Depois de anunciar a exigência do cartão de vacinação para os servidores públicos da cidade comparecerem ao trabalho, na sexta-feira (20), o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), foi ameaçado de morte por um dos motoristas da Secretaria Municipal de Saúde. Eleitor de Jair Bolsonaro, provavelmente influenciado por fakenews espalhadas pelo WhatsApp, o servidor com as iniciais C.R.N. enviou um áudio para um grupo de WhatsApp do seu setor afirmando que não iria se vacinar e poderia até matar alguém.
“No meu corpo mando eu e não tomarei esta vacina que é um teste, como consta no contrato de compra, este ditador (o prefeito) quer me impedir de entrar no meu trabalho”, afirma o servidor no áudio apresentado como prova na sindicância. A fala, de um minuto e meio, está cheia de impropérios e termina com a afirmação “eu não vou tomar esta m...”.
São Leopoldo é uma das cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre que já está a uma semana com todos os leitos do Hospital Centenário comprometidos pela pandemia. Em entrevista ao Brasil de Fato, o prefeito Vanazzi disse que já recebeu várias ameaças deste tipo desde o ano passado, mas que o servidor em questão, com medo de perder o emprego, tomou a segunda dose da vacina na segunda-feira (24).
“Mesmo assim, mantivemos o Boletim de Ocorrência na Polícia e manteremos a sindicância interna para apurar responsabilidades. Este senhor é um dos motoristas da Secretaria da Saúde e transporta pessoas, podendo se transformar num veiculo de contágio”, explicou o prefeito.
Acesso a prédios públicos só para vacinados
Segundo o decreto municipal, desde segunda-feira (24) servidores e população em geral precisam apresentar o comprovante de vacinação para acessar os prédios públicos de São Leopoldo, especialmente o Centro Administrativo, o Serviço de Água e Esgoto (Semae) e o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Servidores de São Leopoldo (IAPS).
Além de registrada por Boletim de Ocorrência on-line na Polícia Civil, a ameaça está sob investigação da Secretaria de Administração do Município.
Conforme entende o governo de São Leopoldo, a vacinação é um ato coletivo para preservar a vida e a saúde da população, e uma questão de saúde pública. Ainda mais quando um servidor está a serviço da comunidade.
De acordo com a Secretaria de Administração, o servidor em questão já responde a um processo administrativo por se negar a apresentar uma cópia do cartão de vacinação, conforme determina o Decreto n.9927, de agosto de 2021. E ainda, reitera que as equipes já estão orientadas para a exigência da comprovação e instrução da população como forma de incentivar a vacinação e dar exemplo.
Variante Ômicron colapsou sistema de saúde
O prefeito Vanazzi explicou ainda que, nas últimas semanas, os casos de covid-19 aumentaram muito rapidamente e já está havendo a falta de testes para se controlar a epidemia. Por isso, segundo ele, medidas mais rigorosas devem ser tomadas, como a exigência do cartão de vacinação, a imunização de crianças e até mesmo a fiscalização das escolas particulares e lojas da cidade que são locais que recebem publico são obrigadas a exigir o documento.
Segundo informações da assessoria de comunicação do Hospital Centenário, na tarde desta segunda-feira (24), o índice de ocupação dos leitos clínicos do hospital chegou a 135%, ou seja, são 19 pacientes internados numa área com capacidade para 14 leitos. Mais seis leitos serão ativados, afirma a direção do Centenário.
“Precisamos proteger nossa população, é um dever de Estado, embora o governo federal e o estadual estejam expondo os brasileiros a esta doença” concluiu Vanazzi.
Fac-símile do Boletim de Ocorrência
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Edição: Marcelo Ferreira