Um manifesto que pede a união dos partidos gaúchos do chamado campo democrático e popular para garantir a presença no segundo turno das eleições ao executivo gaúcho de alguém que defenda a democracia, a ciência, a cultura, a educação e a diversidade, e já conta com mais de 350 assinaturas, foi lançado nesta terça-feira (14), de forma virtual. A live, veiculada nos canais Rede Estação Democracia e parceiros, às 15h desta terça-feira (14), apresentou o manifesto e contou com a participação de alguns signatários, que argumentaram sobre a necessidade da unidade.
O documento foi elaborado por um grupo de acadêmicos e intelectuais, entre professores, ex-reitores, escritores, jornalistas, músicos, artistas, etc. O manifesto afirma que “o bom senso manda aprender com os erros”, em referência às últimas eleições estaduais e na Capital. A avaliação recorda que os partidos do campo democrático e popular se apresentaram divididos no primeiro turno, sem condições de eleger seus candidatos.
"Tudo indica que isto pode se repetir. A extrema-direita fundamentalista, adversária da ciência, da educação, da cultura e da diversidade, tem candidatos que podem chegar ao segundo turno. Corremos o sério risco de um segundo turno, mais uma vez, sem nenhum candidato do campo democrático e popular", diz trecho do documento.
Participaram da live os indivíduos que começaram a construção do manifesto: o cineasta Jorge Furtado, a cientista Márcia Barbosa, o ex-reitor da UFRGS Rui Oppermann, o professor e escritor Luís Augusto Fischer, a artista plástica Zorávia Bettiol e o cientista político Benedito Tadeu César.
Benedito, que integra o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, contou que a ideia inicial era reunir algumas pessoas do campo acadêmico, mas "o manifesto ganhou maiores proporções a partir de um movimento espontâneo e as 30 pessoas iniciais se transformaram em 386 assinaturas".
Jorge Furtado defendeu que é preciso superar pequenas divergências para se unir "em torno do que é essencial, que é a defesa da democracia, da ciência, da cultura, da educação e da diversidade". Ele pediu que os partidos do campo democrático e popular "se unam e pensem mais no bem comum de todos nós do que nos seus planos de poder, que são passageiros".
O professor Rui Oppermann lembrou que não é suficiente derrotar o Bolsonaro elegendo Lula presidente. "É preciso derrotar também o bolsonarismo, e este não se encontra apenas no Palácio do Planalto, está espalhado em todo o Brasil e aqui no RS não é diferente. Vivemos isso nos últimos quatro anos e agora o bolsonarismo se lança em velhas e novas candidaturas", disse.
Além dos signatários que participaram da live, entre os que já assinaram o manifesto estão o músico Nei Lisboa, o cineasta Otto Guerra, os escritores José Falero e Jeferson Tenório, a atriz Déborah Finochiaro, o agrônomo e professor Darci Campani, a educadora Esther Grossi, o ambientalista Franciso Milanez, o professor Giba Assis Brasil , o ex-reitor da Ufrgs Hélgio Trindade, a escritora e ex-vice-reitora da UFRGS Jane Tutikian, o vice-presidente Sul da Fenaj José Nunes, a ex-presidente do CPERS Maria Augusta Feldman e o presidente do Sindicato dos Economistas do Rio Grande do Sul, Mark Kuschik.
Manifesto pela união dos partidos do campo democrático popular no RS
Democracia, Ciência, Cultura, Educação e Diversidade
“Loucura é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”
(autor desconhecido)
Nas últimas eleições, no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, os partidos do campo democrático e popular – PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, PV, PCB – foram divididos para o primeiro turno. Com exceção de Porto Alegre, em 2020, não chegaram no segundo turno. Tudo indica que isto pode se repetir. A extrema-direita fundamentalista, adversária da ciência, da educação, da cultura e da diversidade, tem candidatos que podem chegar ao segundo turno. Corremos o sério risco de um segundo turno, mais uma vez, sem nenhum candidato do campo democrático e popular. O bom senso manda aprender com os erros.O presidente da República promete não cumprir decisões do STF e ameaça não reconhecer os resultados das eleições. O que mais é necessário para que todos entendam que a situação política é muito grave? É preciso se unir, superar divergências e colocar os interesses coletivos acima dos interesses pessoais e de cada partido em particular. Nós, gaúchos e gaúchas, que defendemos a democracia, queremos levar ao segundo turno um candidato ou uma candidata progressista, que evite que o estado seja governado por negacionistas, e que não seja cúmplice, por afinidade verdadeira ou simples omissão, do desastroso e desumano governo da extrema-direita no país. Que todos os partidos do campo democrático e popular se unam e garantam a presença, no segundo turno, de alguém que defenda a democracia, a ciência, a cultura, a educação e a diversidade.
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Edição: Marcelo Ferreira