Rio Grande do Sul

ORIENTAÇÃO SEXUAL

“Sou gay, não tenho nada a esconder”, diz Eduardo Leite ao assumir homossexualidade

Declaração do governador gaúcho foi dada ao apresentador Pedro Bial, em programa exibido na madrugada desta sexta (2)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Personalidades políticas se manifestaram sobre o anúncio de Leite - Itamar Aguiar / Palácio Piratini

A participação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), no programa de entrevistas de Pedro Bial, exibido na madrugada desta sexta-feira (2), na Rede Globo, foi além da pré-candidatura do gaúcho à Presidência da República. Falando acerca de sua orientação sexual, Leite assumiu pela primeira vez: “Eu sou Gay, não tenho nada a esconder”.

Embora o assunto nunca tenha sido tratado de modo público pelo governador, ele afirmou que não foge ao tema. “Eu sou gay, eu sou gay e sou um governador gay. Não sou um gay governador, tanto quanto Obama nos EUA não foi um negro presidente. Foi um presidente negro. E tenho orgulho disso. Não trouxe esse assunto, mas nunca neguei ser quem eu sou. Nunca criei um personagem”, afirmou.

Leite já foi alvo de ataques homofóbicos, especialmente durante as campanhas eleitorais em que concorreu à Prefeitura de Pelotas e ao governo do estado. A repercussão ao posicionamento iniciou antes mesmo da veiculação do programa. Falando à coluna da jornalista Rosane Oliveira (jornal Zero Hora), Leite explicou porque de tratar o assunto neste momento.

“Não tenho nada a esconder. Apenas achava que minha orientação sexual era uma questão privada, mas com a exposição nacional, a partir do momento em que assumi a pré-candidatura a presidente, entendi que era importante falar, até para calar as pessoas que fazem insinuações maldosas e piadas desrespeitosas. Vergonha eu teria se tivesse que explicar corrupção”, disse.

O ex-deputado federal Jean Wyllys manifestou-se via Twitter, mas manteve postura crítica frente o governador gaúcho e suas posições no campo político. “E qual é mesmo o problema de ser um ‘gay governador’? O reposicionamento político feito (assumir-se agora e só agora) em função da força do movimento LGBTQ é bacana; mas essa subsequente “limpeza” da identidade em nome do suposto mérito individual é um equívoco”, apontou.

Ao manifestar “sororidade crítica” ao governador gaúcho, Wyllys relembrou que na última eleição Leite apoiou o candidato racista e homofóbico Jair Bolsonaro. “Após o silêncio diante de todo horror vivido pela comunidade LGBTQ assumida nesse país, no mínimo devemos receber com alguma consciência crítica a saída do armário do governador.”

Liderança vinculada ao PT e historicamente envolvida com a pauta LGBTQIA+, a deputada federal Maria do Rosário ressaltou que o posicionamento de Leite deve ser respeitado e saudado por reforçar a luta contra o preconceito, até mesmo superando as divergências de orientação ideológicas neste momento.

“O governador Eduardo Leite decidiu afirmar sua identidade como gay. Contribui dessa forma para enfrentar discriminações e preconceitos. Eu o cumprimento e abraço. Posições políticas distintas não me impedem de reconhecer que seu gesto contribui para um Brasil sem #lgbtfobia”, manifestou a deputada nas redes sociais.


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Edição: Marcelo Ferreira