Rio Grande do Sul

Serviço Público

Servidores fazem ato unificado por reajuste de 10,06% e em defesa do IPE Saúde

Proposta do governo de reajuste salarial de 6% para o conjunto dos servidores pode ser votada na próxima terça-feira (3)

Sul 21 |
Centenas de servidores de diversos sindicatos participaram de marcha nesta terça-feira - Foto: Caco Argemi/Cpers

Servidores de diversas categorias do funcionalismo estadual participaram, nesta terça-feira (26), de um ato unificado para cobrar uma melhor proposta de reajuste salarial do governo do Rio Grande do Sul e em defesa do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos (IPE Saúde), que vive uma grave crise financeira.

Antes de deixar o governo, Eduardo Leite (PSDB) encaminhou em março uma proposta de reajuste salarial de 6%, concedido em parcelas, para o conjunto do funcionalismo. As categorias, contudo, criticam o índice, destacando que grande parte dos servidores estão há cerca de oito anos com salários congelados e que a proposta sequer cobriria a inflação acumulada nos últimos 12 meses. As categorias reivindicam uma reposição mínima de 10,06%, referente à inflação em 2021 medida pelo IPCA/IBGE.

O ato começou por volta das 9h, diante da sede do IPE Saúde, em Porto Alegre, para marcar o apoio das categorias ao instituto, que tem uma dívida superior a RS 1 bilhão com hospitais e clínicas. Posteriormente, os servidores partiram em marcha até o Palácio Piratini.


“O ato de hoje foi bastante significativo porque demonstrou a unidade de todos os segmentos do serviço público estadual, num sentido de repudiar essa proposta de 6% de revisão geral do governo, quando na verdade não cobre nem a inflação do período do governo Eduardo Leite. Um governo que se vangloria de ter tido superávit nos últimos anos, que passou esses últimos quatro anos sem conceder nenhum tipo de reajuste aos servidores e agora vem com essa proposta irrisória”, diz Fábio Castro, vice-presidente da Ugeirm, sindicato que representa agente da Polícia Civil.

Presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer destacou que o governo sinalizou a intenção de se reunir em separado com cada categoria, o que não é o interesse do sindicato. “Nós estamos aqui hoje demonstrando que temos unidade na defesa do IPE e na valorização dos servidores públicos”, disse.

Presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo (Sintergs), Antonio Augusto Medeiros afirmou, em seu discurso diante do Palácio Piratini, que o funcionalismo não irá permitir que governador Ranolfo Vieira Júnior, que assumiu o cargo com a renúncia de Leite, conclua o plano de seu antecessor de “acabar com a dignidade dos servidores públicos”. “Nós vamos transformar a nossa indignação, cada vez mais, em movimento e mobilização. Vamos à luta pelo que é de nosso direito”, afirmou.

Diretor Jurídico Sindicato dos Servidores da Justiça (Sindjus), Osvaldir Rodrigues alertou que o projeto do governo, prevendo o reajuste de 6%, passa a trancar a pauta da Assembleia Legislativa e pode ser votado a partir da próxima terça-feira (3). “É hora de força total, de lotar a praça e pressionar os deputados e deputadas para alterar esse índice vergonhoso proposto pelo governo”, disse, destacando que o sindicato vem cobrando do Tribunal de Justiça a instalação da mesa de negociações permanente para debater a recuperação das perdas salariais superiores a 53% nos oito anos de congelamento impostos à categoria.

Coordenador-geral do Sindjus, Fabiano Zalazar lembrou que a grave crise do IPE também é relacionada com o congelamento salarial dos servidores, uma vez que os repasses também são afetados pelas perdas ante a inflação. “A receita do IPE é diretamente impactada pelo congelamento salarial de quase oito anos do funcionalismo estadual”, disse.

Na mesma linha, Fábio Castro saudou o fato de o ato marcar a importância da necessidade de defesa do IPE como plano de saúde público. “O governo do Estado também atua de forma negligente. O próprio fato de alguns dos servidores estarem há mais de sete anos sem reajuste salarial faz com que a arrecadação do IPE esteja defasada. Importante lembrar também que o governo leiloou boa parte do patrimônio do IPE, só que não repassou o dinheiro para o instituto, que é um patrimônio dos servidores. A gente vai até os últimos dias lutando para que o índice seja revisto e não abrimos mão do IPE 100% público e de qualidade”, disse.

“São quase um milhão de usuários do IPE. Se hoje o SUS, em alguns lugares, já está oferecendo um atendimento deficitário, imaginem com mais esta demanda. Então, lutar pelo IPE é defender a saúde de toda a população gaúcha”, complementou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.

Edição: Sul 21