Mais de 6 mil indígenas participaram de uma vigília na Praça dos Três Poderes em Brasília, em protesto contra a tese do marco temporal. São manifestantes que estão acampados na capital federal desde domingo, para acompanhar a votação do tema no Supremo Tribunal Federal (STF).
A tese defende que a demarcação de terras só deve ser feita se o povo que faz o pedido estivesse ocupando o território no dia 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição Federal.
Na tarde desta terça-feira, o grupo fez uma caminhada de mais de dois quilômetros entre o local do acampamento - na Praça da Cidadania, ao lado do Teatro Nacional - e a região onde ficam o Supremo e o Congresso Nacional. Milhares de pessoas lotaram todas as faixas do Eixo Monumental.
"TERRA PROTEGIDA"
— Apib Oficial (@ApibOficial) August 24, 2021
Mais de 6.000 indígenas e 173 povos estão descendo a esplanada dos ministérios nesse momento em direção ao STF para a realização de uma vigĺia contra o Marco Temporal. Eles e elas carregam placas de autodemarcação de seus territórios!
📸: Alass Derivas pic.twitter.com/SS3ARYhUxq
Em frente ao Congresso Nacional, os povos condenaram a agenda anti-indígena em curso no legislativo e no governo federal. Com faixas, cartazes e danças eles pediam proteção aos territórios e o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
O principal alvo é o Projeto de Lei 490, de 2007, que também determina o marco temporal e vai além, transfere para os parlamentares o poder de decisão sobre processos de demarcação. O texto já teve aval da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas ainda precisa ser votado em plenário.
Na sequência, seguiram para a frente do STF, onde ficaram até o período da noite. O tribunal deve colocar a tese do marco temporal em pauta nesta quarta-feira (25). Os grupos que estão acampados em Brasília vão acompanhar a votação.
O acampamento
A mobilização nacional "Luta pela Vida" reúne mais de 170 comunidades. Organizações de base e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) estão à frente do movimento, que ainda deve receber mais pessoas até esta quarta.
Além das caminhadas e vigílias, o grupo está se reunindo em plenárias, agendas políticas em órgãos do governo, e embaixadas e manifestações culturais. Nesse período, indígenas de todas as regiões do país ficarão acampados
Povos indígenas protestam contra o governo / Nayá Tawane©/ Brasil de Fato
No local do acampamento há uma equipe de saúde que orienta os manifestantes quanto aos protocolos de segurança em combate à propagação do coronavírus.
“As recomendações sanitárias começam desde o momento em que as delegações se mobilizam para sair de seus territórios. A Apib propõe a convocação de pessoas que já estejam com sua cobertura vacinal completa,” afirma Dinamam Tuxá, um dos coordenadores executivos da Apib.
Edição: Leandro Melito
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