Os Xokleng da retomada Konglui, em São Francisco de Paula (RS), estão passando por dificuldades alimentares e de saúde. Segundo o coordenador da Regional Sul do Conselho Indigenista Missionário (Cimi Sul), Roberto Liebgott, os indígenas estão há meses sem assistência dos órgãos públicos.
“As famílias subsistem com a pequena renda que conseguem através da venda de artesanato, ou pelas de doações de pessoas ou entidades solidárias, mas que também vem diminuindo sistematicamente”, afirma Roberto, em nota do Cimi Sul.
Quanto à saúde, diz que relatos dão conta de que a situação é grave e que as pessoas mais afetadas pelas doenças, especialmente respiratórias, são as crianças. “A cacique Collung reclama de que no município o atendimento é bastante precário e a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) não tem feito o acompanhamento das famílias, sequer visita a comunidade. Ela também informou que os adultos ainda não receberam a terceira dose da vacina contra a covid 19”, destaca Roberto.
"Através da fome e da doença querem matar nossa esperança, mas não vão conseguir, somos mais fortes do que eles imaginam", afirma a cacique Collung.
A comunidade pede também apoio para construção da escola, pois o ano letivo se inicia e as crianças ainda não têm onde estudar. Provisoriamente as crianças estudarão numa das casas construídas para abrigar as famílias, mas há necessidade de um espaço específico para o bom funcionamento da escola.
A cacique Collung requer assistência integral da Funai e que a Sesai visite a comunidade para o atendimento básico em saúde. Requer ainda que a demarcação da terra seja efetivamente realizada e que eles possam acessar a terra sagrada de seus antepassados.
Indígenas reivindicam proteção do território
Os indígenas que compõem a retomada Xokleng se encontram nas margens de uma rodovia sem acesso à terra ou a qualquer recurso ambiental que lhes possa ajudar na sustentabilidade.
Inicialmente, em dezembro de 2020, a retomada ocupou área na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, mas a justiça decidiu pela reintegração de posse, levando à retirada voluntária para evitar violência. A comunidade reivindica a Floresta, atendendo ao chamado de seus ancestrais para a proteção do território, ameaçado pela privatização e entrega à exploração econômica.
Em julho de 2021, o governo federal realizou o edital de concessão da Floresta Nacional. O consórcio vencedor reúne as empresas STE Engenharia e a Urbanes, que devem investir mais de R$ 72 milhões em um centro de visitantes, serviços de alimentação e outras implementações que serão realizadas no local. As empresas serão responsáveis por todos os serviços ligados à visitação.
* Com informações do Cimi Sul
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS
Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.
Edição: Marcelo Ferreira