Sacada Cultural: um palco que, a partir de então, se comunicaria com o mundo
Voltamos? Agora sim, voltamos. Mesmo com os cuidados necessários, vamos nos reencontrando com a vida, com amigos, com trabalhos, voltando aos poucos a respirar. E respiraremos. Por nós e por aqueles (as) se se foram, pois a responsabilidade de quem fica é dobrada. A responsabilidade de fazer do mundo um lugar melhor e, resgatar o nosso Brasil das mãos que querem asfixiar nossos pulmões, despedaçar nossos corações e apagar nossas memórias.
Foi dentro de casa, no isolamento social em meio a tragédia pandêmica que nos surpreendeu, que senti mais forte a necessidade de respirar, de saudar o sol e cantar para a lua. Para um artista que ama ser artista e fazer arte, não existe hora nem lugar certo, pois todo lugar é lugar.
E foi assim que esse artista que vos fala teve a sacada de que sua sacada seria mais do que sacada, mas um palco. Um palco que, a partir de então, se comunicaria com o mundo. É, na verdade não havia feito esse planejamento todo, apenas liguei cabos, equipamentos, peguei meu violão, liguei o microfone e comecei a cantar. Para quem? A princípio para mim, para me alimentar, mas como a arte não tem fronteiras, aquilo passou a alimentar também meus vizinhos e minhas vizinhas que vibraram positivamente ora com palmas, ora fazendo um grande coro.
E, numa ação habitual e rotineira que faz parte do nosso cotidiano na modernidade, liguei o celular, abri minhas redes sociais e fiz uma "live". Uma transmissão que possibilitou pessoas que se encontravam também no isolamento, receberem um pouco daquela energia que pulsava de cada janela. Nesse exato momento foi que senti aquela frase que tanto falamos: Ninguém solta a mão de ninguém.
A partir de então, não era apenas eu, mas um todo que foi se juntando e se aglutinando numa grande ciranda de arte pela vida. Foi então que um trágico incêndio aconteceu em meio a tragédia. Na maior favela sobre palafitas da América Latina, o Dique da Vila Gilda, em Santos, famílias perderam casas e pertences em meio ao fogo e lá estava a arte. Agora por meio de um festival online que aconteceu, semanalmente, durante quase seis meses.
A Sacada Cultural mobilizou artistas de todo o país e muitos de outros países com o objetivo de auxiliar as famílias que perderam tudo. André Abujamra, Badi Assad, Tiê, Francisco El Hombre, João Suplicy, Thunderbird, Katya Teixeira, entre tantas e tantos artistas dividiram o palco "online" com a gente. Assim fizemos reverberar aos quatro cantos um movimento de esperança.
Tamanha foi a mobilização que ganhamos um programa na rádio que logo entraria em outras rádios e outras e mais outras. Rádio Brasil Atual São Paulo, Santos, RádioCom Pelotas-RS, etc. A Sacada Cultural se tornou um programa de rádio e passou a mobilizar muita gente. Então, filósofos, cineastas, atrizes, atores, escritores (as), cordelistas, muita gente passou a participar.
Chegamos, enfim, numa rede de comunicação que envolve diversas plataformas, mídias e comunicadores (as) que abraçaram o projeto e passaram a transmitir, divulgar e colaborar.
Hoje a Sacada Cultural com o apoio da Rede Brasil 2022, CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados), Dandô (Circuito de Música Dércio Marques) e Studio Stream, tornou-se um programa de TV sobre música, arte, cultura, onde cantamos, recitamos e proseamos para que o mundo possa assistir. Muitas mídias se tornaram parceiras nessa transmissão e, pouco mais de uma semana, o programa passou a ir ao ar semanalmente. Ao meu lado o engenheiro Allen Habert tece seus comentários e sua contribuição durante o programa e a carioca Ana Paula Romeiro (assessora de imprensa) reforça o time com sua força e energia. Eu sou Danilo Nunes, músico, idealizador e apresentador do programa e tocador de Sacada.
Acompanhe a Sacada Cultural todos os domingos, às 19h, na página no Facebook do Brasil de Fato RS.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira