Hora de defender Cuba e seu povo. Hora de sonhar e lutar por igualdade, justiça, paz e democracia
“The New York Times ha publicado este viernes una ‘Carta al Presidente Biden’ con el titulo ‘DEJA VIVIR A CUBA’ (Carta Maior, 23.07,2021). 400 ex-Chefes de Estado, como Lula, políticos e parlamentares, como Jandira Feghali, intelectuais, como Michel Löwy, artistas e músicos, como Chico Buarque, religiosos como Frei Betto, líderes e ativistas de todo mundo, como Leonardo Boff, pedem à Casa Branca que levante imediatamente as 243 medidas unilaterais do então presidente Donald Trump, que sufocam Cuba.
A crise cubana atual, com falta de alimentos e remédios, tem a ver com o bloqueio histórico por parte dos EUA desde os anos 1960 e com a pandemia que assola o mundo. Está mais do que na hora de exigir que os EUA assumam novo caminho nas suas relações com Cuba. Não há razão ou argumentos que justifiquem a manutenção da política de Guerra Fria que leva os EUA a tratar Cuba como inimigo e não como vizinho. E pôr fim ao bloqueio econômico e político injustificável de décadas, e assim garantindo a soberania do povo cubano sobre seu futuro, ao mesmo tempo garantindo livre acesso a alimentos e remédios como povo, país e nação soberana.
Cuba está, desde os anos 1960, na memória e no cuidado das e dos militantes que sonham com um mundo onde o lucro, o mercado livre absoluto, a desigualdade, a concentração de renda, a riqueza na mão de poucos não sejam e estejam no cotidiano da sociedade, tal como é no Brasil ao longo de séculos. Cuba está no sonho e utopia de construir o inédito viável de Paulo Freire e de um outro mundo possível, urgente e necessário, anunciado pelo Fórum Social Mundial desde o início dos anos 2000.
Frei Betto escreveu em CUBA RESISTE (Revista IHU, 14.07.2021): “Quantas fotos ou notícias foram ou são vistas sobre cubanos na miséria, mendigos espalhados nas calçadas, crianças abandonadas nas ruas, famílias debaixo de viadutos? Algo semelhante à cracolândia, às milícias, às longas filas de enfermos aguardando serem atendidos num hospital. Advirto os amigos: se você é rico no Brasil e for viver em Cuba, conhecerá o inferno. Se você é classe média, prepare-se para conhecer o purgatório. Se você, porém, é assalariado, pobre, sem-teto, sem-terra, prepare-se para conhecer o paraíso.”
É preciso denunciar a política dos EUA que, desde a Revolução Cubana, em 1959, vem tentando asfixiar uma pequena ilha a 100 km de sua costa, não permitindo que seu povo soberano siga seu próprio caminho, tentando asfixiar de todas as formas as escolhas do povo cubano e seus projetos de futuro.
Uma campanha internacional de apoio a Cuba, no campo material e no campo político, está a caminho. Reunião do CEAAL, Conselho Latino-Americano e Caribenho de Educação Popular, do qual Paulo Freire, cujo centenário será celebrado em 19 de setembro, foi o primeiro presidente, junto com muitas outras instituições e movimentos sociais latino-americanos e caribenhos, está organizando arrecadação de alimentos e remédios e articulando a defesa de Cuba e de seu povo. O bloqueio americano quer exatamente asfixiar Cuba e sua liberdade desde que a Revolução Cubana, Fidel e Che à frente, e na inspiração de José Martí, implantou um novo modelo de sociedade, com outros valores que não os capitalistas.
Grandes obras, lidas e celebradas, como A ILHA, de Fernando Morais, FIDEL E A RELIGIÃO, de Frei Betto, entre tantas outras, estão na memória e leitura de militantes que sonham com a transformação econômica, social, cultural e de valores, tão necessária hoje e sempre no mundo capitalista, no Brasil e em toda América Latina e Caribe.
‘Dejar vivir a Cuba’ significa reconhecer o legado da Revolução Cubana, significa reconhecer a autodeterminação dos povos e nações, significa que as experiências e opções de cada povo devem ser respeitadas. O poder econômico de um império, como o dos Estados Unidos da América, não pode asfixiar nenhum indivíduo em sua liberdade e nenhum povo em sua soberania. Hora de defender Cuba e seu povo. Hora de ajudar material e politicamente Cuba e seu povo. Hora de sonhar e lutar por igualdade, justiça, paz, democracia e soberania.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko