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Amado por quem? O desmonte da cultura em São Vicente e no Brasil

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Mario Frias, Michelle Bolsonaro fantasiada de palhaça e a ministra Damares - Reprodução
O alvo do ataque à cultura vem sendo a primeira vila do país: São Vicente, mas há resistência

Não é de hoje que as tentativas em desmontar as políticas públicas de cultura fazem parte da pauta de governos conservadores que se apoderam, ora por mentiras e fake news, ora golpeando nossas conquistas e democracia. O massacre das mais autênticas expressões e manifestações populares da cultura em nome das “pessoas de bem” e da família tradicional” completam o percurso e estratégia dos que tentam, a todo custo, fazer da máquina pública armas para atentar contra a população.

Um dos primeiros atos desse (des)governo bolsonarista, foi acabar com o Ministério da Cultura, descartando todos os avanços que as políticas públicas tiveram para atender não apenas os próprios artistas, como toda a população por meio da valorização das diversidades culturais presentes no país. Recentemente, o alvo vem sendo a primeira vila do país: São Vicente, município do litoral do estado de São Paulo.

No ano de 2020, o prefeito Kaio Amado (PODEMOS), rapaz novo, simpático, cheio de energia e uma intensa disposição para atender o município vicentino, apareceu se mostrando como opção para assumir o posto de grande gestor e administrador da cidade. Pois bem, Amado foi eleito com amplo apoio, inclusive do setor cultural, quando por meio de reuniões e falas de efeito, assumiu compromissos importantes. Mas, o que vimos foi um prefeito despreparado, sem escrúpulos e mentiroso, usando as mesmas práticas eleitoreiras e enganadoras que a população já conhece bem.  

Um jovem que em muitos discursos se mostrava progressista e realmente preocupado com a população, na primeira oportunidade passou a flertar com o fascismo bolsonarista e a imparcialidade de um juiz que se mostrou capaz de passar por cima de tudo em detrimento de sua ambição. Aquele mesmo jovem que trouxe e alimentou esperança em seus eleitores, hoje se mostra um menino mimado, despreparado, ignorante e sem nenhum estofo político e gestor para dirigir uma cidade como São Vicente.

As informações chegam do próprio Movimento Cultural de São Vicente que se mantém ativo e em protesto contra esse golpe covarde:

São Vicente, 1ª Vila do Brasil.

Às vésperas de completar 490 anos de sua fundação, a cidade sofreu um duro golpe da Gestão Municipal e do Legislativo, articulado pelo prefeito Kayo Amado (PODEMOS).

Em 11 de novembro, o chefe do Executivo encaminhou ao Legislativo municipal o Projeto de Lei Complementar que extingue a Secretaria de Cultura e cria a Secretaria da Cultura, do Esporte e da Cidadania, relegando assim a Cultura a uma coordenadoria ou departamento dentro da estrutura de governo municipal.

Nós trabalhadoras e trabalhadores da Cultura de São Vicente fomos golpeados duramente, em primeiro momento pelo governo federal, depois estadual e agora municipal.

Além de não admitirmos este retrocesso tão absurdo, estamos na luta para que a Secretaria de Cultura tenha seu protagonismo de sempre e continue como uma pasta única.

Nesse momento, após quase 2 anos de pandemia da covid-19, sem podermos exercer nossas atividades, nosso ofício, nosso trabalho, em que perdemos companheiros e muites estão com sequelas, onde através da solidariedade estamos sobrevivendo, precisamos mais do que nunca de um governo que entenda nossas demandas e que exerça a escuta para com os trabalhadores e seus territórios.

Em audiência com vários e representativos representantes dos trabalhadores da cultura, Conselho de Cultura da Cidade, Conselho do Patrimônio Histórico, o Prefeito Kayo Amado não aceitou nenhuma das defesas para manutenção da SECULT SV. Deixando muito bem observado que é uma prerrogativa dele e que ia sim manter sua postura de extinguir a SECULT SV e criar a Secretaria de Cultura, Esportes e Cidadania.

#FicaSecultSV

Vivemos um momento perigoso no Brasil e em toda a América Latina, onde o espírito fascista que assombrou o mundo por diversos momentos na história, reaparece para colocar nossa democracia sob ameaça, buscando fazer suas vítimas e reféns. O que eles querem? Um povo sem cultura. O que eles conseguirão? A resistência de um movimento que é vanguarda nas lutas por direitos e justiça social.

Eles acreditam que podem, seja com Renatas, Alvaros ou Moros, silenciar a Cultura, mas responderemos com a mais forte resistência e luta. Enquanto “Eles, Podemos”, nós faremos luta com a arma que temos: A Arte.

E para o prefeito café com leite, alertamos:

Amado, você nunca foi e nunca será! Você já era, você cairá no esquecimento e na vergonha da história junto com os bossais com que flerta.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko