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Amanhã pode ser tarde

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"A realidade bate na cara quando se abre a porta, ou quando se fecha e a panela está vazia em cima do fogão sem gás" - Chokito/Divulgação
Nesse cenário desastroso nos deparamos com a triste realidade de que nem mesmo o sonho é permitido

Vivemos um desastre, a barbárie é o agora e não estou falando da guerra. No Brasil o número de trabalhadores desempregados aproxima-se da casa de 12 milhões de pessoas, segundo o IBGE. O levantamento mais recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) indica que, no total, 19,1 milhões de cidadãos passam fome no país. Outros 116,8 milhões estão com algum grau de insegurança alimentar — leve, moderado ou grave, ou seja, não têm acesso pleno a alimentos.

Uma conjunção de fatores leva a esse caos desenfreado que se tornou o cotidiano desses milhões de lares brasileiros, todavia, o definidor de tudo isso tem nome, é a política econômica adotada pelo governo Bolsonaro e levada a cabo pelo ministro da Economia Paulo Guedes. Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), considerando as 140 profissões mais representativas do país, que englobam 72% da população no mercado de trabalho, 90% dessas profissões registraram queda em seu poder de compra devido à inflação descontrolada do país que dentre nossos países vizinhos só perde para a Venezuela e a Argentina.

Conforme o levantamento, motoristas de ônibus e trabalhadores domésticos foram os mais prejudicados, com perda de 3,9% e de 16% no poder de compra, respectivamente. À medida que o salário não consegue mais acompanhar o aumento da inflação, o que resta para a maioria das famílias brasileiras é a incerteza. Incerteza de se vai poder pagar o aluguel ao final do mês, comprar comida, pagar a luz e a água, itens essenciais para o mínimo de vida com dignidade.

Isso sem nem entrar na seara do preço dos combustíveis que, sem subsídio é diretamente ligado ao da commodity, que é o petróleo. A gasolina e o diesel são derivados de petróleo, se o preço do petróleo sobe, o da gasolina e o do diesel também sobem. E o presidente joga com o povo brasileiro demitindo presidentes da Petrobras como se isso resolvesse o problema.

Nesse cenário desastroso em que as pessoas se enfrentam e/ou são obrigadas a se enfrentar, numa competição bem pior do que estávamos habituados, é que nos deparamos com a triste realidade de que nem mesmo o sonho nos é permitido. Construir o futuro já é algo muito distante, a realidade bate na cara quando se abre a porta, ou quando se fecha e a panela está vazia em cima do fogão sem gás. Resolver o agora é imprescindível, amanhã pode ser tarde.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Marcelo Ferreira