A sociedade e o povo se unem, vão se unir cada vez mais na defesa da vida, da Casa Comum
Se alguém acha, em meados de agosto de 2021, complicado como todo mês de agosto, que os próximos tempos serão muito tranquilos, está muitíssimo enganado. Basta ver e ouvir declarações altamente preocupantes dos últimos dias.
Steve Bannon, um dos estrategistas principais de Donald Trump, ideólogo da extrema direita mundial, disse: “Jair Bolsonaro irá enfrentar o esquerdista mais perigoso do mundo, Lula. Um criminoso e comunista apoiado por toda a mídia aqui nos EUA, toda a mídia de esquerda. A eleição de 2022 é a mais importante de todos os tempos na América do Sul. Bolsonaro vai ganhar, a não ser que seja roubado pelas, adivinhem só, máquinas” (Brasil 247, 14.08.2021).
General Braga Netto, ministro da Defesa: “As Forças Armadas são protagonistas da história e sob autoridade suprema do presidente” (JB, 15.08.2021). “Na Câmara, Braga Netto nega que houve ditadura em 1964. Foi um regime forte” (Brasil 247, 17.08.2021). “Não considero que houve uma ditadura. Houve um regime forte e cometeram exceções dos dois lados, de Guerra Fria e tudo mais. Mas isso tem que ser analisado à luz da história. Não pegar uma coisa do passado e trazer para os dias de hoje.”
Disse Jair Bolsonaro: “Nas mãos das FFAA, a certeza da garantia da nossa liberdade, da nossa democracia e o apoio total às decisões do presidente para o bem da Nação” (12.08.2021).
“Gal. Heleno insiste em previsão constitucional para golpe militar” (Blog da Cidadania, 17.08.2021). “Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno, afirmou que a interferência das Forças Armadas no sistema democrático brasileiro atual pode ocorrer. O artigo 142 é bem claro, basta ler com imparcialidade. Se ele existe no texto constitucional, é sinal que pode ser usado.”
“Bolsonaro oferece circo porque não pode assegurar o pão” (Thiago Sá, Carta Maior, 17.08). “Apenas lideranças militares, liberais e evangélicas podem esperar algo dele. Para você, que não lidera nenhum destes grupos, Bolsonaro reserva aprovação de centenas de agrotóxicos, devastação ambiental, precarização dos serviços públicos e indexação dos preços dos combustíveis ao mercado internacional.”
Para Jânio de Freitas, mais que experiente e respeitado jornalista, “eleição presidencial de 2022 se encaminha para ser muito perigosa. Para dizer tudo, na conturbação que Bolsonaro estará apto a promover, para arruinar a eleição ou, diz a gíria, para tentar vencer na marra. Mas tudo sugere, a eleição presidencial de 2022 encaminha-se para ser muito perigosa. Em muitos sentidos, inclusive para a população”.
E não se deve esquecer que Eduardo Bolsonaro esteve nos EUA há poucos dias, e reuniu-se com Donald Trump e Steve Bannon, com tudo que isso significa na atual conjuntura e à luz das declarações e análises acima.
Por outro lado, e ao mesmo tempo, a voz lúcida e o sempre bem informado José Genoíno diz, em entrevista: “Não vai haver uma quartelada. O golpe já aconteceu em 2016, diz José Genoíno (Brasil de Fato, 16.08.2021). “O decisivo é 2021, não 2022. Nós temos que intensificar a plataforma de defesa dos interesses populares e das liberdades políticas e o fim desse governo e suas políticas. Nós não temos outra saída senão a radicalização, no sentido de ir à raiz. A sangria da crise é profunda e não adianta a gente chegar com band aid e esparadrapo.”
Ou seja, somando e diminuindo os últimos acontecimentos, há muito perigo à vista, e nada está decidido sobre o que vai acontecer no próximo período, ou até o final de 2021. De qualquer maneira, o central, o mais importante, o mais decisivo agora, agosto de 2021, como também diz José Genoíno, é mobilizar e ir para as ruas, com unidade. Impedir a reforma administrativa e outros projetos de perda de direitos, impedir as privatizações e as propostas lesa-pátria.
Para isso, tem o 7 de Setembro e o 27º Grito das Excluídas e dos Excluídos, com o sugestivo lema e tema central ‘VIDA EM PRIMEIRO LUGAR! NA LUTA POR PARTICIPAÇÃO POPULAR, SAÚDE, COMIDA, MORADIA, TRABALHO E RENDA. JÁ!'
O Grito, em 2021, vai estar misturado com todas as outras mobilizações por VACINA NO BRAÇO, COMIDA NO PRATO, FORA BOLSONARO JÁ. E no Rio Grande do Sul, com a preparação do Plebiscito Popular contra as Privatizações, que vai acontecer de 16 a 23 de outubro. E sem esquecer que dias 19 e 20 de setembro acontecerão as celebrações do centenário de Paulo Freire: denúncia, anúncio, profecia, sonho e utopia, como ele escreve na Pedagogia da Indignação. Em setembro, como ele queria, MARCHAR, MARCHAR, MARCHAR.
A sociedade e o povo se unem, vão se unir cada vez mais na defesa da vida, da Casa Comum, da democracia e da soberania. Só assim o perigo, ou os perigos, será afastado.
Sem ilusões. A história brasileira está cheia de golpes e ditaduras. PREPAREMO-NOS!
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko