A Eletrobrás, estatal de energia, é a principal empresa do ramo elétrico do país. Ela quem garante, de forma estratégica, que a energia elétrica chegue em cada rincão do Brasil. No último balanço financeiro, realizado com dados do terceiro trimestre do ano passado, registrou um lucro líquido de R$ 965 milhões, mesmo oferecendo o serviço mais barato para seus consumidores. Apesar disso, ela é um dos alvos principais do plano de privatização do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Desde o início do ano trabalhadores e trabalhadoras que atuam na holding (empresas em que a Eletrobras é a acionária principal) até as suas subsidiárias (Eletrobras Amazonas GT, Eletrobras CGT Eletrosul, Eletrobras Chesf, Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Eletronuclear e Eletrobras Furnas) têm denunciado veementemente o processo equivocado de sua privatização.
A campanha Salve a Energia, organizada por diversas organizações, afirma que “o governo acelera os processos e atropela todas as instâncias de fiscalização e controle para entregar a empresa o mais rápido possível ao mercado especulativo”. No ano passado o presidente da República, Jair Bolsonaro, foi autor da Medida Provisória 1031/21, aprovada no Congresso, que dispõe da desestatização da empresa. Uma afronta à soberania nacional do Brasil, uma vez que possibilita que empresas estrangeiras, inclusive estatais, abocanhem-na.
O presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, indicado por Bolsonaro, retirou o atendimento à saúde dos funcionários. Isto tudo no momento em que a covid voltou a atingir altos índices de contaminação. Todas estas medidas culminaram no anúncio de greve dos eletricitários e eletricitários. A paralisação iniciou no dia 17 de janeiro, com Furnas, CEPEL e Eletrobras e desde segunda-feira (24), o movimento foi seguido pelas demais empresas do grupo: CGT Eletrosul, Chesf e Eletronorte.
Para entender melhor a situação, entrevistamos Tiago Bitencourt Vergara, do Coletivo Nacional dos Eletricitários.
Abaixo a entrevista completa:
Brasil de Fato RS - Há um avanço rápido do processo de privatização da Eletrobras e também da precarização e desmonte de direitos dos trabalhadores do setor elétrico. Como os eletricitários têm se posicionado diante disto?
Tiago - Os trabalhadores e trabalhadoras do sistema Eletrobras que compreende desde a holding até as subsidiárias têm resistido desde 2016 ao processo de privatização com diversas ações no Parlamento, no Judiciário e também junto à população. Temos hoje a campanha Salve Energia que procura falar de forma direta com a população brasileira sobre a importância da Eletrobras pública para o nosso país.
Entendemos que é possível resistir à privatização da Eletrobras, da empresa, nesta reta final a partir das denúncias das irregularidades no processo tanto quanto junto ao TCU quanto ao sistema Judiciário. Também estamos denunciando junto aos parlamentares e a população sobre o equívoco e desmandos do processo de privatização da Eletrobras como aumento da conta de luz, precarização dos serviços e possibilidades reais de apagões.
BdFRS - A Eletrobras é um setor estratégico para nossa soberania nacional. Quais os principais pontos que a população deve entender para ter mais consciência de sua importância?
Tiago - A Eletrobras é extremamente estratégica para a soberania nacional. O povo deter o controle da geração e transmissão da sua energia elétrica é muito importante para o desenvolvimento da economia, pra geração de emprego e renda do país. Além do mais a Eletrobras pratica hoje a menor taxa de energia elétrica do mercado. Manter a Eletrobras pública é fundamental pra que a conta de luz seja a mais baixa possível. O processo de privatização da Eletrobras aumenta a conta de luz, precariza o serviço, e também faz que exista a possibilidade de apagões. Então é extremamente importante que a Eletrobras permaneça pública pro Brasil.
BdFRS - O que é possível fazer para ajudar nesta luta que é de todos e todas brasileiras?
Tiago - Pra ajudarmos pra manter a Eletrobras pública é necessário que as pessoas se conscientizem da sua importância, pra isso nós temos o site do Salve a Energia, onde todos e todas podem beber de informações úteis e fidedignas sobre a Eletrobras. É possível também participar dos tuitaços, entendendo as denúncias do processo de privatização da Eletrobras, falar com os parlamentares, falar com os vizinhos, falar com todo mundo para que mantenhamos a Eletrobras pública.
Confira também a Página no Facebook da Campanha Salve a Energia.
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Edição: Katia Marko