O restaurante Camélia Ododó, da nutricionista, ativista alimentar e apresentadora Bela Gil, foi palco na última quinta-feira (24) de um jantar entre militantes pela Comida de Verdade e o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores).
Agricultores, referências sociais, políticas, acadêmicas e culturais nas áreas de alimentação, nutrição e ecogastronomia participaram do coquetel, tendo como anfitriãs a própria Bela Gil, a chef de cozinha Bel Coelho e a comunidade Levante Slow Food Brasil.
Também participaram do encontro Regina Tchelly do projeto Favela Orgânica, Denise Cardoso, presidente da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), Lina Luz da Escola de Gastronomia Social do Ceará, Marcos José de Abreu (Marquito), ambientalista e vereador pelo PSOL em Florianópolis, e Juliano de Sá, presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) do Rio Grande do Sul.
Segundo a integrante da rede Slow Food Brasil, a nutricionista Bruna Crioula, o encontro visava declarar apoio nas ações de campanha para o ex-presidente, como também promover o diálogo e reforçar a importância de considerar as pautas de soberania e segurança alimentar e nutricional, combate à fome e fortalecimento da agricultura familiar agroecológica e/ou orgânica no seu plano de governo. "As participações demonstraram a diversidade de experiências locais brasileiras comprometidas com as lutas pela garantia do direito humano à alimentação adequada para a população brasileira", salientou.
Segundo ela, a defesa da Comida de Verdade, noção forjada tanto no âmbito da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Agroecologia e Alimentação Saudável e Adequada, é uma bandeira comum na mobilização social para promover mudanças radicais nos sistemas alimentares, assim como no enfrentamento à fome e à crise climática global. "Nesse sentido, a rede Slow Food Brasil tem uma trajetória de mais de 20 anos de atuação no território nacional, comprometida com estas pautas, tendo a gastronomia sustentável e a conexão campo-cidade como foco de trabalho em todas as regiões do país."
"A alimentação saudável tem que entrar na pauta"
Lula compartilhou histórias vividas em sua caminhada relacionadas aos sistemas alimentares brasileiros apresentando sua dedicação às lutas de combate à fome e garantia de acesso a alimentos para populações em situação de extrema vulnerabilidade social. Reforçou a necessidade de criar mecanismos de proteção para as políticas públicas ligadas à Segurança Alimentar e Nutricional e que esses temas sejam amplamente divulgados entre a população.
“O Brasil precisa entrar num novo tempo. É preciso popularizar. É preciso tirar o conceito de alimentação saudável/orgânica da boca dos especialistas para a boca do povo”, afirmou o ex-presidente. Para Lula, a alimentação saudável tem que entrar na pauta tanto quanto assuntos como emprego e educação, demonstrando o compromisso com as demandas compartilhadas durante a roda de conversa no Camélia.
A anfitriã Bela Gil afirmou que este encontro foi um passo em direção à democratização dos significados da alimentação saudável. Ela lembrou que a fome é um projeto político que retira das pessoas a possibilidade de autonomia para fazer escolhas alimentares adequadas. Também reforçou a necessidade de incluirmos a reforma agrária de maneira transversal nas políticas públicas agrárias, ambientais e de promoção à saúde. “Democratizar a alimentação significa democratizar a terra. O Brasil é um dos países com maiores índices de concentração de terra, resgatar a reforma agrária é fundamental”, afirma Bela.
Para Bruna, o evento foi um espaço fraterno de partilha de experiências múltiplas de pessoas que trazem nas suas trajetórias o empenho nas lutas por soberania e segurança alimentar e nutricional. No decorrer do encontro, a comunidade Levante Slow Food Brasil presenteou o presidente com um estandarte confeccionado pelo coletivo de mulheres Linhas de Sampa para o evento internacional da rede Slow Food Terra Madre, ocorrido em 2018 na Itália. Com a mensagem “Lula Livre” em inglês e italiano, o emblema era um ato de denúncia à prisão do presidente em Curitiba no mesmo ano. "Foi um momento que marca toda a emoção e entusiasmo com que o jantar aconteceu."
Acesse a carta de apoio elaborada pelos ativistas alimentares aqui.
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Edição: Katia Marko