O acampamento próximo à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que há poucas semanas abrigou a luta dos estudantes indígenas por residência universitária, continua de pé. Dessa vez, abriga cerca de 40 indígenas, entre adultos e crianças, sendo a maioria formada por mulheres. Eles estão no local para terem um abrigo enquanto vendem seus artesanatos no centro da Capital e vão permanecer até o final do feriado de Páscoa, quando voltam a aldeia Pinhalzinho, em Planalto (RS).
“Não é uma ocupação permanente, mas eles não estão tendo ajuda. Cortaram a água, que antes havia um encanamento, isso é um crime, a água é para todos. Pedimos apoio para termos um banheiro como havia para os universitários, um apoio para os indígenas”, destaca o líder indígena Antonio Tomais Pereira Fãrig, da etnia Kaingang.
Antônio destaca a conquista dos estudantes indígenas, que conseguiram a casa dos estudantes. “Para os órgãos governamentais garantirem o espaço para os indígenas tem que ser com muita briga, muita discussão. Ainda continua a discriminação com os povos indígenas”, afirma.
O líder enfatiza que a ocupação resgata a história de sua família. “Porto Alegre completou 250 anos, meus tataravós viviam acampados nessa região, o meu avo e meu pai tinham acampamento em Porto Alegre, quando iam visitar os parentes. Meus pai ajudou a descarregar sal no porto”, lembra ao comentar o descaso atual do poder público com a situação dos povos indígenas.
“A população indígena achou melhor ficar mais perto do centro para a venda do artesanato e acharam melhor ficar ali acampado até a páscoa, terminado o feriado eles voltam para a aldeia Pinhalzinho", explica.
A ocupação abriu o debate junto a diversas comunidades indígenas para que a capital gaúcha tenha uma casa de passagem para indígenas que vêm à cidade. O prédio é da Prefeitura de Porto Alegre e fica na entrada do Túnel da Conceição. Está abandonado há cinco anos e foi cedido para a UFRGS, mas no começo de fevereiro devolvido à Prefeitura.
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Edição: Marcelo Ferreira