Na manhã desta quarta-feira (16), o residente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira (PT), promoveu o primeiro encontro de Centrais Sindicais e dos trabalhadores com entidades empresariais para tratar da definição do próximo índice do piso salarial regional. Em dezembro do ano passado, depois de quase três anos sem reajuste, as cinco faixas salariais do piso regional foram reajustadas em 5,53%, recuperando a inflação de 2020. As centrais dos trabalhadores reivindicam reposição de 15,58% em 2022. Uma nova reunião ficou agendada para o próximo dia 30 de março.
Participaram dirigentes da CUT, CTB, Força Sindical, Intersindical, CSP-Conlutas e Pública, além da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais do Rio Grande do Sul (Fetar-RS). E também dirigentes da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) e Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Esteve ainda presente a presidente do Conselho Estadual de Trabalho, Emprego e Renda (Ceter-RS), Maria Helena Oliveira.
Na abertura do encontro Valdeci destacou que a Assembleia Legislativa tem o papel de dialogar todos os temas da sociedade e a ideia de reunião entre trabalhadores e empresários para discutir o piso regional tem a intenção de aproximar, cada um com seu ponto de vista, respeitando as opiniões.
Centrais sindicais saúdam o diálogo e defendem o reajuste
Em sua manifestação o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, ressaltou a importância do diálogo, em especial diante da perda de 15,58% do piso regional, uma vez que a cesta básica foi reajustada acima desse índice, independente da inflação que está em 1% ao mês. “Precisamos continuar conversando para equacionar essa perda”, afirmou o dirigente. Amarildo salientou o alcance do mínimo regional justamente nos setores de salários mais baixos, em torno de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas. Ele também defendeu a construção de uma política permanente de reajuste.
O presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, também elogiou a retomada do diálogo, destacou a abrangência do mínimo regional e alertou para o fato de que o RS amargou nos últimos dois anos o menor índice de reajuste (5,83%), se comparado com Santa Catarina (22,3%) e Paraná (23,7%). Ele pediu que a votação do piso regional deste ano seja realizada ainda no primeiro semestre.
Dirigente da Força Sindical, Cláudio Correa lembrou que vários setores empresariais vêm lucrando muito, como as indústrias metalúrgicas, calçadistas e de proteína animal, dentre outras. “Não consigo entender por que certos empresários negociam reajustes para os seus trabalhadores, inclusive dão aumentos reais de salários, mas são contra o piso regional”, afirmou.
Em sua intervenção, o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antonio Güntzel, alertou os empresários para a falta de comida na mesa de muitos trabalhadores e suas famílias neste tempo de pandemia. “A inflação está aí, as pessoas não conseguem comer mais, é disso que se trata”, alertou. Ele acrescentou que “salário mínimo não é gerador de desemprego”. O secretário defendeu o reajuste de 15,58% e propôs “estabelecer uma mesa de diálogo no Conselho de Trabalho, Emprego e Renda para definir os reajustes dos próximos anos”.
No dia 15 de fevereiro foi entregue ao governo do estado a reivindicação de 15,58% em 2022. O índice considera a reposição da inflação de 10,60% referente à variação do INPC de 2021 até janeiro deste ano e a recuperação de 4,50% correspondente ao INPC de 2019, que estava previsto no projeto de lei nº 35/2020 do governo, porém os deputados aliados do governador aprovaram reajuste zero em 2020 e Eduardo Leite sancionou.
“Uma mesa ampla é que vai construir o resultado que queremos”
Representante das entidades empresariais também cumprimentaram a iniciativa de abertura de diálogo. O vice-presidente da Fecomércio-RS, André Roncatto, cumprimentou e disse que “uma mesa ampla é que vai construir o resultado que queremos” porque “o diálogo terá impacto relevante na economia do estado. Não podemos tomar posição e ficar de cada lado, unidos construímos melhor”, apontou.
Por sua vez o vice-presidente da Federasul, Rafael Sittoni, observou fatores dos últimos dois anos que impactaram o Estado, como a pandemia e a quebra recorde da safra de grãos, além do fechamento de diversas empresas. Ele apresentou números de reajustes desde a criação do piso regional, em 2001, no governo Olívio Dutra (PT), comparando com Santa Catarina e Paraná, mas não comentou os valores atuais dos três estados. Também se manifestou o diretor da Fiergs, Guilherme Scozziero Neto.
Maria Helena, que é também secretária de Formação da CUT-RS, destacou “a importância do papel do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda, de composição tripartite, para fazer o debate do piso regional, como ocorre no Paraná”. Ela comparou os valores hoje praticados nos dois estados, mostrando que o Rio Grande do Sul paga os menores valores.
Também participou do encontro o deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), que relatou em 2021 o projeto de lei encaminhado pelo Executivo e presidiu a Subcomissão da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo, ao lado do deputado Zé Nunes (PT). O parlamentar reforçou o diálogo e defendeu a construção de uma política de longo prazo para o mínimo regional para valorizar o trabalho, a renda e o desenvolvimento do Estado.
*Com informações da CUT-RS e Assembleia Legislativa do RS
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Edição: Katia Marko