A Polícia Civil anunciou a conclusão do inquérito sobre a morte da jovem kaingang Daiane Griá Sales, por meio de uma coletiva de imprensa, na sede da 22ª Delegacia de Polícia Regional de Três Passos, nesta quarta-feira (15). Um homem foi indiciado como autor pelos crimes de homicídio qualificado (feminicídio), estupro de vulnerável e ocultação de cadáver. Como o processo está em segredo de justiça, seu nome não foi divulgado. Ele teve prisão preventiva decretada pelo Poder Judiciário da Comarca de Coronel Bicaco (RS) na terça-feira (14).
O corpo da jovem de 14 anos foi encontrado quatro dias após o seu desaparecimento, no dia 4 de agosto, em uma lavoura na localidade de Posse Ferraz, interior do município de Redentora, região Noroeste do estado. Daiane foi vista com vida pela última vez na madrugada de 1 de agosto, numa festa ao ar livre, na Vila São João, em Redentora, local próximo à comunidade indígena do Setor Missão, pertencente à Reserva Indígena do Guarita. O cadáver da vítima foi encontrado por um agricultor, sem vida, com a parte inferior do corpo dilacerada. De acordo com laudo da necropsia, a ação foi causada por animais ou aves de rapina, descartando origem em ação humana.
Ao longo das investigações, dois suspeitos tiveram prisão temporária decretada, um homem de 21 anos e outro de 33. Segundo comprovaram as investigações, o homem mais velho agiu sozinho, tendo oferecido carona à vítima ao final da festa, entre 2h e 3h da madrugada.
De acordo com o delegado Vilmar Alaídes Schaefer, há suficientes indícios de autoria e prova da materialidade. “Além da prova testemunhal, foram determinantes para a elucidação da autoria o confronto das versões do suspeito, recheadas de contradições, e, mais do que isso, a resultado dos exames periciais realizados pelo Instituto Geral de Perícias, sendo encontrados vestígios genéticos do investigado junto ao cadáver da vítima", afirmou.
O delegado informou que a causa da morte ainda depende de exames periciais complementares que estão em curso. "Posso dizer que em 31 anos de carreira policial, foi o pior (caso) até o momento. Foi uma extrema covardia”, ressaltou.
Para a jornalista, mestra em Ciência Política e integrante da Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe (RSMLAC), Télia Negrão, foi muito bom ouvir o promotor Miguel Germano Podanosche dizer com todas a letras que ficou caracterizado desprezo por condição de gênero, etnia e violações de direitos humanos gravíssimas que deixaram nítidas as circunstâncias qualificadoras do feminicídio. “E não estávamos erradas quando dissemos que foi um crime dos mais bárbaros. O delegado afirmou que nos seus 31 anos de serviço foi a pior experiência vivida”, destacou.
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Edição: Marcelo Ferreira