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Livro reúne análises de especialistas sobre as políticas sociais no Brasil

Organizadores da obra discutiram o cenário atual no programa Espaço Plural - Debates e Entrevistas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Organizadores participaram do programa Espaço Plural - Debates e Entrevistas desta quarta-feira (18) - Foto: Divulgação

Em pouco mais de três anos do governo Bolsonaro, muitos retrocessos aconteceram, além de uma “inovação” do ponto de vista do atentado contra o próprio Estado democrático. Essa é analise dos organizadores do livro "Políticas Sociais no Governo Bolsonaro – entre descasos, retrocessos e desmonte". Durante o programa Espaço Plural - Debates e Entrevistas, da Rede Estação Democracia, nesta quarta-feira (18), Clóvis Roberto Zimmermann, doutor em Sociologia, e Danilo Uzêda da Cruz, com pós-doutorado em Desigualdades Globais e Justiça Social, apresentaram o livro e discutiram o cenário atual.

O livro, disponível gratuitamente de forma online pelos sites das editoras (confira o link no final desta matéria), reúne artigos de especialistas das mais diversas áreas sociais, como saúde e educação. Para além da área acadêmica, os textos são acessíveis para um público mais amplo que deseje fazer a leitura. “Este conjunto de artigos tenta dar essa visão ampliada do que tem sido até aqui e também faz algumas projeções”, explicou Danilo. 

“A pandemia talvez seja simbólica do governo Bolsonaro - descaso, levando pela barriga, sem políticas, aos trancos e barrancos”, disse Clóvis sobre os retrocessos e atentados contra o Estado democrático, ao fazer um paralelo com todas as ações tomadas até agora relativas aos problemas sociais do país.

Durante o programa, Clóvis e Danilo destacaram a fragilização das instituições na tentativa de justificar os desmontes e o uso de figuras públicas, como os ministros de Estado, para dar voz, escala e método à falas polêmicas. Tudo isso, avaliaram, desorganizando a sociedade e retrocedendo as políticas sociais que já estavam minimamente organizadas. 

Eles classificam o atual governo como tendo um “presidente fraco com Congresso forte”, o que favorece o Congresso, que por sua vez, consegue impor suas agendas em troca de apoio ao presidente. Um exemplo disso seria o orçamento secreto distribuído à revelia aos parlamentares, do qual a população não faz ideia de onde vem e no que é usado.

Eles lembraram que Bolsonaro se elegeu falando mal do parlamento mas “com ele embaixo do braço”. Com o tempo, o presidente foi percebendo que o parlamento era muito mais forte do que o governo e aos poucos esse discurso de enfrentamento foi dando espaço para um alinhamento com o centrão, apontam os entrevistados. 

Liberalismo brasileiro é contraditório

O modelo do governo Bolsonaro é considerado por eles uma equação complexa, pois juntar liberalismo e conservadorismo “não dá muito certo”. Ao passo que um governo conservador usa recursos para fomentar “a família”, o liberalismo abre mão de utilizar recursos, ou, pelo menos, usa recursos a favor do mercado. “Um liberalismo mais moderno usa recursos do estado para fomentar o mercado. Aqui nem isso. Não fomenta mercado e nem cuida das famílias. É um oba, oba”, ressaltou Clóvis.

Além disso, eles lembraram que há ainda uma contradição entre o que é dito e defendido e o que é feito, como o discurso em prol da família tradicional por um presidente que não possui essa família, ou o anticorrupção num governo que promove processos corruptos. 

O programa Espaço Plural pode ser visto no na página do Facebook da Rede Estação Democracia ou pelo YouTube.

O livro "Políticas Sociais no Governo Bolsonaro – entre descasos, retrocessos e desmonte" pode ser acessado gratuitamente pelos sites das editoras Pinaúna ou da Clacso.


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Edição: Marcelo Ferreira