Na próxima segunda-feira (15), às 19h, acontece o lançamento do Atlas da presença Quilombola em Porto Alegre/RS. Dividida em dois volumes, a obra é organizada por Cláudia Luísa Zeferino Pires e Lara Machado Bitencourt, com apoio do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (POSGEA/UFRGS). O lançamento pode ser acompanhando no canal do youtube do Atlas.
“Porto Alegre é a Capital mais segregada sob o ponto de vista étnico/racial do país, processo recrudescido em plena pandemia com mega projetos imobiliários que desconsideram a própria legislação vigente no que se refere às boas práticas de planejamento urbano, legislação ambiental e direitos humanos, originários, quilombolas e ambientais”, destacam as organizadoras.
A capital gaúcha tem 11 territórios quilombolas , sendo sete certificados pela Fundação Cultural Palmares e quatro auto declarados. Porto Alegre possui também o primeiro quilombo urbano titulado do país e gravado como Área Especial de Interesse Cultural, o Quilombo da Família Silva.
Além dos quilombos, a Capital abriga, pelo menos, 10 retomadas indígenas entre Kaingangs e Mbya Guarani.
Sobre o Atlas
No primeiro volume do Atlas da Presença Quilombola em Porto Alegre/RS é exposto a trajetória de trabalho desenvolvida pelo Núcleo de Estudos Geografia e Ambiente (NEGA/UFRGS) e movimentos sociais (Frente Quilombola do RS - IACOREQ - AKANNI), junto às nove comunidades quilombolas de Porto Alegre (RS). São destacadas as cartografias contracoloniais, construídas com e a partir de cada comunidade quilombola da cidade: Quilombo da Família Silva, Quilombo do Areal, Quilombo dos Alpes, Quilombo da Família Fidélix, Quilombo da Família dos Machado, Quilombo da Família Flores, Quilombo da Família Lemos, Quilombo da Família de Ouro e Quilombo da Mocambo.
“Chegamos ao final dessa obra com o início de mais dois autorreconhecimentos de comunidades quilombolas na cidade Porto Alegre: o Quilombo Santa Luzia, localizado no Jardim Cascata/Bairro Glória, e o Quilombo Kédi, localizado no bairro Três Figueiras, que certamente possibilitará a continuidade de novos mapeamentos”, apontam as organizadoras.
No segundo volume são abordadas as diferentes formas e possibilidades de compreender os quilombos e os seus movimentos, permeando questões teóricas e metodologias, que se inscrevem na resistência, na resiliência e na formação da construção de territórios quilombolas. Traz as chamadas epistemologias quilombolas, articulando uma constelação de pesquisadoras e de pesquisadores, que, ao longo de suas trajetórias profissionais e de suas atuações políticas, junto aos movimentos sociais, compartilham conhecimentos acumulados em suas experiências de pesquisa, de ensino e de extensão.
“Destacamos o profundo impacto social, causado por esta publicação, no que tange ao reconhecimento e à valorização das geografias quilombolas na transformação do espaço urbano brasileiro e porto-alegrense, reunidas e analisadas para nos provocar, pedagogicamente, acerca das relações da produção de conhecimento e da reprodução desses conteúdos, a partir e para além da Geografia”, afirmam as organizadoras.
Elas aspiram que o Atlas fortaleça as compreensões do projeto político de organização espacial quilombola, visando à efetivação de medidas de reparação histórica e geográfica a todos os povos secularmente segregados, ao longo da formação socioterritorial brasileira.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS
Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.
Edição: Marcelo Ferreira