O espaço expositivo V744 Atelier promove nesta quarta-feira (6), às 18h, uma conversa entre os artistas visuais Marcos Sari e Maria Paula Recena e a curadora e crítica de arte Gabriela Motta. A atividade, aberta ao público, vai propor reflexões teóricas sobre a exposição “Beabá”, em cartaz na Rua Visconde do Rio Branco, 744, em Porto Alegre, até o próximo dia 28 de abril, de quartas a sextas das 14h às 17h.
A exposição “Beabá” integra o projeto “Eu convido que convida”, proposto pela artista visual Vilma Sonáglio, idealizadora do V744 Atelier, espaço expositivo que tem como proposta ser um local para criar e expor arte contemporânea. A reunião dos trabalhos para a mostra é resultado das trocas e conversas entre os artistas ao longo de mais de duas décadas de produção. No caso da presente exposição, trabalhos independentes que dialogam entre si, criando um conjunto que se aproxima do conceito de uma pré-linguagem, numa abordagem poética a qual denominaram Beabá.
Segundo Gabriela Motta, “(...) Beabá parece espacializar um diálogo no qual a linguagem da arte encontra-se corporificada em manifestações que habitam diversas fronteiras: são trabalhos que podem ser entendidos enquanto objetos e/ou instalações, enquanto desenhos e/ou anotações, enquanto paisagens reais e/ou metafóricas. Reunindo obras recentes de Maria Paula Recena e Marcos Sari, artistas que desde meados dos anos 2000, convivem, trocam, discutem, expõem conjuntamente, Beabá configura-se como mais uma aproximação entre suas poéticas, novamente tensionadas por similaridades capazes de nublar suas dissonâncias (...)”.
A exposição
A montagem inicia-se pelo trabalho de Maria Paula Recena, que dá nome à exposição: Beabá. Este é composto por uma série de objetos pendentes em acrílico colorido com inscrições pouco legíveis. A sala é composta por desenhos da série “Escapes em terra” e “Rueda”, de Marcos Sari; um desenho da série “Paisagens sem espaço”, de Recena, e um trabalho em parceria chamado “Mesa conjunta”.
“Escapes em terra”, de Sari, são feitos a lápis de cor e canetas hidrocor. Nestes desenhos, o artista desconstrói a paisagem do Pampa em desenhos que têm interferências ou colagens feitas com a apropriação de partes de desenhos de Caetana, sua filha. Da mesma forma, “Rueda”, também de Sari, trata-se de uma colagem estranha de objetos sobre um disco de madeira. O desenho da série “Paisagens sem espaço”, de Recena, é um desenho de 10m, feito ao prensar/esmagar grafites sobre papel em rolo, em processo que a artista só vê o trabalho inteiro ao desenrolar o desenho, depois de pronto, em lugar acessível. A “Mesa conjunta” é um trabalho experimental desenvolvido por ambos os artistas.
Em área externa, um jogo de varetas em dimensões muito maiores do que as usuais, de Maria Paula Recena, poderá ser manipulado. Dentro da ideia de jogo com as palavras, suspenso no idioma híbrido da fronteira seca entre Brasil e Uruguay, uma “charla” chamada “Charles Cruces”, de Sari e de Mariana dos Santos, será disponibilizada para que os visitantes levem uma cópia deste texto-conversa-invenção para casa. Completa a mostra em sua área externa, uma produção de Marcos Sari, chamada de “4 elementos”, em que certas paisagens sonoras e balbucios são ouvidos na reprodução desta peça de arte sonora.
Sobre a convidada
Gabriela Gabriela Kremer Motta (Pelotas - RS, 1975) é curadora, crítica e pesquisadora em artes visuais. Atualmente, é professora voluntária junto ao PPGAV do Centro de Artes da UFPel. Desenvolveu pesquisa de Pós-Doutorado no PPGAV- UFPEL. Doutora em Teoria, Ensino e Aprendizagem da Arte, pela USP (2015), e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Entre os projetos de reconhecidas instituições nas quais atuou estão o Prêmio Marcantonio Vilaça CNI-SESI 2019 e 2014; Prêmio PIPA IP Capital Partners de Arte – 2019, 2017 e 2015 e Rumos Itaú Cultural, edições 2017/2018, 2011/2012 e 2008/2009; além de projetos com as instituições MAC – USP, MAC Niterói, Instituo Ling e Fundação Iberê Camargo.
Sobre os artistas
Maria Paula Recena (Porto Alegre/RS, 1964) é arquiteta, artista visual, mestre em Poéticas Visuais/PPGAV-UFRGS 2005 e doutora em Arquitetura/PROPAR-UFRGS 2013. Fez estágio Pós-Doutoral/PPGAV-UFRGS entre 2014 e 2017. Fez parte do Torreão entre 1998 e 2005, anos de intensa troca, compartilhamento de ateliês e formação. Foi mapeada no primeiro Rumos Itaú Cultural. Desenvolve seu trabalho com instalações e objetos, em paralelo à pesquisa com desenhos que envolvem, em seu processo, uma dimensão performática. Fez uma pausa entre 2007 e 2018, trabalhando apenas questões teóricas. Retoma o trabalho de ateliê em Residência Artística no LINHA.poa, em 2019. Foi selecionada, em 2020, nos Editais Itaú Arte como Respiro e Funarte Respirarte. Foi professora colaboradora do PPGAV-UFRGS de 2014 à 2016. Atualmente, é professora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da UFRGS, com pesquisas interdisciplinares em arte e arquitetura. Vive e trabalha em Porto Alegre / Brasil.
Marcos Sari (Porto Alegre/RS, 1972). Bacharel em Artes Visuais pela UFRGS (2003). Fez parte do Torreão (escola independente de arte contemporânea) em Porto Alegre onde participou ativamente dos cursos e ateliês abertos entre 1997 e 2009. Expõe seu trabalho em várias mídias destacando instalações artísticas, intervenções em paisagem e livros de artista, desde 2001. Foi bolsista da Fundação Iberê Camargo em 2010 e integrou a 8ª Bienal do Mercosul em 2011.Trabalha com arte-educação para diversos públicos. Coordena, desde 2003, o Projeto Meio juntamente com Daniele Marx produzindo publicações e ações entre Porto Alegre e Amsterdam. Atualmente, é professor do curso de Belas Artes na Universidade de La República Del Uruguay (UDELAR) em Rivera. Desde 2020 vem desenvolvendo a série de desenhos com colagens Escapes em terra, que partem de observação da paisagem, selecionado no FAC Digital RS. Atualmente, trabalha no coletivo 3:PAN, criado em 2021 para ações poéticas na região da fronteira entre Livramento (BR) e Rivera (UY) em tempos de pandemia. Vive e trabalha entre a fronteira Livramento (BR)/Rivera(UY) e Porto Alegre/Brasil
Sobre o V744 Atelier
Idealizado pela artista visual Vilma Sonaglio, o V744 Atelier é um local para criar e expor arte contemporânea. Abriga exposições de artistas convidados, mas também aceita propostas de criadores que estejam desenvolvendo sua pesquisa e produção em todas as linguagens, com relevância, na arte contemporânea. Inaugurado em 18 de setembro de 2021, com a exposição "ViCeVeRSa...pode não ser o que é", de Sonáglio, já sediou a exposição “Paisagem sem Volta”, de André Venzon e Igor Sperotto (19/12/21 a 25/02/22). Beabá é a terceira mostra do espaço expositivo.
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Edição: Marcelo Ferreira