A educação é o principal palco das transformações da sociedade. Sem ela não há avanço tecnológico, não há ciência, não há saúde, emprego e renda. Quando ela é pensada e estruturada a partir de uma visão do opressor, acaba pesando mais para as minorias sociais.
Uma educação que não é pensada a partir da lógica de superação das desigualdades sociais acaba reproduzindo opressões. Construir uma educação antirracista passa por debater problemas reais do nosso povo - a fome, a evasão escolar, o genocídio da juventude negra, etc.
A lei de cotas completa 10 anos em 2022, e com isso irá passar por uma revisão no congresso nacional que definirá o seu rumo. No marco do Novembro Negro, mês da luta antirracista, na terra de Oliveira Silveira e do Grupo Palmares, onde completamos 50 anos do dia 20 de Novembro enquanto Dia da Consciência Negra, é preciso defender as ações afirmativas enquanto ferramenta de popularização da universidade e de acesso a educação a uma parcela importante da população brasileira.
O racismo, por se estruturar economicamente e culturalmente, também chega nos estudantes negros. Chega em nós quando o governo Bolsonaro nos dá apenas duas opções: estudar ou trabalhar. E boa parte da juventude escolhe o trabalho precarizado, burla aplicativos de entrega ou até acaba no desespero das sinaleiras dos grandes centros urbanos.
No ano passado mais de 4 milhões de estudantes abandonaram as salas de aula. Isso é um símbolo da forma que o racismo se constrói no nosso país. Apesar de avanços, como a Lei 10.639/2003 que institui debates sobre história e cultura afro-brasileira nas salas de aula, o formato em que a educação acontece ainda reproduz padrões opressivos, o que faz com que nós tenhamos esse ano o ENEM mais branco da história e com o menor número de inscritos em 13 anos.
A educação antirracista é a garantia da justiça social dentro das salas de aula. Debater a opressão racial e pensar uma nova sociedade a partir da perspectiva da educação e sonhar com uma sociedade livre do racismo que extermina diariamente o povo preto. Por isso, nesse novembro negro ecoamos por todos os cantos: educação sem racismo!
*Airton Silva é e estudante de Saúde Coletiva da UFRGS e presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE Dr. Juca)
*Alejandro Guerrero é estudante do Curso Técnico em Meio Ambiente do IFRS e vice-presidente regional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira