Trabalhadores e trabalhadoras da educação pública de todo o Rio Grande do Sul voltaram às ruas de Porto Alegre, nesta terça-feira (9), para exigir valorização salarial, fim dos descontos nos contracheques e segurança sanitária nas escolas para o retorno das aulas presenciais. Além disso, reivindicam ao governo estadual ressarcimento dos gastos extras que educadores e educadoras tiveram com o trabalho remoto durante a pandemia.
O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS Sindicato) representa a categoria, que exige recomposição salarial de 47,82% para os servidores ativos, inativos e pensionistas vinculados à rede estadual. O sindicato destaca que a categoria está há sete anos sem aumento. O último reajuste ocorreu em novembro de 2014.
Defesa do Instituto de Educação
A manifestação iniciou em frente ao Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) para cobrar do governo a conclusão da obra e o respeito ao projeto decidido pela comunidade escolar. O IE, que está desativado por conta de uma reforma que iniciou em 2016 e está parada desde 2019, corre risco de não voltar a ser mais uma escola pública, já que o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou ter planos de transformar o local em um museu privado e um centro de desenvolvimento profissional.
Durante a abertura do ato, o 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, lembrou que o Instituto é referência na formação de professores. “Simbolicamente saímos daqui da frente para destacar a importância desta instituição e o descaso do governo, que não garante o retorno da comunidade escolar.”
A presidenta do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, também manifestou seu apoio à comunidade do IE e reforçou a urgência da valorização salarial. “O nosso salário está extremamente defasado. Queremos reposição já para toda a categoria: professores(as), funcionários(as) e aposentados(as). 90% dos piores salários do Rio Grande do Sul são de servidores de escolas. É desumano receberem R$ 620,00”, destacou.
Ressarcimento dos gastos durante a pandemia
Do local, os manifestantes saíram em marcha até o Palácio Piratini onde uniram-se aos representantes das centrais sindicais que reivindicavam o reajuste de 10,3% para o salário mínimo regional. Diante da casa do governo Leite, representantes da direção central do CPERS entregaram ao chefe de gabinete da Casa Civil, Jonatan Brönstrup, e a deputados uma proposta de Projeto de Lei (PL) pelo ressarcimento dos gastos extras que os educadores e educadoras tiveram com o trabalho remoto durante a pandemia.
Enquanto os diretores faziam a entrega, grupos de professores e funcionários visitavam os gabinetes dos deputados e deputadas para cobrar o compromisso com a proposição do Sindicato. “Vamos pedir que apoiem a nossa proposta e se comprometam a enviar para a votação na Assembleia Legislativa”, frisou Helenir.
No PL, o CPERS ressalta que o estado economizou com o trabalho remoto dos educadores. Conforme análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), considerando os gastos de luz, água e transporte, a redução para o Executivo foi de R$ 242 milhões.
Já as despesas ligadas ao trabalho remoto chegam a representar 35% do orçamento familiar, conforme análise do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento também aponta que trabalhar em casa pode provocar um salto nos gastos de 25% e que os preços de artigos para escritório, por exemplo, aumentaram até 20 vezes, em 2020, devido à pandemia.
Outra pesquisa corrobora com a reivindicação. Segundo levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro/RS) sobre as condições do trabalho remoto dos professores, a aquisição de computadores, smartphones e mobiliário teve o maior peso no desembolso dos docentes, em média R$ 3.143,02.
“Temos que ser contemplados na Lei Orçamentária Anual para receber o que temos direito. Queremos o ressarcimento pelos gastos que tivemos, pois retirou dinheiro do nosso salário, defasado há sete anos”, observou a secretária-geral do sindicato, Suzana Lauermann.
Sindicato quer audiência com governo
Ao fim do ato, o CPERS reivindicou uma audiência com a secretária Raquel Teixeira e com o governador Eduardo Leite sobre as pautas da educação: retorno obrigatório, sucateamento das escolas, novo ensino médio e valorização dos trabalhadores.
* Com informações do CPERS Sindicato
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Edição: Marcelo Ferreira