Com o objetivo de dialogar sobre o apagamento da memória, a Galeria Ecarta promove, nesta quinta-feira (12), às 15h, o encontro de ex-presos políticos do período da ditadura militar no Brasil (1964/1985) com Manoela Cavalinho, uma das artistas da mostra Território Provisório, que está em cartaz na galeria. A exposição propõe o diálogo sobre o apagamento da memória coletiva de episódios autoritários.
Os convidados para o debate são Paulo de Tarso Carneiro, Nilce Azevedo, Maria Ignez Serpa, Diógenes de Oliveira, Elmar Bones, Flavio Koutzii, Laerte Méliga, Rafael Guimaraes, Raul Elwanguer, Raul Pont, Ubiratan de Souza e Flávio Tavares.
Na avaliação do coordenador da Galeria Ecarta, André Venzon, a exposição não trata apenas de um tema, mas de um trauma cuja tomada de conhecimento é um dever sociocultural histórico. “A atual percepção do conservadorismo estrutural indica que o Brasil ainda não fez as revisões da ditadura militar que devia ter feito, diferente de outros países da América do Sul. Território Provisório levanta essa bandeira do papel social e cidadão do artista para que, ao não esquecermos do passado, possamos errar menos no presente e viver a esperança de um futuro melhor e mais verdadeiro”, destaca o coordenador.
Para a diretora da Fundação Ecarta, a jornalista Valéria Ochôa, a arte é um dos instrumentos que podem levar à reflexão sobre a história, a memória e contribuir com a construção da democracia. “É fundamental denunciar o autoritarismo e a tentativa de tornar invisíveis fatos e episódios que impactaram fortemente a condução de um período muito recente e triste do país”.
Arte como elemento de reflexão
Manoela Cavalinho apresenta na mostra 64 intervenções urbanas em Porto Alegre em locais que serviram de espaço para tortura durante a ditadura militar. A mostra Território Provisório reúne também trabalhos dos artistas Jordi Tasso e Henrique Fagundes.
A artista aborda em seu trabalho a memória pessoal e suas intersecções com a memória social e histórica. Mestra em Psicologia Clínica, é mestranda em Artes Visuais do Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais da UFRGS com o tema "Não vê no meio da sala as relíquias do Brasil", estudo que trata do tema da mostra em cartaz na Galeria Ecarta.
“Há muito o que mostrar, conversar, estudar sobre esses 21 anos de opressão e autoritarismo. Receber e ouvir as vítimas desse período é, ao mesmo tempo, uma homenagem à sua resistência e uma escuta para registrar tantas narrativas ainda não conhecidas”, destaca Manoela.
O debate será presencial. De acordo com a instituição, o espaço da Fundação Ecarta, que abriga a exposição, está preparado para receber os convidados cumprindo os protocolos sanitários (distanciamento, uso de máscaras, ventilação e número limitado de pessoas no ambiente). As visitas presenciais às instalações dos três artistas podem ser feitas de terças a domingo, das 10h às 18h, até 22 de agosto.
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Edição: Marcelo Ferreira