Rio Grande do Sul

Participação Popular

Lançamento da Campanha do Plebiscito Popular sobre as Privatizações no RS acontece por todo RS

Foram realizados atos simbólicos na Capital e cidades do Interior; Saiba como participar e quando será a consulta

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Ato de lançamento do Plebiscito Popular contra as Privatizações no RS aconteceu nesta segunda (23), no centro da Capital - Foto: Jorge Lansarin

Foi realizado hoje (23) o lançamento da campanha do Plebiscito Popular sobre as Privatizações no RS, em Porto Alegre e em diversas cidades do estado. A Campanha contará com Comitês regionais e municipais, em cada uma das regiões e em diversas cidades.

A Rede Soberania e o Brasil de Fato RS participaram de uma cobertura colaborativa dos lançamentos. Compartilhamos a live logo abaixo:

Participou da cobertura a jornalista Eliane Silveira, que faz parte da coordenação do Comitê Estadual da Campanha, que lembrou que, além de estarmos ainda no inverno gaúcho, onde já tivemos temporal e até neve, também estamos "numa fria" colocada pelo nosso governador.

"Por isso, estamos propondo organizar a 'Primavera da Democracia', entre os dias 16 e 23 de outubro, com o Plebiscito Popular, que vai substituir o plebiscito que o governador não quis realizar. Se ele não quis ouvir o povo, azar o dele, o povo vai falar e manifestar sua opinião em outubro", afirmou Eliane. Ela faz referência à retirada da obrigatoriedade de consultar a população no caso de venda de empresas públicas.

A mobilização está sendo chamada de "Primavera da Democracia", pois os comitês regionais irão mobilizar a sociedade para a consulta pública que será realizada em outubro. Eliane informou que já existem comitês em todas as regiões do RS e que estes agora trabalham para a constituição dos comitês municipais e locais. Ela reforça também que não é necessário qualquer tipo de autorização para realizar reuniões e atividades.

Os interessados em participar e acompanhar ou criar os comitês locais, podem entrar em contato através da página do Facebook da Campanha do Plebiscito Popular (clique aqui para acessar). Já está disponível um manual para a constituição dos comitês, com orientações de atividades e formas de organização dos comitês.

A coordenação da campanha informa também que estão marcadas agendas todos os dias e programadas a constituição do Comitê da Região Metropolitana, do Delta do Jacuí, do Vale do Rio Pardo e da Região Norte. Além disso, todas às quartas, às 19h, acontece a reunião on line do Comitê Estadual.

Neste sábado (28), haverá a segunda oficina de formação do Plebiscito. Para participar, basta solicitar o link de transmissão através da página do Facebook "Plebiscito Popular RS". A formação será realizada com o economista Marcelo Manzano, com o tema "O Estado Necessário".

Ato na Capital teve a presença de lideranças sindicais e parlamentares

Em Porto Alegre, o ato de lançamento foi realizado a partir das 12h, na Esquina Democrática. Diversas lideranças parlamentares e sindicais, além de militantes de movimentos populares estiveram presentes, realizando falas e distribuindo panfletos.  

O ato foi coordenado pelo vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis. "Nós estamos chamando esse plebiscito de primavera da democracia porque ele vai acontecer de 16 a 23 de outubro. E é muito importante que a gente faça essa primavera porque nós sabemos que as elites do nosso estado e do nosso país não querem ouvir o povo", salientou. 

"A aprovação da PEC 280 rasgou a nossa Constituição Estadual e tirou do povo o direito de decidir através de plebiscito, que estava no Artigo 2º da Constituição, o destino das empresas públicas do nosso estado, em especial do Banrisul, da Corsan e da Procergs. Eles já tinham feito isso antes com a CEEE, a CRM e a Sulgás", denunciou Gimenis.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, afirmou que “essa campanha vai ser uma caminhada de muita conversa, pois esse plebiscito tem essa expressão, esse símbolo de disputa de uma opinião sobre como deve funcionar o estado. Mas, além da disputa do papel do estado, é uma ferramenta para desenvolver conexão e relação com a população, que está correndo atrás de um posto de trabalho, de renda, de um prato de comida”, afirmou

Para o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do RS (CTB RS), Guiomar Vidor, estamos vivendo um período onde o patrimônio público está sendo entregue praticamente a "preço de banana". Recorda também que o movimento sindical já viveu isso em outro momento da história, durante o governo Antônio Britto (na época no PMDB) e que a situação só piorou, ao invés de melhorar.

O presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, destacou a resistência dos trabalhadores da Corsan na luta contra a privatização da água e afirmou que “a aprovação da PEC280 acabou com o direito ao plebiscito para a população do RS e o movimento visa uma consulta popular, já que o governo do Estado não quer ouvir o povo”.

A representante do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do RS (Sindppd RS) Vera Guasso ressaltou a importância das empresas públicas, como é o caso do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do RS (Procergs). Afirmou que a Companhia de tecnologia da informação é uma empresa lucrativa e essencial para o estado. "Não podemos permitir, estão entregando patrimônio público, gaúcho e brasileiro. Vamos resistir no voto e na greve, se for preciso", afirmou Vera.

Já Neiva Lazzarotto, diretora do 39° Núcleo do CPERS, reforçou a importância de consultar a população. "Se questionarmos se o povo quer mais ou menos serviços públicos, certamente responderá que quer mais, pois trabalhamos e consumimos e pagamos impostos, enquanto os ricos não pagam", lembrou a dirigente sindical.

O deputado estadual Edegar Pretto (PT) também esteve presente e falou sobre o processo de privatização das empresas. "Países no mundo afora, que privatizaram empresas de setores importantes hoje estão voltando atrás, pois está comprovado que não dá certo, o serviço prestado é de péssima qualidade e os preços ficam mais altos", afirmou.

Para o deputado estadual Pepe Vargas (PT), “o povo precisa debater as privatizações. Vamos realizar um Plebiscito Popular para que a população do RS possa dizer o que pensa das privatizações. Eduardo Leite disse na campanha que não iria privatizar o Banrisul e o Corsan, mas ele mentiu. Agora é o povo que precisa decidir”.

Miguel Rossetto (PT) que foi candidato à vice-prefeito da Capital nas eleições de 2020 saudou a mobilização que ocorria simultaneamente em vários municípios pelo Interior. "Esse plebiscito abre uma possibilidade do povo gaúcho se posicionar e debater o futuro das nossas empresas e do patrimônio do povo gaúcho, tão importante numa retomada do crescimento. O Banrisul, a Corsan, a CEEE, a Procergs, são empresas que tiveram e terão um papel muito importante na retomada da economia, da geração de emprego e renda", colocou Rossetto. O petista considera ainda que a privatização da Corsan, neste momento, é inaceitável, visto que é uma empresa lucrativa e que tem capacidade de universalizar o saneamento em todo o estado.

A vereadora de Porto Alegre Daiana Santos (PCdoB) também esteve presente e se manifestou, comparando as privatizações das empresas públicas do estado com o processo de privatização da empresa pública de transporte urbano da Capital, a Carris. "Quem levanta esta pauta não quer dialogar com a realidade, por interesses dos mais escusos. A população precisa entender que os mesmos que hoje não querem dialogar com a população, são os que estarão nas comunidades nas próximas eleições para pedir seu o apoio", ressaltou a vereadora.

Ela ainda afirma que a privatização como está sendo proposta significa entregar nosso patrimônio de "mão beijada" e que o exemplo de venda da CEEE-D é um paralelo disso.

O ato contou ainda com a presença do vereador Jonas Reis (PT), a deputada estadual Sofia Cavedon (PT) e do ex-prefeito Raul Pont.

Diversas cidades do Interior realizaram atividades simultâneas de lançamento

Pelo Interior, diversas cidades onde já está constituído um Comitê local realizaram atividades de lançamento da campanha do Plebiscito. Em Três Passos, por exemplo, começou uma distribuição de panfletos em torno das 11h, na Praça da Matriz.


Em Três Passos (RS), as atividades do Comitê local aconteceram em paralelo com a mobilização na Capital / Foto: Cleonice Back

Em Caxias do Sul, na Serra, o lançamento se deu na Praça Dante Alighieri, onde trabalhadores de diversas entidades organizados no Comitê Municipal da cidade levaram uma faixa e distribuíram panfletos para dialogar com a população. Foi informado que a recepção da população foi muito boa, principalmente entre os jovens.


Em Caxias do Sul (RS) foram distribuídos panfletos para comunicar a população sobre a realização do Plebiscito Popular / Foto: Daniela Fagundes

Em Taquara, na Região Metropolitana, as atividades também começaram pela manhã, em frente à agência do Banrisul da cidade. Os trabalhadores bancários distribuíram panfletos na área que concentra as agências bancárias da cidade, dialogando com a população.


Em Taquara (RS), trabalhadores estiveram em frente à agência do Banrisul da cidade para dialogar com a população sobre o Plebiscito Popular / Foto: André Walbrohel

Em Pelotas, devido à forte chuva, os trabalhadores se reuniram na Casa do Trabalhador, local que sedia diversos sindicatos da cidade. Os que estiveram presentes acompanharam o lançamento na Capital e organizaram os próximos passos da mobilização. Também foram registradas atividades em Vacaria e Santana do Livramento.


Trabalhadores reunidos na Casa do Trabalhador, em Pelotas, para tratar da organização do Plebiscito Popular na cidade / Divulgação


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Edição: Katia Marko