Uma manifestação em frente à empresa calçadista Beira-Rio, no bairro Canudos, Novo Hamburgo (RS), reuniu trabalhadores e líderes sindicais, nesta terça-feira (13), para chamar a atenção sobre a precariedade das relações de trabalho no setor calçadista. O ato repudiou o episódio ocorrido em outra fábrica de calçados, quando uma trabalhadora foi impedida de usar o banheiro e acabou urinando em sua própria roupa.
Jaqueline Erthal, diretora do Sindicato dos Sapateiros e Sapateiras de Novo Hamburgo, ressalta o absurdo que é uma empresa manter tal prática. “A trabalhadora da fábrica Zenglein solicitou, por três vezes, utilizar o banheiro, e por fim acabou urinando em sua roupa. Foi dispensada do trabalho e voltou a pé para casa, caminhando por cerca de meia hora, sendo motivo de constrangimento por onde passava. Nós do sindicato estamos dando suporte jurídico e oferecendo suporte psicológico para essa trabalhadora."
A sindicalista explica que o sindicato precisou realizar uma negociação com a direção da empresa para a utilização de livre acesso dos sanitários, e que agora a intenção é levar esse acordo para as demais fábricas. “Em pleno século 21, ainda temos que negociar o uso do banheiro. Isso é triste", finaliza Jaqueline, também trabalhadora do setor calçadista.
Eduarda Milena, estudante e participante do coletivo de Mulheres Elza Soares, participou do ato. "Vim aqui porque é um absurdo que as mulheres ainda passem por essas dificuldades. Não podemos permitir esse tipo de coisa, pois afeta diretamente a saúde física e psicológica de todas nós. Imagine você trabalhar com medo de se urinar?", questiona.
"As empresas precisam mudar a mentalidade”, afirma Robson Santos, trabalhador e morador de Novo Hamburgo. “Nós, LGBTQI+, também sofremos esse tipo de discriminação absurda em relação ao uso dos banheiros. É sério que em 2021 estamos precisando implorar para usarmos o banheiro?"
Enio Brizola, ex-sapateiro, vereador e membro da Comissão Estadual de Direitos Humanos, reitera que, “em plena revolução industrial 4.0, ter que discutir utilização dos banheiros é voltar ao tempo das trevas”. Para ele, é muito triste que a CUT e os trabalhadores tenham que se mobilizar por isso. “Deveríamos estar aqui discutindo participação de lucros para os trabalhadores”, exemplifica.
Segundo Jaqueline, a mobilização continuará em todas as fábricas do setor calçadista pelos próximos dias, já convocando também os trabalhadores para a Assembleia de Negociação, pois a data-base da categoria é em agosto. "É muito importante que os trabalhadores participem, opinando e falando, pois o momento atual exige que fiquemos cada vez mais unidos", finaliza.
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Edição: Marcelo Ferreira