Rio Grande do Sul

Contra a fome

Sob risco de despejo, Cozinha Solidária da Azenha mobiliza-se para reunião na Justiça Federal

Localizada a quatro quilômetros do centro de Porto Alegre, projeto corre o risco de ter sua função social interrompida 

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Militantes e apoiadores vão se reunir em frente ao prédio da Justiça Federal durante audiência nesta terça-feira (5) - Foto: Divulgação MTST RS

Desde o início do seu funcionamento, no dia 26 de agosto, a Cozinha Solidária da Azenha já serviu mais de 900 marmitas, distribuídas entre pessoas em situação de rua, trabalhadores e desempregados. Localizado em uma zona central da capital gaúcha, o projeto coordenado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) corre o risco de ter sua função social interrompida. Isso porque o Executivo federal, a quem pertence o terreno abandonado há duas décadas, requereu a posse do mesmo, cortando qualquer possibilidade de diálogo.

A Justiça Federal marcou uma audiência para a tarde desta terça-feira (5), às 14h30. Militantes e apoiadores da Cozinha estarão mobilizados em frente ao prédio (rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 600), a partir das 13h30.

O espaço com pouco mais de uma semana tem recebido reconhecimento e apoio de movimentos sociais, parlamentares gaúchos e organizações representativas de categorias como a Associação Juízes para Democracia (AJD). Assim como também da população em geral, como ficou evidente no ato dia 2 de outubro, em que a cozinha se somou ao Fora Bolsonaro e foi reconhecida pelos manifestantes. 

O Brasil de Fato RS esteve no local nesta segunda-feira (4), justamente quando acontecia uma visita da Secretária da Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social, Regina Becker Fortunati. Neste dia, mais de 150 marmitas haviam sido distribuídas, totalizando mais de 900 distribuídas desde o início das atividades. 

Governo federal não quer diálogo

De acordo com o MTST, na noite desta segunda-feira (4), o movimento recebeu a notícia de que a 10ª Vara Federal de Porto Alegre tomou a decisão de cortar qualquer diálogo de negociação do espaço. “Querem que a audiência de hoje, seja apenas de negociação de saída. Passando por cima da decisão do Desembargador que nos concedeu o direito de manter a cozinha funcionando enquanto negociamos, que viu a necessidade de negociar a permanência da nossa Cozinha Solidária da Azenha e na Azenha independente de ser neste espaço atual ou em outro”, destaca. 

Em nota a entidade ressalta que a Justiça brasileira se coloca contra o povo, totalmente avessa às necessidades sociais. “Seus representantes, protegidos contra a pandemia e bem alimentados, decidem quem tem ou não o direito de comer. Sem a Cozinha Solidária da Azenha, num território que não conta com uma ampla rede de serviços e equipamentos sociais, muito menos com políticas públicas que possam minimizar a situação de barbárie, mais de 150 pessoas não terão o que comer. O MTST NÃO VAI RECUAR NO COMBATE À FOME. E, por isso, convocamos: apoiadores, militantes, voluntários e demais organizações políticas a se somar com a gente nessa luta. Quem tem fome. Tem pressa”, ressalta.

 

 

Posted by Rede Soberania on Tuesday, October 5, 2021

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Edição: Marcelo Ferreira