Rio Grande do Sul

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Agricultores jogam leite na sede da RGE de Lajeado (RS) em protesto contra falta de energia

Segundo uma das manifestantes, os agricultores estão há mais de 30 horas sem luz em suas propriedades rurais

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Agricultores perdem alimentos e têm prejuízos na produção leiteira e de suínos - Foto: Reprodução / Youtube

Na manhã desta terça-feira (18), um grupo de cinco agricultores rurais da localidade de Linha Leopoldina, no interior de Colinas, protestou contra a falta de luz, em frente à sede da Rio Grande Energia (RGE), em Lajeado, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. Na ocasião eles jogaram um balde de leite azedo na porta da Central de Atendimento da companhia. 

De acordo com a manifestante Aline Lohmann, os agricultores estão há mais de 30 horas sem luz em suas propriedades rurais. “Estamos cansados. A cada uma, duas ou três semanas se repete esta situação. Não é questão de uma, duas ou três horas, sempre são dias que nós ficamos sem luz. Nós estamos aumentando a nossa propriedade, fazendo um investimento muito grande, então isso me motivou a vir aqui. Para defender o nosso dinheiro, a nossa renda de cada mês”, afirmou a agricultora, que destacou que cerca de 20 moradores de Linha Leopoldina estão sem energia elétrica. 

Conforme frisou Aline, além dos prejuízos na produção de leite e de suínos, os alimentos armazenados em casa também estão estragando. “Nós estamos gastando demais para ligar gerador e deixar o leite resfriado. O leiteiro precisa vir a cada ordenha. Os porcos precisam ser tratados. Tudo influencia muito. As coisas estão estragando na geladeira. Hoje de manhã joguei cinco litros de iogurte fora, que eu tinha comprado para durar um mês, além da carne estragando. A gente não aguenta mais”, desabafou.

Aline lembrou ainda que já havia procurado a concessionária em outros momentos, mas não havia obtido retorno. “O leite foi uma forma deles saberem que a gente está aí. Só vir conversar a gente já veio outra vez e não adiantou. Se acontecer de novo eu venho jogar mais”, avisou.

Outros clientes que estavam no interior do prédio, aguardando pelo atendimento, deixaram o local, demonstrando apoio ao protesto dos agricultores.

Fruto das privatizações

Para a secretária-geral adjunta da CUT-RS e diretora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do RS (Fetraf-RS), Cleonice Back, o que está acontecendo é fruto das privatizações que vem acontecendo no estado. “Toda vez que uma estatal é privatizada o serviço deles piora e as tarifas ficam mais caras. E um exemplo disso é a RGE”, afirmou. 

Conforme destacou Cleonice, que é também agricultura familiar em Tiradentes do Sul e suplente do senador Paulo Paim (PT), esses problemas são recorrentes em outras regiões e municípios. “Há quedas de postes, muitas vezes até por falta de investimentos da concessionária. Inclusive tem localidades no interior em que ainda existe postes de madeira e as instalações de redes de energia são precárias. E aí com vendavais e temporais acontece isso”, apontou.

De acordo com a dirigente, falta estrutura da RGE para agilizar o atendimento. “A concessionária não disponibiliza equipes suficientes para trocar esses postes e dar um jeito na falta de luz. Até retomar a energia elétrica a essas propriedades, os produtores perdem leite e o trato dos suínos. Nem todos os agricultores têm geradores de energia. Então, são coisas que acontecem frequentemente na área de abrangência da RGE”, afirmou.

O que diz a RGE

A RGE é oriunda da parte da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), privatizada no governo Antonio Britto (PMDB), em 1997. A empresa pertence ao grupo CPFL Energia, sob controle do grupo estatal chinês State Grid.

Segundo a RGE, a situação dos agricultores foi consultada junto aos sistemas, informando que a interrupção da energia aconteceu durante a tarde do último domingo (16), em razão da queda de um poste.

A equipe da concessionária esteve no local nesta segunda-feira (17). No entanto, não conseguiu concretizar a troca do mesmo, em razão de uma rocha existente no ponto em que estava sendo realizado o buraco. A previsão é que a energia seja restabelecida até o final da tarde desta terça-feira (18).

*As informações são da CUT-RS e a Rádio Independente  


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Edição: Marcelo Ferreira