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Plebiscito Popular e comida no prato

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"O povo luta, os pobres se organizam, as trabalhadoras e os trabalhadores estão na rua, em resistência ativa, por democracia, soberania, participação social e popular, igualdade e justiça" - Foto: Jorge Leão
A transformação social, econômica, política, ambiental, cultural se dá de baixo para cima

Dia 16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação. O tema geral decidido pelo CONSEA/RS, Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional para esta data importante, ainda mais nos tempos em que estamos, é: (In)Segurança Alimentar e Nutricional no Contexto do Direito Humano à Alimentação (Informações no Facebook: Semana da Alimentação RS).

De 16 a 24 de outubro vai acontecer no Rio Grande do Sul o Plebiscito Popular sobre as Privatizações, organizado por movimentos sociais, partidos, movimento sindical, Pastorais  (informações no Facebook: Plebiscito popular RS).

O que um Plebiscito tem a ver com o Dia Mundial da Alimentação, e o que tem a ver com a Economia Solidária, celebrada na FEICOOP em Santa Maria há poucos dias, e tem a ver com a ocupação do MTST em Porto Alegre para organizar uma Cozinha Solidária?

Tudo tem a ver com tudo e nada pode ou deve ser separado de nada. Nestes tempos de cólera, sofrimento, mortes e dor por todos os poros, tudo dialoga com tudo como dizia e fazia Paulo Freire nas suas Pedagogia da-o Oprimida-o, Pedagogia da Indignação e Pedagogia da Esperança.

O tema da FEICOOP/2021 era “Construindo a sociedade do bem viver: por uma ética planetária”. Isto é, a denúncia, o anúncio, a profecia, o sonho e a utopia juntos, em tempos em que a intolerância, o ódio são muitas vezes predominantes e o ‘outro mundo possível’ dos Fóruns Sociais Mundiais parece tão distante. (Aliás, de 26 a 30 de janeiro de 2022 acontecerá em Porto Alegre mais um Fórum Social das Resistências.)

A Cozinha Solidária organizada pelo MTST na Avenida Azenha em Porto Alegre, e despejada sem dó nem piedade pela Senhora Justiça aliada dos poderosos, tem tudo a ver com os tempos de fome, mas também com a Economia Solidária, produzindo exemplos e gestos de solidariedade, necessários e fundamentais quando o Brasil volta ao Mapa da Fome.

Por que o Brasil voltou ao Mapa da Fome? Porque foram extintas todas as políticas de Segurança Alimentar e Nutricional e de Agroecologia e Produção Orgânica, junto com a extinção do CONSEA nacional e da CNAPO, Comissão Nacional da Agroecologia e Produção Orgânica. Sem Estado presente, democrático, dialogando com a sociedade organizada, sem políticas públicas com participação popular, volta a fome, com mais miséria, desemprego e desigualdade social.

Por que e para que privatizar a Petrobrás, a Eletrobrás, os Correios, em nível de Brasil? E BANRISUL, PROCEMPA e CORSAN em nível estadual? CARRIS e DMAE em Porto Alegre? Quem ganha é o capital. Quem perde é o povo. O Estado perde capacidade de intervir nas políticas sociais e econômicas. Aumenta a inflação com o reajuste da água, da gasolina, do transporte público, como está se vendo todos os dias. Não há mais participação popular, o povo fica mais pobre e sem direitos, é mais lucro para meia dúzia, mais concentração de renda, riqueza e poder.

O Plebiscito Popular de consulta à população é fundamental numa democracia. A participação de todas e todos, com organização de Comitês Populares em todo os espaços, dá vez e voz à população, coloca a soberania e a democracia no centro do debate popular.

Cozinhas Solidárias e Comitês Populares contra a Fome, Economia Solidária, Segurança alimentar e nutricional e Agroecologia e Produção orgânica, Plebiscitos Populares e um Estado democrático e popular caminham juntos, de mãos dadas. ‘Ninguém solta a mão de ninguém.’

Em outubro de 2021, tudo isso se encontrou e dialoga freireanamente. Por outro lado, os mesmos que acabam com as Cozinhas Solidárias, acabam com os CONSEAS, não querem uma Economia Solidária, destroem o Estado democrático e estão se lixando para a Comida no Prato.

O povo luta, os pobres se organizam, as trabalhadoras e os trabalhadores estão na rua, em resistência ativa, por democracia, soberania, participação social e popular, igualdade e justiça.

Comida no Prato, o povo se organiza e decide. Economia solidária é a resposta defendida pelo Papa Francisco, no cuidado com a Casa Comum. As empresas públicas são da sociedade para prestar bons serviços ao povo.

A transformação social, econômica, política, ambiental, cultural se dá de baixo para cima, como sempre na História, contra os poderosos de plantão, contra as elites, os fascistas e neofascistas. Há um longo caminho pela frente, sem dúvida. Mas o Dia Mundial da Alimentação é dia 16 de outubro. O Plebiscito Popular sobre as Privatizações será de 16 a 24 de outubro. Não há tempo a perder. É participar, e ESPERANÇAR.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko