Rio Grande do Sul

Educação Pública

Educadores denunciam descaso do governo do estado com direitos da categoria 

Segundo CPERS Sindicato, os trabalhadores da educação no RS estão há sete anos com os salários congelados 

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Professores e funcionários de escola relatam dificuldades com a desvalorização da categoria - Foto: Caco Argemi

Educadoras e educadores gaúchos enfrentam uma das piores fases, se não a pior, da categoria. Já são sete anos de salários congelados, somando 47,82% de perda salarial, afirma o Centro dos Professores do Estado do RS (CPERS Sindicato). Segundo a entidade, professores e funcionários de escola da rede estadual do Rio Grande do Sul são constantemente atacados pela política neoliberal dos governos de Jair Bolsonaro (sem partido) e Eduardo Leite (PSDB).

“A educação pública passou a ser a grande inimiga destes governos que têm como meta o Estado mínimo, privatizações, vendas de patrimônio público e a destruição dos serviços públicos”, afirma a instituição, que ouviu depoimento de trabalhadoras e trabalhadores. Neles, há relatos do descaso do governo Leite com reposição salarial, confisco dos aposentados e precariedade do plano de assistência médica, o IPE Saúde. 

"Trabalhamos o dobro e ganhamos uma miséria"

Para a professora de português e literatura, do 24º núcleo do CPERS, de Pelotas, Maria Barbosa, o reajuste faz falta. “Com nosso salário defasado não compramos mais nada. Agora na pandemia trabalhamos o dobro e ganhamos uma miséria. Carne na mesa do professor é difícil, não existe mais. Estamos ficando doentes de tanto trabalhar e não sermos devidamente valorizados”, afirma. 

Assim como para a professora, o funcionário da escola Israel Silva do Nascimento do, 14º núcleo, de Novo Hamburgo, ressalta importância da reposição para a categoria. “Estamos há sete anos sem receber um centavo a mais. A reposição é muito importante para garantirmos alimentação e bem-estar para a nossa família. Nossa situação está cada vez mais difícil”, desabafa.

Também funcionária de escola, do 10º núcleo, de Santa Rosa, Maria Angélica Damigno reforça que os trabalhadores da educação merecem uma remuneração melhor para que possam ter uma vida digna. “Estamos cada vez mais desvalorizados e atacados pelo governo Leite. Estou sempre junto nas lutas do sindicato, pois só assim venceremos com união e força”, diz.

Confisco dos aposentados e precariedade do IPE Saúde 

“O aumento na contribuição do IPE é impossível neste momento. O atendimento do IPE não é ruim, mas muitas vezes temos um médico de confiança e do nada ele sai do IPE. Muitas vezes temos que viajar 80 km até Pelotas, para ter um atendimento melhor", conta a psicopedagoga aposentada, Elida Marlene Schroeder, do 6º núcleo, de Rio Grande. "Com o confisco da previdência eu perdi R$ 540 do meu salário. Isso faz muita falta para um aluguel, uma moradia melhor”, complementa.

Em dezembro de 2019, através da Lei Complementar 15.429/2019, aprovada na Assembleia Legislativa, Eduardo Leite (PSDB) instituiu novas alíquotas previdenciárias. Conforme aponta o CPERS, os aposentados e aposentadas passaram a contribuir novamente com a previdência. 

“Além dos educadores ativos e aposentados enfrentarem perdas salariais, ainda lutam para assegurar um atendimento de qualidade no IPE Saúde. O Instituto vem fechando várias agências pelo interior do estado, o descredenciamento de médicos é constante e faltam profissionais qualificados. Como se isso não fosse o suficiente, o governo Leite ensaia aumentar a contribuição do segurado principal de 3,1% para 3,6% ou taxar por dependentes”, pontua a instituição.

Conforme expõe a professora aposentada Jussara Domingues, do 39º núcleo, de Porto Alegre, com o desconto da previdência ela perdeu R$ 400 no seu orçamento. “Isso em 10 meses dá 4 mil reais, é muito dinheiro. Todo dia é um saque”, critica. 

“Nossa situação é muito difícil. O fechamento das agências do IPE pelo estado é lamentável", comenta Bernadete Seixas, professora aposentada há 15 anos, 24º núcleo, de Pelotas. "E ainda por cima querem aumentar nossa contribuição, sendo que estamos há sete anos com os salários congelados. Voltamos a contribuir com a previdência no ano retrasado, e esse dinheiro faz muita falta para nossos remédios, laser e até para a alimentação”, finaliza.


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Edição: Marcelo Ferreira