Um sábado (28) especial foi a tônica do dia de atividades que colocou crianças e jovens assentados da Reforma Agrária dos municípios de Candiota e Hulha Negra (RS) em contato com indígenas guaranis instalados na Terra Indígena Passo da Mina, em Aceguá, cidade gaúcha que faz fronteira com o Uruguai.
A primeira ação foi protagonizada pelos integrantes do coletivo Juventude Popular da Campanha, que junto com a comunidade guarani plantaram mais de 120 mudas de árvores frutíferas e nativas. O plantio foi realizado na área conquistada pelos guaranis há menos de dois anos, que carece de frutas e cobertura florestal.
Além do plantio, os jovens participaram de atividade de formação com o coordenador da aldeia, Nilton de Oliveira, ouvindo e aprendendo sobre a história, a cultura e a luta pela sobrevivência do seu povo.
A atividade faz parte do projeto nacional do MST que vai plantar 100 milhões de árvores em todo o território nacional em 10 anos.
“Nós estamos todos os dias lutando, por água, por terra, por alimento saudável, por vida”, afirmou a jovem assentada Sara Cabrera. Segundo ela, além das árvores plantadas, a Juventude Popular da Campanha contribuiu ainda na implantação de um espaço para produção de hortaliças na localidade.
“No momento que estamos vivendo, contribuir com os povos originários é nosso papel enquanto geração, temos o compromisso de caminhar lado a lado com eles, resistindo na luta da retomada dos seus territórios”, afirmou a jovem. "Somos filhas e filhos desta terra e a mãe do Brasil é indígena", finalizou.
Sem-terrinhas e curumins brincam e aprendem juntos
Outro momento especial registrado no dia de atividades foi protagonizado pelos alunos da Escola Chico Mendes, localizada no assentamento Santa Elmira, em Hulha Negra. Os sem-terrinha – como são chamados os filhos e filhas de famílias assentadas da Reforma Agrária pelo MST – participaram de atividades educativas e solidárias junto aos curumins – crianças e jovens filhos das famílias guarani.
Assim como os sem-terrinha tiveram a oportunidade de assistir as crianças indígenas cantar em sua língua materna, puderam brincar juntos e presentear as crianças guaranis com material escolar. Também foi compartilhada uma técnica de plantar sementes após o uso de um lápis de escrever, deixando um legado simbólico do encontro.
Foram registrados momentos de muita emoção e aprendizado, livres de preconceitos e com forte carga humanizadora e solidária. “A integração com as famílias nativas guaranis e a interação com a natureza marcaram esse dia especial”, relatou a educadora Cenira Hahn. “A visita realizada por professores e alunos da Escola Chico Mendes com certeza ficará registrada na memória de todos do grupo”, concluiu.
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Edição: Marcelo Ferreira