Enquanto milhões de brasileiros batalham à cata do próximo e incerto almoço, o incrível Paulo Guedes joga parado. É aquele jogador que, enquanto os demais se esfalfam, ele boceja e caminha em campo. A cotação do dólar joga por ele. Como é de conhecimento geral da nação, o ministro da Economia enriquece enquanto o Brasil vai para o saco. Tudo por conta da moeda gringa que não para de subir.
Dono de US$ 9,55 milhões no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, ele enche seus cofres enquanto o país ruma ao abismo como produto da sua política econômica.
Ontem (6), com o dólar cotado a R$ 5,487, Guedes tinha o equivalente a R$ 52.400.850,00 no seu éden caribenho. Hoje (7), com o dólar em R$ 5,510, passou a ter R$ 52.620.500,00 na conversão para reais.
Em 24 horas, embolsou mais R$ 219.650,00. Quantia que significa praticamente 200 salários-mínimos (para ser preciso, 199,68 mínimos). Sem se mexer, com o dinheiro se mexendo por ele, Guedes ganhou em um só dia o mesmo que duas centenas de trabalhadores recebem ao final de um mês.
A cada hora, ingressaram na sua conta mais R$ 9.152,08. Na contagem do seu taxímetro, pingaram R$ 152,53 por minuto.
A chuva torrencial de dinheiro na horta do ministro da Economia e queridinho do patronato da mídia empresarial – não por acaso colegas de paraísos fiscais – é algo que não se verá no quintal dos mais desafortunados na soma de uma vida inteira.
Pior ainda: o Guedes ricaço e dono da offshore Dreadnoughts Internacional é o mesmo ministro Guedes que deixou o salário-mínimo sem reajuste real em 2021. E o mesmíssimo Guedes que quer repetir a dose em 2022.
Hoje, 30,2 milhões de brasileiros e brasileiras sobrevivem com até um salário-mínimo. Trata-se de um recorde. No universo das pessoas empregadas, 34,4% ganham até um mínimo mensal, maior percentual desde 2012, o que dá uma ideia pálida do esmagamento do mundo do trabalho sob o bolsonarismo.
Os R$ 219.650,00 de Guedes compram quase quatro mil quilos de picanha (mais precisamente 3.994 kg) ou três mil de filé mignon (2.929 kg). Obviamente o paladar ministerial está anos-luz distante da fila do osso da qual, dia após dia, mais se aproximam milhões de exilados de sua política econômica.
São cálculos assim que mostram que a fria matemática também pode ser uma ciência denunciadora e uma arma quente contra a injustiça.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko