O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil/2021 indica um aumento das agressões na comparação com o ano anterior no qual já houvera “uma verdadeira explosão das violações à liberdade de imprensa no Brasil”. Foram 430 agressões, duas a mais do que em 2020. Divulgado hoje (27) pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o levantamento indica que, sozinho, o presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 147 casos (34,19% do total reportado em 2021). Entre eles, 129 episódios de descredibilização da imprensa e 18 de agressões verbais a jornalistas.
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No lançamento do relatório, incluído na programação do Fórum Social das Resistências/2022, a presidente da FENAJ, Maria José Braga, reparou que a violência contra o jornalismo não atinge apenas os jornalistas, mas a circulação livre da informação, a formação da opinião pública e a democracia. “O que mais preocupa é a manutenção da violência contra jornalistas em nível muitíssimo elevado. É preciso ações do poder público e dos órgãos de comunicação e da sociedade”, sintetizou.
EBC lidera casos
No relatório, pela primeira vez o ítem “Censura”, com 140 casos, ultrapassou a rubrica “Descredibilização da Imprensa”. Como particularidade, nos casos de censura aos jornalistas, a maioria deles ocorreu dentro da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), a empresa pública subordinada ao governo federal.
O fato da EBC estar situada em Brasília fez com que o Distrito Federal concentrasse 53,54% dos episódios relatados. Também por causa da EBC, a região Centro-Oeste somou a maioria (56,90%) das violações.
No tópico “Descredibilização da Imprensa”, representando 30,46% dos ataques e somando 131 registros, mais da metade ocorreu através de Bolsonaro. Foram falas genéricas de crítica à mídia, aos veículos e à categoria em geral. “Usou expressões como ´imprensa de merda`, chamou jornalistas de ´idiotas``, citou a presidente da Fenaj. Por tipo de mídia, a violência mais frequente também ocorreu na EBC, vitimando em seguida as equipes de TVs – pela fácil identificação – e, mais distante, os profissionais dos jornais.
26 casos de agressão e um homicídio
As agressões verbais e ataques virtuais significaram 13,49% das agressões, notando-se o avanço deste tipo de violência através das redes sociais e suas diversas plataformas. Em se tratando das agressões físicas, foram 26 casos e um assassinato. Houve aumento também dos casos de violência contra a organização sindical dos trabalhadores e dos ataques cibernéticos. Na distribuição de incidentes por gênero, os homens foram as vítimas em 55,89% das ocasiões.
Quanto à identificação dos agressores, os políticos ocupam a liderança. Destaca-se novamente o presidente da República. Bolsonaro, com 147 ataques, é seguido pelos seus subordinados, os dirigentes da EBC, que aparecem com 142 agressões verbais. Políticos e assessores vem em seguida (40), acompanhados pelos manifestantes bolsonaristas (20). Também foram reportadas violência por parte de juízes, procuradores, policiais, dirigentes e torcedores de times de futebol, empresários e seguranças.
Maria José Braga observou que a violência dentro das redações, como o assédio moral, não foi incluída no rol. Explicou que, embora preocupe e interesse à FENAJ, é um tema das relações trabalhistas e não significa cerceamento à liberdade da informação.
Confira a live de lançamento:
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Edição: Katia Marko