com a atuação ininterrupta das Filhas do Amor Divino durante 35 anos na Arquidiocese de Santa Maria, além da colaboração de muitas entidades, organizações, equipes,voluntários e apoiadores e parceiros de longas datas. A Feicoop está sediada no território da Mãe Medianeira de Todas as Graças, no espaço importante e gigantesco do Parque da Medianeira, desde os seus primórdios, com importante e continuado apoio da Arquidiocese de Santa Maria e do Santuário Basílica Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças.
Ao longo dos 28 anos, a Feicoop foi construindo uma história interativa, autogestionária e transformadora. Há muitos mutirões e trabalho de voluntários. A parte da estrutura fixa depende de apoios, pois a Feicoop não tem fundo próprio e a cada ano busca os seus apoiadores e parceiros. Este ano tem apoio de emendas parlamentares de deputados federais, emendas impositivas de sete vereadores da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, recursos da prefeitura municipal, alguns patrocínios e uma contribuição dos grupos que expõem os seus produtos, como uma forma corresponsável de participar no evento. Somos muito gratos aos veículos de comunicação, através das rádios, jornais, televisão e redes sociais, que tornam este evento cada vez maior. Que Deus ilumine e recompense a todos pela sua colaboração generosa!
Elevo a Deus um Hino de Ação de Graças por esta história construída a muitas mãos. Tive a alegria de contribuir durante 27 anos e, este ano, na 28ª edição, não estarei presente. Mas desejo que tudo corra bem e possa seguir num futuro vigoroso e gigantesco, rumo as três décadas, em 2024.
Por fim, um agradecimento especial à equipe colegiada e equipes do Projeto Esperança/Cooesperanca da Arquidiocese de Santa Maria, prefeitura municipal, UFSM, IFFAR. Agradeço, também, todo apoio da Caritas Brasileira, Caritas RS, Emater, consumidores e todos os que se dispõem em contribuir para que a história da Feicoop cresça e se fortaleça cada vez mais. Dedico a todos o sábio e sempre importante provérbio africano: “Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra.”
* Irmã da Congregação das Filhas do Amor Divino, ex-coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança
** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira