Neste 7 de setembro, nada temos para comemorar, mas temos uma batalha para vencer. E venceremos
Entramos na semana em que se comemora a independência do Brasil por meio de feriado com desfiles cívicos, militares e/ou festas que se organizam em diversas partes do território nacional com o intuito de lembrar que, no dia 7 de setembro de 1822, um grito vindo de um português monarca, branco e colonizador da família real portuguesa nos libertou. Será?
Esse homem que se tornaria o primeiro imperador do “Brasil Independente” é lembrado até hoje como um dos protagonistas de nossa história que, em livros, documentos, textos e festas apenas reforçam suas características mais cruéis e excludentes, reafirmando a desigualdade social e marginalizando aqueles (as) considerados (as) bárbaros, selvagens e fora do padrão conservador que nos rege.
No Brasil contemporâneo, na modernidade ouvimos gritos de liberdade, mas vindos de mulheres, negros, comunidade LGBTQI+, trabalhadores e trabalhadoras urbanas, rurais, moradores (as) de áreas periféricas de risco, povos tradicionais, indígenas e tantas pessoas que estão na base de uma pirâmide social e que, não foram libertas pelo grito do Ipiranga.
Ainda ouvimos os gritos das revoltas, guerrilhas e revoluções que no decorrer de nossa história, ecoaram por diversas partes do Brasil lutando por liberdade e independência daqueles (as) que ainda estão acorrentados (as) pelo sistema que explora, massacra e aprisiona corpos que se manifestam na contramão das tradicionais famílias conservadoras e religiosas privilegiadas pelo conservadorismo e colocadas no topo das prioridades do Estado.
Luta de Classes! Essa é a questão. O despertar da consciência de classe e as referências de pessoas que tombaram seus corpos por nós, mas deixaram estampada na história através de sangue e suor o ideal revolucionário, são motores e combustíveis para quebrarmos as amarras e as correntes que não foram quebradas.
“Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não”, é uma das frases do cantor e compositor Belchior que desperta em nossa memória o compromisso que assumimos com as lutas sociais apenas por estarmos vivos (as). A primavera acontece todos os anos e essa primavera é o tempo que não consegue impedir as flores de nascerem e seguirem o seu próprio fluxo de vida. Todos os anos estamos e estaremos lá, nascendo, florindo, unindo e caindo para que outros (as) nasçam e sigam o mesmo curso natural da vida.
O mês de setembro também é o mês que nasceu o projeto Sacada Cultural e, por meio dele e no momento mais difícil de nossa vida social que vem sendo a pandemia da covid, floresceu e reverberou em todo mundo como um alto falante que levou o grito de indignação e luta de cada um (a) de nós. Um ano de Sacada Cultural nesse um ano e meio de isolamento social e ainda escutamos as vozes de todos (as) que por ela passaram e que nela passarão. Porque os corpos passam e ideias se eternizam.
Neste 7 de setembro, nada temos para comemorar, mas temos uma batalha para vencer. E venceremos. Sairemos às ruas e derrubaremos àqueles que tentam roubar nossa memória e destruir nossas irmãs e nossos irmãos. Àqueles que assassinaram grande parte da nossa população, dando acesso e espaço para o inimigo viral e invisível fizesse o estrago que fez em nosso povo e em nossos corações. Que as nossas despedidas forçadas não fiquem impunes.
Essa semana não iremos caminhar sozinhos (as) nas ruas, campos e praças do Brasil, mas estarão conosco os (as) que ficaram e os (as) que estão, porque as ideias não morrem e a saudade se transforma em luta que aquece nossa alma. Temos no sangue o sangue dos (as) melhores guerreiros (as) e libertadores (as) do povo, sendo assim temos agora uma missão a cumprir. Libertar o país do genocídio em massa encabeçado pelo presidente que tenta apagar nossa história. Companheiras e Companheiros, a hora é agora. Dá uma Sacada e vem pra luta. Hasta Siempre!
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko