A mobilização das centrais sindicais, realizada nesta segunda-feira (9) forçou o governo do estado a receber uma comissão de dirigentes no Palácio Piratini para tratar do salário mínimo regional de 2022. O objetivo é garantir um reajuste, através de envio de projeto de lei para a Assembleia Legislativa no menor tempo possível.
Com data-base em 1º de fevereiro, as centrais reivindicam 15,58% de reajuste para repor as perdas com a inflação de 2021 e de 2019, que não foi paga, para cerca de 1,5 milhão de trabalhadores (as). É o contingente que recebe os menores salários do Rio Grande do Sul, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Após ouvir os dirigentes da CUT, CTB, Força Sindical, UGT, Intersindical e CSP-Conlutas, junto com a presidente do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda (Ceter), Maria Helena Oliveira, o chefe do gabinete da Casa Civil, Jonatan Brönstrup, prometeu agendar uma reunião.
O encontro com as centrais acontecerá após a votação do projeto de lei complementar (PLC) que trata do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em tramitação na Assembleia e que está na ordem do dia desta terça-feira (10).
Estado tem o menor piso regional do Sul
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, cobrou agilidade do representante do governo Eduardo Leite/Ranolfo Vieira Jr., ambos do PSDB. “Fizemos um apelo para que o governo envie projeto de lei de reposição das perdas dos trabalhadores, em regime de urgência, para agilizar a tramitação.”
“Quem recebe o mínimo regional está sofrendo as agruras da vida, pois a inflação não para de subir e, com ela, tudo está ficando mais caro, especialmente a cesta básica”, disse Cenci. Notou que “o piso regional contempla os setores mais empobrecidos e vulneráveis da sociedade gaúcha, os mesmos que são mais atingidos pelo processo inflacionário”.
“Não aceitamos repetir o que ocorreu em 2021, quando o reajuste foi aprovado em dezembro retroativo a outubro. Santa Catarina e Paraná já concederam reajustes em janeiro e hoje o Rio Grande do Sul tem o menor piso regional entre os três estados”, destacou Maria Helena.
A concentração começou às 10h, diante da sede da Federasul, no centro da capital gaúcha. A entidade patronal, junto com as demais federações empresariais, defende o congelamento do mínimo regional. Depois, foi realizado um ato de protesto contra a postura dos empresários e o descaso do governo tucano.
Por volta das 11h, segurando faixas, cartazes e bandeiras, os participantes saíram em caminhada até a frente ao Piratini.
Governo e empresários “querem distribuir miséria”
“O governo e os empresários querem distribuir miséria e estamos vendo que faltam respeito e políticas públicas de combate à desigualdade”, criticou Antônio Güntzel, também da CUT-RS. Reparou que “o preço da cesta básica aumentou. Os preços dos combustíveis e do gás de cozinha dispararam”.
“Estamos na luta pela valorização desse poderoso instrumento que distribui comida, esperança e a possibilidade de os mais pobres comprarem um litro de leite e botar arroz e feijão na mesa da família”, frisou.
Quem ganha o piso não investe na Bolsa
Para a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Schürer, “a política de não reajustar o mínimo regional desconhece que o trabalhador não usa o seu salário para investir fora do país ou para investir na Bolsa. Nós usamos o nosso salário para comprar alimentação, para comprar vestuário e para sobreviver”.
“Os empresários, ao aceitarem a nossa proposta de reajuste, estarão investindo nas suas empresas, porque elas venderão mais. Eu vi os empresários reclamando que não venderam tanto no Dia das Mães. Isso é resultado do arrocho que os próprios empresários estão impondo à classe trabalhadora do nosso estado”, avaliou.
Parcelando a comida no cartão
O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, afirmou que “aqui no Brasil nós temos a triste posição de ser o quarto país do mundo onde mais morreram trabalhadores da Saúde na pandemia”. E enfatizou: “Hoje ainda existem muitos trabalhadores que não chegam a receber R$ 1 mil de salário”.
“O mínimo regional é de extrema importância para nossa categoria. Ele é importante para a saúde do Rio Grande do Sul e para todas e todos que ainda dependem desse pequeno valor que os nossos empregadores não querem enxergar”, ressaltou Jesien.
O presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde (Feessers), Milton Kempfer, lembrou que “hoje até para comprar comida está se parcelando no cartão de crédito, porque o salário é insuficiente para todos sobreviverem, mesmo trabalhando”. E prosseguiu: “Eles (o empresariado e o governo) falam de desenvolvimento econômico, mas às custas da fome do trabalhador não gera desenvolvimento. O que gera desenvolvimento é o consumo e, para consumir, é preciso ter salário”.
* Com informações da CUT/RS
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Edição: Marcelo Ferreira