Cerca de 100 pessoas se concentraram no final da tarde desta quarta-feira (9), em frente à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, para protestar contra os cortes no orçamento das universidades e institutos federais imposto pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
No final de maio, o governo chegou a anunciar um corte de 3,2 bilhões, o que representaria 14,5% do orçamento do Ministério da Educação (MEC) em 2022. Porém, dias depois houve um recuo, o governo diminui o valor do bloqueio e o corte no orçamento do MEC ficou em cerca de R$ 1,6 bilhão, ou 7,2% do orçamento do MEC para o ano. Na ocasião, o governo justificou o bloqueio da verba como sendo necessário para garantir que não se ultrapasse o limite definido no teto de gastos.
A medida foi imediatamente criticada por gestores e estudantes devido ao impacto que a perda de receita causará no funcionamento das instituições de ensino.
Coordenadora-geral licenciada do Sindicato dos Técnico-Administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS (ASSUFRGS), Tamyres Filgueira diz que o corte vai prejudicar as universidades e institutos federais desde aspectos básicos, como limpeza e manutenção, até setores mais sensíveis, como a assistência estudantil, que inclui moradia, restaurante universitário, entre outras políticas.
“Não basta entrar no curso, tem que oferecer condições de permanência. A universidade é feita de estudantes, sem eles não tem sentido de ser”, explica Tamyres, durante o ato na Capital.
Segundo ela, o momento deveria ser de mais investimento em educação, e não o contrário. E lembra que as universidades tiveram papel importante na pandemia, com pesquisas e programas de testagem.
“A gente vai se mobilizar para defender as instituições, a educação pública e gratuita. O ato é a resposta para o governo de que, se continuar com essa política, vai ter luta e resistência”, afirmou.
Por sua vez, Edson Garcia, vice-presidente do Cpers Sindicato, reafirmou a “parceria” da entidade com os estudantes para evitar o desmonte da educação pública. “Quando temos um ato como o realizado hoje, contra o corte de verbas imposto pelo governo Bolsonaro para os Institutos Federais, ou quando a gente faz a denúncia da cobrança de mensalidades na universidade pública, como tenta impor o governo federal de Bolsonaro, nós estamos juntos para evitar esse desmonte”, analisou.
Garcia disse que a educação pública “não é mercadoria”, e criticou a política de desinvestimento no setor. “É muito importante que nós estejamos juntos para que a gente possa derrotar essas políticas desastrosas que desinvestem aquilo que foi investido e aquilo que ainda é importante ser investido numa educação pública, laica, de qualidade, que tenha alunos e alunas de escolas públicas e não só de escolas privadas. Então esse ato hoje, esse dia de luta, é um dia de extrema importância para nós todos que defendemos a educação pública.”
Edição: Sul 21