Rio Grande do Sul

DESEMPREGO

Artigo | Reforma trabalhista não cumpriu promessas e precisa ser revogada

Objetivo da reforma sempre foi aumentar o lucro dos grandes empresários às custas da qualidade de vida dos trabalhadores

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"Cada vez mais os trabalhadores veem-se obrigados a aceitar empregos ruins para garantir o sustento de suas famílias"
"Cada vez mais os trabalhadores veem-se obrigados a aceitar empregos ruins para garantir o sustento de suas famílias" - Reprodução

No final deste ano, completam-se cinco anos desde a aprovação da reforma trabalhista de Michel Temer (MDB). Na época da apresentação do projeto, ainda em 2016, o novo governo recém havia sido empossado após o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT).

A reforma trabalhista chegou como parte de um “pacote de maldades” conduzido primeiro por Temer e, depois, por Jair Bolsonaro (PL). Cinco anos depois, a reforma não realizou o que o governo prometeu e, pelo contrário, a realidade deu razão aos alertas feitos à época por quem a combateu, piorando a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. Volta à tona, agora, a necessidade de lutar para revogar a reforma e devolver direitos à classe trabalhadora.

Temer, com o apoio da grande mídia, vendeu à população a reforma trabalhista como uma máquina geradora de empregos. Mas a mentira não durou: estudos mostram que a reforma não ajudou a gerar empregos. O que temos visto nos últimos anos é a estabilidade da taxa de desemprego nas alturas – temos girado em torno de 11 a 12%, o que significa 12 milhões de brasileiros desempregados –, com redução proporcional dos empregos com carteira assinada e aumento dos postos com menos direitos, além da explosão da informalidade.

Também crescem o trabalho por conta própria (com total insegurança do trabalhador, como o caso dos motoristas e entregadores de aplicativo), o desalento (quando o trabalhador desiste de procurar emprego) e a subocupação (pessoas que trabalham menos do que 40 horas semanais, gostariam de trabalhar mais horas e estão disponíveis para isso).

Por trás do discurso da geração de empregos, o objetivo da reforma trabalhista sempre foi aumentar o lucro dos grandes empresários às custas da qualidade de vida dos trabalhadores. Esse objetivo, sim, vem sendo cumprido, especialmente porque Bolsonaro deu sequência aos ataques de Temer contra os direitos da classe trabalhadora.

A renda média vem despencando no país, enquanto a inflação vai às alturas. Assim, cada vez mais os trabalhadores veem-se obrigados a aceitar empregos ruins para garantir o sustento de suas famílias.

É urgente a revogação da reforma trabalhista e das outras medidas de Temer e Bolsonaro que tornaram pior a vida da população. Isso só será possível com a organização e a luta coletiva dos trabalhadores. Para impedir essa virada, o governo e a grande mídia atacam movimentos sociais e sindicatos, justamente os espaços onde essa organização deve acontecer. O que os donos do poder temem é o que oferece esperança aos trabalhadores.

* Jornalista, cientista social e doutor em Comunicação e Informação

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Ayrton Centeno