Rio Grande do Sul

A FOME TEM PRESSA

Lideranças do combate à fome exigem políticas públicas da Prefeitura de Porto Alegre

Capital gaúcha tem cerca de 30 cozinhas comunitárias que fornecem 2 mil refeições semanais

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Plenário Ana Terra da Câmara Municipal lotado para discutir a insegurança alimentar - Divulgação - CONSEA

Cerca de 130 lideranças representando entidades envolvidas no combate a fome em Porto Alegre participaram, na segunda-feira (11), da 7ª Conferência Municipal de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, realizada no Plenário Ana Terra da Câmara de Vereadores.

Segundo a coordenadora da Ação da Cidadania do Rio Grande do Sul, Melissa Bargmann, dois pontos discutidos na reunião merecem ser destacados: “Uma política pública de emergência com recursos para auxiliar na condução das cozinhas comunitárias na capital gaúcha e a retomada do Programa de Aquisição de Alimentos, que já foi definida, mas ainda não saiu do papel”.

O encontro foi organizado pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Porto Alegre (Comsans), e teve a participação do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul (Consea/RS), da Ação da Cidadania, da Cáritas e do Fórum Fome Zero. Além disso, contou com uma comissão composta por representantes das secretarias municipais de Desenvolvimento Social (SMDS) e da Educação (Smed), da Emater/Ascar-RS, do Mesa Brasil – Sesc-RS, da Associação Gaúcha de Nutrição (Agan) e do Sindicato dos Nutricionistas no Estado do Rio Grande do Sul (Sinurgs).

Além das lideranças, participaram da 7ª Conferência Municipal de Soberania e Segurança Alimentar o secretário de Desenvolvimento Social, Léo Voigt, e as vereadoras Laura Sito (PT) e Reginete Bispo (PT).

De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, 125 milhões de brasileiros vivem em insegurança alimentar, sendo 59 milhões em condição leve, 31 milhões em moderada e 33 milhões em insegurança grave (situação de fome). Em comparação com o inquérito realizado em 2020, são 14 milhões de pessoas a mais em algum grau de insegurança alimentar, um crescimento de 7,2%.

Na capital gaúcha, já atuam neste combate cerca de 30 cozinhas comunitárias: 12 na Lomba do Pinheiro, 12 do Fórum Fome Zero e as outras nos bairros Restinga e Azenha. Estas ações, que existem desde o inicio da pandemia, fornecem cerca de 2 mil refeições semanais para as populações em situação de risco.

No Brasil, a prevalência de insegurança alimentar grave em relação à população total aumentou de 1,9% – 3,9 milhões – entre 2014 e 2016 para 7,3% – 15,4 milhões – entre 2019 e 2021. A prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave em relação à população total aumentou de 37,5 milhões de pessoas (18,3%) entre 2014 e 2016, para 61,3 milhões de pessoas (28,9%) entre 2019 e 2021.

VIII Conferência Estadual

Desde o início de junho estão acontecendo as Conferências Municipais, Regionais e Livres que são preparatórias para a etapa Estadual. A VIII Conferência Estadual acontecerá nos dias 27 e 28 de julho na Assembleia Legislativa do RS. A primeira etapa das conferências segue até o dia 14 de julho - podendo ser elas municipais, regionais, territoriais ou livres. 

Glossário

Insegurança alimentar aguda: insegurança alimentar encontrada em uma área especificada em um determinado momento e de uma gravidade que ameaça vidas ou meios de subsistência, ou ambos, independentemente das causas, contexto ou duração. Tem relevância em fornecer orientação estratégica para ações que se concentrem em objetivos de curto prazo para prevenir, mitigar ou diminuir a insegurança alimentar grave.

Fome: uma sensação desconfortável ou dolorosa causada pela energia insuficiente da dieta. Privação de comida. Neste relatório, o termo fome é sinônimo de má alimentação crônica e é medido pela prevalência de subalimentação (PoU).

Má nutrição: uma condição fisiológica anormal causada pela ingestão inadequada, desequilibrada ou excessiva de macronutrientes e/ou micronutrientes. A má nutrição inclui desnutrição, bem como sobrepeso e obesidade.

Insegurança alimentar moderada: um nível de gravidade da insegurança alimentar no qual as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e foram forçadas a reduzir, algumas vezes durante o ano, a qualidade e/ou quantidade de alimentos que consomem por falta de dinheiro ou outros recursos. Refere-se à falta de acesso consistente aos alimentos, o que diminui a qualidade da dieta e interrompe padrões alimentares normais. Medido com base na Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (Food Insecurity Experience Scale – FIES).

Insegurança alimentar grave: um nível de gravidade da insegurança alimentar no qual, em algum momento durante o ano, as pessoas ficaram sem comida, experimentaram fome e, no extremo, ficaram sem comida por um dia ou mais. Medido com base na Escala de Experiência de Insegurança Alimentar.

Subalimentação: condição em que o consumo habitual de alimentos de um indivíduo é insuficiente para fornecer a quantidade de energia dietética necessária para manter uma vida normal, ativa e saudável. A prevalência de subalimentação é utilizada para medir a fome (indicador ODS 2.1.1).


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Edição: Marcelo Ferreira