O momento é de união para resgatar um país que ficou e ainda está refém de políticas genocidas
Estamos vivendo um momento fundamental e decisivo no mundo. O momento é saber se a covid, visita indesejável que a humanidade recebeu foi apenas uma visita ou veio pra ficar. Esse questionamento será respondido de acordo com medidas que serão cumpridas ou não por nós mesmos.
Todas e todos nós, no decorrer desses tempos pandêmicos, fomos direta ou indiretamente afetados (as) pela chegada do vírus e sua propagação em toda a sociedade. Sim, é necessário que os gestores, administradores e governos tomem medidas eficientes de combate a covid como também, torna-se cada vez mais necessário que a população tenha responsabilidade ao retornar aos seus ofícios, trabalhos e agendas.
No setor cultural, um dos mais afetados desde o início do isolamento social é visível que, aos poucos, as agendas vão retornando e os profissionais envolvidos no setor retornando aos seus postos de trabalho. Sim, isso é bom, mas também preocupante, pois essa decisão deve ser colocada em prática com cuidados e responsabilidades para que não corramos o risco de parar novamente. Mas, o que a gente vem presenciando, vai na contramão da cautela e prudência. De quem é a responsabilidade? A responsabilidade cai sobre as costas de todos (as) nós.
Durante a última semana, as redes sociais foram tomadas por mensagens críticas à cantora baiana Claudia Leite que, no sábado, 28 de novembro, realizou apresentação em um trio elétrico no Espaço das Américas em São Paulo. No vídeo que circulou nas redes, a gente pode ver um grande público se aglomerando, sem máscaras e, a cantora cumprindo seu papel de grande artista e comunicadora, conduzindo e sacolejando os espectadores da festa que dançavam e cantavam sem a utilização de máscaras de proteção. De quem é a responsabilidade? De todas e todos nós.
É claro que existem graus e proporções para identificar as responsabilidades e também é perceptível o quanto a pandemia afetou, economicamente, o setor, mas acima de tudo está a vida. Podemos e devemos voltar, recuperar nossa economia, movimentar o setor cultural, mas com responsabilidade e novos modelos de trabalho para que possamos preservar nossas vidas. A vida de um (a) depende da vida do outro (a), o cuidado ou (des) cuidado que temos, afeta diretamente na vida do (a) outro (a). É necessário sim o uso da máscara, a limitação de público, o distanciamento para nossa segurança, mas também se torna cada vez mais imprescindível que àqueles (as) que estão à frente de um evento, também entenda que nossas vidas estão acima do lucro e consumo desenfreado a que o sistema nos condiciona.
Bom, então vamos àqueles (as) que estão em posições de figuras públicas e/ou responsáveis pela criação de medidas preventivas para que a pandemia não retorne com força total, levando a óbito mais uma porção de mães, pais, filhos, avós, amigas e amigos, artistas e pessoas que têm sua importância na sociedade. Todo mundo é insubstituível para alguém. Então sim, a artista que estava comandando a festa em cima de um trio elétrico, torna-se responsável no mesmo grau e tamanho de sua imagem pública, assim como a organização do evento e as fiscalizações governamentais. Não acredito no apedrejamento de um (a) artista a ponto de transformá-la na grande vilã do momento, mas o que trago nesse breve pensamento são os graus de responsabilidades que cada setor e cada pessoa tem na vida social.
Não, não é apenas a Claudia Leite que cantou para uma multidão sem máscaras, mas tantos outros (as) artistas do show business vêm aderindo esse formato precoce, assim como os coordenadores de eventos. Não acredito que o momento seja de arrebentar com a imagem das pessoas, mas estarmos juntos (as) para entendermos nossos lugares de comunicação na sociedade e, podermos juntos (as) construir o novo mundo pautado nas novas condições e ferramentas que se apresentam.
O momento é de união para resgatar um país que ficou e ainda está refém de políticas genocidas destiladas pelo ódio de classe exacerbado daqueles que se apossaram do Brasil e, através da arrogância, ações autoritárias e tentativas de abuso de poder, vem gerando intensos desgastes sociais e tragédias irreparáveis.
Claudia Leite, assim como Gustavo Lima e tantas e tantos outros artistas que vêm se apresentando em grandes eventos que vão retornando, tem sim responsabilidades como comunicadores, mas nós também temos como seres humanos que somos e precisamos nos respeitar. Nesse momento o respeito é cada um cumprindo o seu papel: A população respeitando as limitações sociais desse momento, artistas, mídias e figuras públicas sendo agentes de combate e prevenção à nova onda da covid, os produtores de eventos culturais fazendo valer as regras e os governos estudando e praticando cada vez mais medidas que protejam o seu povo, só assim conseguiremos nos libertar da covid e desse senhor que fica cada vez mais difícil de chamar de presidente e de seu grupo que alimenta e apoia as insanidades praticadas por ele.
Juntos (as) seremos muito mais no combate ao vírus e aos vermes.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko