Rio Grande do Sul

FUTURO ROUBADO

Editorial | A reforma que não é reforma

"Há muitas palavras perigosas que os engravatados empregam para ferrar quem vende sua força de trabalho"

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Quatro anos depois da eleição de Bolsonaro, trabalha-se cada vez mais para ganhar cada vez menos e sumiu o direito a uma vida melhor - Foto: Alexandre Garcia

Reforma é uma palavra com forte tom positivo. Quando a gente pensa em reforma, pensa que algo vai melhorar. Imaginamos que, se alguém conta que vai fazer uma reforma na casa, é para tornar a casa mais acolhedora e confortável, não é mesmo? Não é o caso da “reforma” trabalhista.

Fica assim entre aspas porque o sentido original foi traído pelo emprego que os governos Temer e Bolsonaro deram à palavra. O que esta dupla faz é usar um termo simpático como fachada para ocultar o furto de direitos dos trabalhadores.

A reforma não é reforma porque não tornou a vida melhor para a maioria. Ao contrário, facilitou o lado dos patrões. Detonou o salário e o emprego.

Há muitas palavras perigosas que os engravatados empregam para ferrar quem vende sua força de trabalho. Por exemplo, quando o assalariado ouve falar em “enxugamento” na empresa deve traduzir por “desemprego em massa”.

Já se a palavra for “desregulamentação” que se prepare para perder serviços públicos. Caso alguém lhe diga que passará a cumprir “trabalho intermitente” fique sabendo que vai virar biscateiro. E assim por diante.

Torturar as palavras para fazer com que digam coisa diferente do sentido que carregam é até bem antigo. O pessoal que, hoje, está no poder encarna a mesma turma que deu um golpe em 1964. E chamou o golpe de “Revolução Redentora de 31 de Março”.

O tempo comprovou que não era “revolução”, tampouco “redentora” e sequer aconteceu naquela data, mas no 1º de abril.

O truque não é novo, mas continuam usando-o para nos fazer de bobos. A não ser que a gente perceba a realidade atrás das palavras.

Edição: Ayrton Centeno